Crítica | Wish: o Poder dos Desejos (Wish)

Nota
4.5

“Um desejo só, que exista algo a mais pra… nós!”

No meio do Mediterrâneo, surgiu um reino, criado com o intuito de ser um lugar seguro para todos os que desejarem viver lá, longe dos males do mundo.
A cidade de Rosas é um lugar diverso e feliz. Seu Governante, o Rei Magnífico, é um mago poderoso que protege a cidade contra ameaças e que possui o poder de realizar desejos. Sendo assim, ao completar 18 anos, cada cidadão deve entregar o seu desejo mais profundo para os cuidados do Rei, que, um dia, irá realizá-los em uma cerimônia especial que mobiliza a cidade inteira numa grande festa. Afinal, ter seu desejo realizado é uma honra e merece uma celebração.

Asha é uma das cidadãs de Rosas, e está prestes a fazer uma entrevista para se tornar a aprendiz deste poderoso mago, uma oportunidade que todos da cidade gostariam de ter. Ansiosa para descobrir como os desejos são realizados, a garota não contém sua alegria, mas, conforme avança na entrevista, ela percebe que o homem que tanto admirava não é exatamente como pensou.

O Rei Magnífico está longe de ser benevolente e gentil como se pinta, e como apenas ele pode decidir quais desejos são importantes? Desiludida e irritada, ela toma uma decisão impensada; fazendo um desejo para uma estrela, ela percebe que, talvez, seu desejo seja atendido.

Asha parte então numa missão quase impossível para resgatar os desejos dos moradores da cidade, mas não sozinha; a estrela que ouviu seu desejo desceu do céu e a acompanha nessa jornada, trazendo magia, diversão e tocando o cerne de cada um que conhece o verdadeiro poder dos desejos.

Wish foi a grande aposta da Disney para a comemoração do seu centenário. Uma tarefa difícil, já que, com tantas obras icônicas no catálogo, seria necessário um toque extra para que o novo longa se destacasse e não se tornasse um filme fácil de esquecer. A grande pergunta é se Wish conseguiu trazer toda a essência da empresa sem perder as mudanças que o estúdio vem trazendo em suas produções.

Dentre os aspectos técnicos, é imprescindível destacar a simplicidade do enredo, mesmo que trabalhado de uma forma tão singular que funciona como um satélite para despertar emoções que poucos poderiam fazer semelhante, mas ainda assim se tem a sensação de algo mais genérico. Além disso é recheado de easter eggs, o mais notável aparece já no trailer, onde todos os amigos da Asha usam roupas semelhantes aos sete anões da Branca de Neve, mas não para por aí, há referências a Cinderela, Zootopia, Enrolados, Peter Pan, Mary Poppins… A lista é longa, afinal de contas foi feito como uma homenagem ao aniversário do estúdio, e isso torna a experiência ainda mais rica. A trilha sonora encanta, mais uma vez seguindo a trama emocional que, depois de 100 anos, virou marca registrada, vale destacar Bem Vindo a Rosas, o número de abertura da animação e que apresenta toda a dinâmica da cidade em que tudo se ambienta, e também Um Desejo Só, que foi usado no trailer e embala o ponto de virada da protagonista.

A escolha de misturar elementos tridimensionais com as clássicas aquarelas da Disney foi uma das melhores decisões criativas do estúdio, já que traz aquele ar clássico das primeiras produções e faz o espectador sentir a beleza de como tudo começou. Outro aspecto que agrada são as montagens musicais, todas são um deleite para os olhos já que usam de cor e luz para induzir o espectador a uma emoção em específico, tornando impossível não se emocionar em alguns momentos.
Asha é a grande protagonista, possui um forte impulso de ajudar todo mundo, sempre com um sorriso no rosto recepcionando os recém chegados na cidade. Tem o sonho de virar aprendiz do Rei para poder aprender a cuidar de todos, assim como ele faz, mas decepciona-se quando percebe a real natureza daquele que um dia foi seu ídolo, e decide então fazer a única coisa que pode fazer: desejar por melhores oportunidades para ela e o povo. Luci Salutes, conhecida por dublar a Fada Azul no live action de Pinóquio, é quem dá voz à personagem na versão brasileira, e executa um bom trabalho, claro, competir com Ariana DeBose é uma dura tarefa, mas ainda assim ela se entrega a sua personagem, emocionando a todos que assistem.

O Rei Magnífico é o bom homem que governa a cidade e realiza o desejo de seus súditos com benevolência, além de proteger todos aqueles que lá vivem. O que se esconde atrás de um rosto bonito é bem diferente , afinal o homem mantém os desejos de todos os cidadãos guardados para si, julgando qual pode ou não pode ser realizado. Suas motivações causam o estopim que levou Asha a fazer o pedido e chamar a estrela. Na versão brasileira a atuação ficou nas mãos de Raphael Rossatto, já conhecido por dublar as canções do Flynn Ryder em Enrolados, que entregou um trabalho impecável ao trabalhar todas as nuances de seu personagem ao espectador, que entende a natureza e a essência do personagem logo de cara.

A estrela é um espetáculo a parte. Mesmo não possuindo nenhuma fala, ela consegue ser extremamente expressiva e direta, além de proporcionar momentos engraçados com sua magia. Um desses momentos é quando o cabrito da protagonista, Valentino, começa a falar (sob a dublagem de Marcelo Adnet) e, a partir daí, vira um grande alívio cômico e contraponto ideal para os momentos mais densos da trama. Os amigos da Asha são bem peculiares, afinal de contas, cada um representa um anão da Branca de Neve. Assim, além das roupas serem nos tons similares, também temos a personalidade de cada um refletida em seu respectivo anão.

Wish é uma clara homenagem ao centenário da Disney, entregando muitas referências a grandes clássicos do estúdio. Com uma trama emocionante, mesmo que levemente genérica, o longa carrega seu fardo de uma forma sutil e segura. No fim das contas, o longa acaba cumprindo seu papel, entrando na lista de filmes que marcam quem assiste, seja positivamente ou negativamente. Mas, é inegável que ainda assim poderia ter um impacto maior, se tivesse um pouco mais de lapidação e ajustes sutis em seu enredo.

 

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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