Crítica | Viúva Negra (Black Widow)

Nota
4

“Aquela ali tem fogo, qual o nome dela?
Natasha”

Após violar o tratado de Sokovia, Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) precisa passar despercebida e escapar das garras do Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Thaddeus Ross (William Hurt), que está determinado a aprisioná-la junto com os demais Vingadores que capturou.  Para isso, ela encontra seu velho contato, Rick Mason (O-T Fagbenle), que promete ajudá-la a conseguir os meios necessários para sumir do radar.

Enquanto tenta escapar para um novo esconderijo, Natasha tem seu caminho barrado pela terrível Treinadora, uma poderosa máquina de combate que copia todo o estilo de luta de seu oponente. Após uma batalha árdua com o novo inimigo, a Viúva consegue escapar com o misterioso soro que não sabia carregar, buscando assim sua irmã desaparecida que colocou tal artefato em sua posse.

Ao encontrá-la, Yelena (Florence Pugh) revela que a Sala Vermelha, uma antiga base da HYDRA onde ambas foram treinadas,  está ativa e que seu líder, General Dreykov (Ray Winstone), ainda está vivo e comandando suas viúvas com o agente químico que proporciona um controle  mental absurdo. Determinada a por um fim no que começou, Natasha se une a Yelena em busca de sua falsa família, mesmo que para isso ela precise enfrentar traumas do seu passado.

Após uma longa pausa, e inúmeras séries em seu processo, a Marvel finalmente dá seu pontapé inicial para a tão esperada quarta fase do universo cinematográfico do estúdio. Embora a presença das séries tenha suprido parte da ansiedade dos fãs, a atenção ainda estava voltada para o primeiro longa da nova fase, somado à importância e carisma da personagem título, o novo capítulo precisava suprir todas as expectativas. Ainda mais quando tal título foi implorado durante anos pelos fãs, que sonhávamos um filme solo da Viúva chegasse às telas, elucidando a personalidade cativante da personagem e dando o devido espaço para seu desenvolvimento.

Dirigido por Cate Shortland, Viúva Negra aproveita as lacunas deixadas pelo MCU para aprofundar sua personagem e trazer a tona parte de seu passado para o público. O longa tem como ideia fundamental construir uma última aventura para personagem, passando seu manto para a nova geração enquanto nos aproxima ainda mais de sua protagonista.

Infelizmente, a obra joga no seguro, esquecendo o cerne investigativo enquanto aposta nas conveniências de roteiro para firmar seu enredo. O longa aproveita a semelhança com outras obras para firmar o que já conhece, impedindo que a jornada ganhe uma assinatura própria que explore as ótimas ideias que são mostradas.

Os temas pesados e mais humanos são assim amenizados pela fórmula Marvel, não conseguindo traduzir o impacto e a sensibilidade necessária. Por vezes, o discurso funciona, mas aparenta ser mais algo didático do que pessoal para as personagens. O único peso real se encontra no terceiro ato, quando o confronto com o vilão é posto em tela, despertando todos os traumas que a protagonista carregou durante sua história.

Apesar de tudo, o longa possui ótimos acertos que redimem a falta de toque nos tópicos acima. As cenas de ação são empolgantes e conseguem ter sua própria personalidade, despertando os amados trejeitos que tanto aprendemos a amar, além de nunca deixar a trama emperrar. Mas, o coração do longa se encontra em outro lugar, que nos conquista desde o primeiro segundo: os laços entre seus personagens.

Todo arco familiar é sublime e cativante, trazendo interações reais que atravessam a tela e conquistam o público. Nessa leva, temos a ótima relação entre Natasha e Yelena, que servem como contraponto emocional que só irmãs reais parecem ter. Yelena traz uma rebeldia ácida repleta de alfinetadas precisas, que constrói ótimos momentos na trama. Florence consegue combinar seu estilo com o carisma natural de Scarlett, trazendo uma química palpável que conduz a narrativa.

Rachel Weisz e David Harbour são introduzidos em papéis menores, com arquétipos de espiões russos, que constituem a outra parte da família. A primeira entra na pele de Melina Vostokoff, uma cientista que se encontra mais ligada aos seus experimentos que qualquer coisa ao seu redor. Enquanto David encarna Alexei Shostakov, um super-soldado que encara a queda de sua nação e de seus ideais. David serve como alívio cômico recorrente, mas Rachel rouba as cenas nos momentos mais emocionais, trazendo uma dinâmica interessante para a trama.

Winstone constrói um vilão sem qualquer traço empático, que representa uma ameaça psicológica potente para a protagonista. Somado à força presente na Treinadora, que consiste em uma reinvenção constante nos estilos de batalha, os vilões possuem uma força destrutiva abrangente, mas que só funciona em momentos oportunos para o roteiro.

Chegando tarde e sem ter um grande peso nas mudanças do MCUViúva Negra soa inofensivo aos olhos do grande público. Mas, mesmo com seus empecilhos, o longa consegue nos entregar  um bom tributo à sua protagonista, nos deixando com uma vontade imensa de ter visto mais de sua persona… antes que fosse tarde demais.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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