Crítica | Z-O-M-B-I-E-S 2

Nota
3

“Pessoas, zumbis, todo mundo diz
HEY! Nós conseguimos.”

O tempo passou em Seabrook, agora os zumbis e os humanos estão conseguindo viver em harmonia. As barreiras foram derrubadas, as leis foram revogadas, a união foi ficando comum e são poucos os que ainda tem preconceito, ou ao menos era o que parecia. Tudo muda quando, enquanto volta de um Acampamento das Líderes de Torcidas, Addison descobre que os Lobisomens existem, que não são apenas lendas criadas pelos colonos que construíram a cidade. Quando a noticia chega à cidade, o caos volta a rondar, todas as leis anti-monstros são reaprovadas e os Zumbis perdem os direitos que conquistaram quando os Lobisomens chegam à cidade, voltando o preconceito com toda a força e fazendo Zed e Addison precisarem lutar novamente para conquistar a aceitação.

A história dos Lobisomens é um pouco sombria segundo os livros, os seres eram os habitantes daquela área quando os colonos chegaram, vivendo em volta de uma gigantesca pedra mágica, os homens acabaram confrontando os monstros, exterminando-os e construindo Seabrook em volta do artefato, usando a pedra como fonte de energia para manter a cidade, sendo inclusive essa pedra a fonte do químico que criou os zumbis. No presente, a nova raça chega no delicado momento da escolha do presidente estudantil, cargo que é desejado pelo extremamente preconceituoso Bucky, primo de Addison, e que permitirá a garota a alcançar seu tão sonhado cargo de Capitã das Líderes de Torcida, mas Zed acaba tendo que se candidatar ao cargo, almejando ter o poder para salvar a liberdade dos zumbis e, consequentemente, arriscando impedir sua amada de realizar seu sonho.

Depois do falecimento precoce de Cameron Boyce, a Disney precisou finalizar a Saga Descendants e encontrar uma nova produção original para assumir seu posto, foi aí que o canal resolveu reviver a produção de 2018 e presentear-nos com uma sequência, mesmo sem ter deixado nenhuma premissa para isso em seu filme anterior. O roteiro, que marca o retorno de David Light e Joseph Raso, consegue encontrar brechas em seu roteiro original para expandir a mitologia da saga e trazer novos elementos: os Lobisomens, seres que viviam em Seabrook antes do humanos e zumbis e agora, depois de 100 anos vivendo nas sombras, resolvem voltar à luz para tentar salvar suas vidas, reenergizando seus colares com a Pedra da Lua, o artefato roubado pelos colonos há anos atrás. Com uma premissa interessante, o novo longa pisa no calo ao debater sobre o preconceito velado, aquele preconceito que existe e está apenas a espera de uma fagulha para estourar. Todos fingiam aceitar os zumbis, mas foi só a dinâmica mudar que os zumbis foram hostilizados junto com os lobisomens. A maior falha nessa premissa é o Bucky, o garoto mais resistente à aceitação no primeiro filme mas que, depois de uma das redenções mais forçadas da história dos filmes do Disney Channel, deixou o preconceito de lado e se uniu aos zumbis, o mesmo garoto que agora volta tão vilão quanto antes, tão preconceituoso quanto antes, o que põe uma enorme interrogação em nossas mentes: O que aconteceu com aquela redenção? Era só mais uma falsa aceitação?

Voltando com sua fotografia clean, o filme brinca agora com a inclusão ao absorver o rosa e o azul das vestimentas humanas no armário dos zumbis mas deixando o contraste das peles pálidas e cabelos verdes para mostrar que eles estão dentro da sociedade mas ainda são um destaque dentro dela. Mas quando o assunto é musica, o longa parece ter aprendido com seus antecessores e muda um pouco sua pegada. Mesmo começando com “We Got This”, que é uma clássica musica de introdução, é com “We Own the Night” que vemos o verdadeiro potencial do filme, a música dá para Z-O-M-B-I-E-S 2 a mesma animação que “Rotten To The Core” dá para Descendentes. Depois dessa introdução contagiante dos Lobisomens, fica claro o quão a presença deles é melhor para a trama, eles assumem uma personalidade bad boy e vilanesca que roubam a atenção assim como os VK de Descendentes, eles rapidamente conquistam nossa torcida e botam os zumbis no sapato no quesito plot principal. Não é a toa que Addison rapidamente é conquistada por eles.

“Like the Zombies Do” e “Gotta Find Where I Belong” são claros discursos de aceitação, na primeira temos os Zumbis tentando ensinar os Lobisomens como ser aceitos, abandonando sua natureza para serem mais humanos, e no segundo temos Addison novamente se questionando sobre o que realmente é, sobre suas diferenças e sobre os preconceitos ao seu redor, assunto que volta a tona em “Call to the Wild”, quando os lobos exaltam a necessidade de serem eles mesmos, ouvirem o chamado da natureza e não ter medo do que os outros podem achar. Mas a trama chega ao seu ápice de verdade com a chegada de “I’m Winning”, explorando toda a luta ideológica de Bucky e Zed, um representando a necessidade por mudança e aceitar as diferenças e o outro representando a visão limitada e a resistência ao novo, um embate necessário para nos levar até a união que se forma em “Flesh & Bone” e “One for All”. Além de todas essas trilhas, o longa ainda nos brinda com um reprise de “Someday”, que fez tanto sucesso no primeiro filme e volta agora com um tom de balada ainda melhor e nos lembra do quão longe foi aquele romance impossível de um zumbi com uma garota.

O elenco volta, dois anos depois, com todo o folego intacto, a conexão de Milo Manheim e Meg Donnelly está ainda maior, fortalecendo o casal protagonista, mas ela é prejudicada por eles passarem quase o filme inteiro sem possuir muito tempo de tela juntos. Mas quem rouba a cena de verdade são Chandler Kinney, Pearce Joza e Baby Ariel, os três lobisomens que possuem três personalidades tão distintas e tão fortes, capazes de brilhar de jeitos tão diferentes. Kinney é Willa, a líder da matilha, obstinada, decidida e pronta para lutar para salvar sua raça; Joza é Wyatt, o irmão de Willa, que acredita em chegar nos humanos de forma discreta, em se infiltrar para colher informações e acaba se metendo no meio do relacionamento de Zed e Addison no processo; Ariel completa o trio interpretando Wynter, a doce loba com ar de inocente, que quer chamar a atenção e acaba exagerando sempre, uma clara versão lobisomem de Bonzo. Mais uma vez transitando entre altos e baixos, a sequencia de Z-O-M-B-I-E-S consegue tomar seu rumo, traz mais uma redenção forçada para Bucky e deixa um gancho final, deixando no ar a possibilidade de uma terceiro filme trazendo uma quarta raça para Seabrook.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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