Crítica | Viva a Vida!

Nota
2.5

“Era uma vez três irmãs, Raquel, Miriam e eu, Rava… Mas essa história não é sobre mim.”

Jessica é uma jovem dedicada, que trabalha em uma loja de antiguidades e vive em função de seu trabalho e pagar suas contas. Um dia, quando chega uma caixa de produtos ao trabalho, ela encontra um medalhão idêntico ao que foi deixado por sua mãe falecida, o que a leva até Gabriel, que entregou o medalhão junto com as coisas de sua avó recém-falecida, e acabam se juntando, agora que descobriram que podem ser primos, para viajar para Israel e encontrar as origens do medalhão, encontrando parentes perdidos, um amor e um lugar no mundo.

Com direção de Cris D’Amato e roteiro de Natália Klein, o longa segue por uma jornada interessante, mas que parece não saber sua verdadeira identidade. Através de uma viagem para Israel, os protagonistas se veem obrigados a encarar as descobertas sobre o passado de Jessica e Gabriel, numa trama que ora quer ser um drama emocionante sobre familia e identidade, ora quer ser uma comédia desprendida sobre uma dupla de brasileiros perdidos em Israel, o que faz com que o roteiro tome decisões duvidosas e force situações vergonhosas, algo que parece ser fruto de um conflito entre o estilo cômico de Klein e a pegada tragicômica de D’Amato. Fica evidente que o filme possui duas faces claramente opostas, o que torna a experiência complicada para o espectador, a menos que descarte qualquer expectativa e se entregue à experiência.

Thati Lopes, interprete de Jessica, consegue entregar boas piadas e balancear perfeitamente a comédia contida na produção, mas fica claro que ela não se sai tão bem nos plots dramáticos. Thati exala comédia, ela até consegue criar situações de comédia física que cativam o público, mas, como já vimos em Esposa de Aluguel, ela se perde bastante quando é obrigada a conter toda essa personalidade para se encaixar numa trama mais dramática. Rodrigo Simas, seu co-protagonista, entrega bem no papel do malandro Gabriel, mas infelizmente ele não tem foco suficiente na trama para conseguir sustentar a veia dramática que a produção pede. A proposta do filme é ótima, tratar sobre o poder das origens, e o quanto saber sobre seu passado pode ser determinante para enxergar um futuro melhor, mas infelizmente o roteiro escolhe a forma errada de contar essa história, tirando toda o potencial do filme, que talvez funcionasse muito melhor como uma comédia romântica.

Clichê e conflituoso, Viva a Vida! possui duas possibilidades de linha narrativa a percorrer, mas não se decide qual quer seguir e acaba se prejudicando. O filme começa falando sobre herança, consegue até fazer a transformação clichê de transformar a herança financeira em herança moral, mas falta muito para o drama do filme ser realmente consistente. A chegada de Diego Martins na trama é outro fator que deixar claro que tudo seria muito melhor se os executivos escolhessem por entregar uma comédia mais escrachada, que saiba não se levar a série e pudesse até aproveitar para transformar em piadas situações como a facilidade de se encontrar dentro de um país tão grande ou da facilidade que foi ser preso e depois liberado, algo que soa infantil e conveniente, mas poderia muito bem ter sido usado para fortalecer o careter comico da obra. Talvez algo que realmente compense na produção seja a fotografia, que sabe usar da exuberancia dos cenários para transitar por diversos pontos turisticos, com tomadas lindas das formações rochosas e aproveitando muito bem a iluminação das ruas e das paisagens para entregar arte a cada take.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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