Iniciando com o pé direito as postagens especiais que irão homenagear grandes cineastas do terror moderno, que tal conhecer melhor sobre a história de James Wan?
James Wan é um diretor, roteirista e produtor de cinema de origem malaia, nascido em Kuching, capital do estado de Sarauaque, na Malásia Oriental, em 27 de fevereiro de 1977. Filho de pais sino-malaios, Wan passou a morar na Austrália Ocidental quando ele tinha sete anos, quando sua família se mudou para Perth, saindo de lá para Canberra, onde frequentou a Lake Tuggeranong College, e depois para Melbourne, onde se formou, em 1999, como Bachelor of Arts in Media na Royal Melbourne Institute of Technology, universidade considerada o berço dos principais nomes do terror moderno, onde conheceu Leigh Whannell e produziu vários curtas nunca lançados. Em 23 de Julho de 2000, James Wan lançou Stygian, fime escrito em parceria com Shannon Young e que narra a história de Jamie (Ryan Gibson) e Melinda (Lorna Pettifer), um jovem casal que acidentalmente encontra um talismã místico, que está sendo caçado pelos ‘Reapers Brothers’, que os leva a um outro mundo conhecido como Exílio. No decorrer do filme de 72 minutos, é possivel ver Jamie tentando reencontrar Melinda e ocasionalmente cruzando um palhaço do mal interpretado por Whannell. Apesar de o filme ter sido lançado no Melbourne Underground Film Festival, ele desapareceu desde então, uma postagem no Reddit afirma que, segundo fontes, a única copia existente do filme está nos arquivos pessoais de Wan, e ele não quer divulgá-lo.
Em meados de 2003 foi feita a primeira parceria de Wan e Whannell, um curta-metragem de nove minutos e meio que custou cerca de 5.000 doláres australianos à dupla e foi filmado em pouco mais de oito dias. O curta mostra um homem chamado David (Whannell) sendo interrogado por um policial e lhe contando sobre ter acordado em um quarto grande, amarrado em uma cadeira e com uma grande máquina de metal enferrujado em sua cabeça. No decorrer do curta vemos uma pequena televisão, onde um vídeo começa a ser exibido com um boneco que explica que a máquina é um armadilha, e que irá abrir sua mandíbula se ele não destrancar a armadilha a tempo. Posteriormente foi revelado que a armadilha usada em Whannell se revelou funcional, o que os fez perceber o perigo que o astro correu durante as gravações. A dupla de roteiristas contou que o roteiro foi inspirado nos sonhos e medos que possuiam, e posteriormente foi usado por eles para mostrar o material a alguns estudios.
A proposta foi comprada imediatamente pela Lionsgate ainda naquele ano, que aprovou um orçamento 1,2 milhões de doláres e um lançamento direto para o DVD para Saw, filme que, com dezoito dias de gravação, foi lançado em janeiro de 2004 no Festival Sundance de Cinema e, devido às diversas reações positivas no festival, em outubro do mesmo ano nos cinemas comerciais, se tornando um sucesso de bilheteria e arrecadando 80 vezes mais que o orçamento de produção. O longa traz Whannell como protagonista, assim como no curta, mas interpretando Adam Stanheight, um novo personagem criado para o longa, já a história de David, que é mostrada no curta, foi transformada em um pequeno trecho interpretado por Shawnee Smith. Durante a produção do longa, Wan e Whannell decidiram abrir mão do pagamento com antecedência para receber em cima da porcentagem dos lucros do lançamento do filme, sendo surpreendidos ao receber muito mais do que receberiam com o pagamento antecipado.
Devido ao sucesso de Saw, o estúdio deu luz verde à sequência Saw II (2005) e mais tarde ao resto da franquia Saw. Passando a se tornar produtor executivo a partir do segundo filme da franquia, Wan co-escreveu Saw III (2006) e começou a expandir seu curriculo a partir de 2007, quando se uniu a Whannell novamente para criar Gritos Mortais. Uma mancha em seu curriculo, Gritos Mortais foi o primeiro fracasso da carreira da dupla, considerado por muitos como um filme com uma boa proposta mas um mal desenvolvimento, algo que em 2011 foi descrito por Whannell como ‘uma lição em sua carreira’, quando o roteirista revelou que, por conselho de seu agente na época, aceitou que a Universal Pictures contratasse de script doctor (um profissional não creditado que trabalha ‘ajustando’ roteiros para melhorar estrutura, caracterização, diálogo, ritmo, tema e outros elementos). Em paralelo, Wan acabou se aproximando de Brian Garfield, quando leu seus livros e acabou se inspirando para fazer sua própria adaptação dos romances, o que foi aprovado pelo autor e acabou saindo do papel, em parceria com a 20th Century Fox, em 31 de agosto de 2007. Sentença de Morte foi o primeiro filme de ação dirigido por Wan e mais um fracasso de bilheteria e critica para o seu curriculo.
Em meados de 2008, Wan e Whannell se uniram novamente para mais um curta, Doggie Heaven, curta de 10 minutos dirigido por Wan e escrito e protagonizado por Whannell, uma comédia que gira em torno de um homem que atropela um cachorro e acaba sendo assassinado por sua dona, o que cria uma confusão que o faz ser enviado para o céu dos cachorros. Apesar de Franquia Jogos Mortais seguir fazendo sucesso e deixar Wan orgulhoso, o cineasta sentia que o excesso de violência e sangue estava afastando algumas pessoas e estudios de querer trabalhar com ele, então ele resolveu criar um novo filme de terror para quebrar essa fama. Novamente trabalhando com Leigh Whannell como roteirista, Wan começou a produzir Sobrenatural em 2010, com apoio de Jason Blum e sua companhia, a Blumhouse Productions, mais um filme de baixo-orçamento, dessa vez usando três semanas (entre abril e maio de 2010) para gravar todo o filme e usando uma trilha composta por Joseph Bishara, que também atua no filme no papel do demônio de rosto vermelho e preto. O filme foi lançado no Midnight Madness do Festival de Toronto em 14 de setembro de 2010, menos de 12 horas depois a Sony Pictures comprou os direitos de distribuição mundial do longa, que chegou aos cinemas em 1 de abril de 2011 e foi exibido no South by Southwest em março de 2011. Pouco a pouco Wan começou a ganhar a fama de dirigir e produzir filmes de baixo orçamento e transformá-los em grandes bilheterias com diversos elogios da crítica e dos fãs, algo que se consolidou completamente em 2013.
Tony DeRosa-Grund estava há quase quinze anos com os direitos de produção de um filme sobre Ed e Lorraine Warren, passando por um processo sofrido em busca de apoio, chegando a se unir com Peter Safran e levando a proposta a passar por diversos leilões, até que, em 11 de novembro de 2009, DeRosa-Grund chegou a um acordo com a New Line Cinema, que iniciou a produção do projeto e, em junho de 2011, contratou Wan como diretor do longa. Invocação do Mal acabou tendo Patrick Wilson como protagonista e Joseph Bishara como compositor da trilha, ambos que haviam trabalhado com Wan em Sobrenatural, e, quando lançado em 19 de julho de 2013, foi o longa que consolidou completamente a fama de Wan, se tornando mais um filme de baixo-orçamento que se tornou sucesso de bilheteria. O sucesso de Sobrenatural também garantiu uma sequência para o filme, que Jason Blum insistiu que precisava ser feito com direção de Wan e roteiro de Whannell, algo que o produtor conseguiu, o que levou Wan a, durante a Comic Con de Nova York em outubro de 2012, desabafar que queria fazer dessa sequência uma ‘reação’ ao que aconteceu com a Franquia Jogos Mortais, onde ele se distanciou após o primeiro filme e acabou vendo os filmes se desviarem do que ele deseja da história. Sobrenatural: Capítulo 2 traz em sua produção, segundo James Wan, tudo o que ele aprendeu trabalhando em Invocação do Mal.
Em abril de 2013, Justin Lin, diretor da franquia Velozes e Furiosos, anunciou que não pretendia dirigir um sétimo filme da franquia, deixando claro que a Universal Pictures desejava um cronograma acelerado para cobrir um buraco em seu calendário devido ter menos franquias de sucesso do que os estúdios concorrentes. Para manter os planos inalterados, James Wan foi contratado para dirigir o sétimo filme, com apoio de Neal H. Moritz como produtor e Chris Morgan escrevendo o roteiro. Lançado em 2 de abril de 2015, Velozes & Furiosos 7, que marcou a última aparição de Paul Walker na franquia, foi produzido ao mesmo tempo que Wan atuou como produtor em Annabelle (2014), primeiro spin-off de Invocação do Mal, e A Casa dos Mortos (2015), filme de terror que acabou não chamando muita atenção do público. A terceira parte de Sobrenatural logo foi confirmada, com Leigh Whannell voltando como roteirista, ao lado de Wan, e fazendo sua estreia na direção de um filme, construindo um filme que mesmo se passando no mesmo universo e trazendo alguns personagens de volta, não se foca na mesma história dos seus antecessores. Confirmado desde 2013, antes do lançamento de Invocação do Mal, uma sequência do filme protagonizado pelo casal Warren foi garantida, com roteiro escrito por Chad e Carey Hayes e o diretor James Wan, e revisado por Eric Heisserer, por precaução, para evitar a série de eventos inexplicáveis que aconteceram durante a produção do primeiro filme, um padre da Arquidiocese de Santa Fé foi trazido ao estúdio para abençoar o cenário, a equipe e o elenco de Invocação do Mal 2 (2016).
Em 2013, David F. Sandberg estava sendo aclamado pelo curta que produziu e dirigiu, que o levou a receber o prêmio de Melhor Diretor no Bloody Cuts Horror em 2013. O curta viralizou de uma forma tão absurda que vários agentes começaram a procurar Sandberg, um deles era Lawrence Gray, que desejava transformar o curta em um longa produzido por James Wan, mesmo que Wan tivesse sido contra a ideia de transformar o curta em um longa. Depois que Sandberg produziu um tratamento para o roteiro funcionar com um longa, ele finalmente conquistou o apoio de Wan e Quando as Luzes se Apagam foi lançado em 2016. A parceria de Wan e Sandberg deu tão certo que, no ano seguinte, Wan produziu Annabelle 2: A Criação do Mal com direção de Sandberg. A próxima produção de Wan foi Sobrenatural – A Última Chave (2018), novamente com roteiro de Whannell e dessa vez com a direção de Adam Robitel, mais uma vez uma prequela da franquia que dava a chance de aprofundar a história que Wan criou. Mais um spin-off da franquia veio através de A Freira (2018), filme com roteiro escrito por David Leslie Johnson e produção por Peter Safran e James Wan, um filme que, segundo Wan, se encaixa precisamente em seu universo, cooperando com a história de Lorraine e criando um círculo que um dia irá se fechar.
A volta de Wan a direção aconteceu com Aquaman (2018), filme que passou por muitos obstaculos antes de sair do papel, passando pela mão de vários roteiristas e diretores até que, em junho de 2015, Wan foi confirmado como diretor e co-roteirista, ao lado de David Leslie Johnson, e posteriormente com o roteiro recebendo o reforço de Will Beall. Numa entrevista, Wan revelou que foi chamado para dirigir The Flash, mas preferiu assumir Aquaman. Mais produções de Wan vieram nos anos seguintes, como é o caso de A Maldição da Chorona (2019), Annabelle 3: De Volta para Casa (2019) e Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021), filmes que integraram o universo The Conjuring, mas que não tiverem a presença de Wan nem na direção e nem no roteiro, apenas como produtor. Em agosto de 2015, Wan assinou como produtor do problemático filme de Mortal Kombat, trazendo posteriormente Simon McQuoid como diretor, sua estréia nesse papel, e Greg Russo escrevendo o roteiro. Infelizmente o filme lançado em 2021 não teve o resultado esperado, despertando reações diversas e se tornando o quinto filme mais pirateado daquele ano. Ainda em 2021 outro filme produzido por Wan passou quase despercebido, foi Tem Alguém na sua Casa (2021) filme slasher produzido por Shawn Levy e James Wan e que prometia ser “um amálgama de filmes de gênero na veia de filmes de terror por excelência”, mas que não chamou muito a atenção.
Maligno (2021) chamou atenção ao trazer o anuncio de James Wan assumindo a direção de mais um filme de terror, um filme fruto de um roteiro de Akela Cooper e JT Petty, baseado na história original criada por Wan e Ingrid Bisu, além disso o longa teria Wan como produtor com seu estúdio Atomic Monster. Mais um fracasso de crítica se formou, principalmente por toda a expectativa que foi construida ao redor dessa volta às origens de Wan. MΞGAN (2022) veio como uma grande redenção aos erros de Wan, com roteiro dele e de Akela Cooper e direção de Gerard Johnstone, o longa foi um terror que não se levava a série, que brincava com o rídiculo ao mesmo tempo que explorava o medo, e aumentou brutalmente a confiança do público em Wan, que parecia pronto para encarar uma nova fase em sua carreira. Sobrenatural: A Porta Vermelha (2023) marcou a fase de volta às origens das produções de Wan, com Patrick Wilson em sua estreia como diretor e roteiro de Scott Teems, o longa retoma os eventos que Wan e Whannell deixaram parados desde o segundo filme da franquia. A Freira 2 (2023) traz Michael Chaves para retomar os eventos que o filme anterior deixaram abertos e começar a criar as conexões que o spin-off teria com os filmes de Wan na franquia. Jogos Mortais 10 (2023) volta para o apice da franquia, narrando os eventos que preenchem a brecha temporal entre o primeiro e o segundo filme da franquia. Ainda em 2023, Wan voltará aos holofotes com o próximo filme onde atua como diretor, Aquaman 2: O Reino Perdido, longa que seguirá os eventos do DCEU e se inspira numa história idealizada por Jason Momoa em 2018. A conclusão que se pode tomar é que, mesmo com altos e baixos, Wan é um dos grandes mestres do terror do século XXI, ele pode facilmente ser apontado como o mais bem sucedido diretor de terror da nova geração, tendo crédito pela criação de três grandes franquias (Jogos Mortais, Sobrenatural e Invocação do Mal). Wan é um nome que sabemos que, quando está por trás de um terror, sempre vai entregar uma história arrepiante, e que tem um bom olho na hora de escolher protegidos, afinal cabe a ele a fama de ter descoberto grandes nomes do terror, como David F. Sandberg e Michael Chaves.
FILMOGRAFIA DE JAMES WAN
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.