Geek Curioso | Protocolo Warren: A História Real de Harrisville

Começando o Protocolo Warren, a série de postagens que vai a fundo
nas histórias reais por trás dos filmes que compõe o The Conjuring Universe, vamos falar sobre
o Caso Harrisville, o pesadelo que assombrou os Perron e inspirou Invocação do Mal (2013).


 

A Família Perron, formada por Carolyn e Roger Perron e suas cinco filhas, CindyNancyAprilChristine Andrea, se mudou para Rhode Island em janeiro de 1971, a fazenda que compraram possuia um terreno de cerca de 81 mil metros quadrados, uma casa com 14 quartos, uma das plantações originais levantada pelo colono John Smith em 1680 e transferida a Roger Williams para a formação do estado de Rhode Island. A fazenda fica na estrada Round Top em Harrisville, Rhode Island, era um imovel adorável e charmoso construído em 1736 em um belo terreno com espaço de sobra para as meninas brincarem. Eles só não esperavam que chegar a uma moradia tão grandiosa viria acompanhada de uma série de eventos estranhos. Inicialmente aconteciam leves interferencias que não chamavam a atenção, como vassouras que se moviam sozinhas e pilhas de poeira que se formavam no centro da cozinha. Depois as crianças começaram a ver espíritos ao redor da casa, alguns deles se mostravam inofensivos e gentis, chegando a brincar com as meninas e até dar beijo de boa noite nelas, enquanto outros pareciam mais agitados. Logo começaram a surgir cheiros estranhos, como carne podre a aroma de flores, variando de cômodos, e, segundo Andrea, Roger começou a sentir uma presença fria e fedorenta no porão. Mesmo com os aparelhos de aquecimento falhando sem explicação e, eventualmente, as camas levitando no quarto, nada alarmava os Perron.

Mas as coisas não ficaram calmas para sempre. A medida que as aparições ficavam mais frequentes e novos “visitantes” surgiam, começaram a surgir portas batendo, gritos de socorro e puxões de cabelos e cobertores, dificultando que as garotas dormissem, e os espiritos começaram a atacar diretamente Carolyn, de maneira violenta. Foi a partir daí que a mãe começou a pesquisar histórico da residência e descobriu seu passado tenebroso: conhecida como “A Antiga Propriedade Arnold”, o imóvel havia pertencido a uma mesma família por oito gerações, e naquele terreno haviam acontecido diversas mortes violentas e misteriosas, como dois suicídios por enforcamento, um suicídio por veneno, o estupro e assassinato de Prudence Arnold, de onze anos, por um lavrador, dois afogamentos e quatro homens que morreram congelados. Logo a energia do local começou a ficar diferente, agora surgindo vozes e objetos se movendo de forma menos discreta, foi quando Carolyn descobriu que, segundo o folclore local, uma mulher chamada Bathsheba Sherman estava ligada à casa, o que a fez acreditar que ela era o espírito maligno que os atormentava. Bathsheba era uma mulher do século 19 que era vista como uma bruxa e era conhecida por praticar o satanismo, ela estava envolvida em rituais sangrentos, incluindo a morte de um bebê que estava aos seus cuidados. Bathsheba acabou se enforcando em uma árvore, no quintal da casa, e sua lápide ainda pode ser encontrada no cemitério da cidade. Segundo Andrea, “ela se considerava dona da casa e se ressentia da competição que minha mãe fazia para essa posição”, a mulher ainda conta que sua aparência era terrível e os ataques eram tentativas de expulsar os Perron do local.

Bathsheba era descrita como uma criatura horrível, com um rosto “semelhante a uma colmeia de abelhas desidratada”, cheia de vermes e sem características humanas, ela tinha uma cabeça acinzentada que era “inclinada para um lado”, como se seu pescoço tivesse sido quebrado, e um mau cheiro que tomava o quarto quando ela estava presente. As coisas começaram a complicar quando Roger e suas filhas começaram a suspeitar que Carolyn havia sido possuida pelo espírito de Bathsheba, a familia notava que a mulher estava sendo torturada e, num dia especifico, ela começou a falar com uma voz diferente e chegou a ser arremessada de um quarto a outro, como conta Andrea. Preocupado com a situação de sua esposa, Roger decidiu procurar Ed e Lorraine Warren para ajudá-los, foi durante a visita dos Warren que Carolyn contou sobre um dia em que, quando estava deitada no sofá, sentiu uma dor penetrante na panturrilha e, em seguida, o músculo começou a ter espasmos, a mulher contou que, quando foi examinar a área, notou que havia sangue, mas ela não encontrava nada que pudesse ter causado o ferimento. A história logo pareceu se encaixar com um dos relatos sobre Bathsheba, que conta sobre o dia que ela teria matado uma criança com uma agulha de tricô, o que fez Lorraine acreditar que a presença demoníaca na casa realmente era a bruxa e que ela poderia ter levado a agulha com ela para a vida após a morte.

Ao contrário do filme, Ed e Lorraine não conseguiram ajudar a família Perron, eles passaram vários anos tentando ajudá-los com sessões espíritas e até exorcismos, mas os moradores da casa notavam que a presença deles parecisa fazer tudo piorar, deixando as assombrações mais violentas, até que os Warren decidirem fazer um exorcismo em Carolyn em meio a uma sessão espírita. Segundo os relatos de Andrea, aquela foi a noite em que ela pensou que veria sua mãe morrer, foi a noite mais terrível de todas, durante a sessão Carolyn falou com uma voz que nunca tinham ouvido antes e uma força sobrenatural fez sua cadeira levitar, atirando-a para o centro da sala, a cerca de 6 metros de distância, onde ela acabou batendo com a cabeça no chão e ficou inconsciente. O padre que foi chamado para o local ficou em um canto, tremendo e completamente pálido, a sessão conseguiu ser encerrada e a familia expulsou os Warren da casa. Os Perron continuaram vivendo naquela casa por cerca de dez anos, enquanto buscavam ter condições financeiras de se mudar, se mudando para a Geórgia em 1980. Quando adulta, Andrea Perron, a mais velha das filhas, escreveu três livros contando a experiência de sua família na casa e passou a viajar o mundo dando palestras, ela esteve, de certa forma, ligada à produção de alguns dos livros dos Warren e do filme.

A casa ficou fechada por um tempo até ser comprada por Norma Sutcliffe, que se mudou em 1983. Norma contou que ela e seu marido, Gerald Helfrich, viveram experiências muito menos intensas, com a porta batendo no hall da frente, sons de pessoas conversando em outra sala, sons de passos acompanhados de uma porta se abrindo em outra sala e a cadeira do marido vibrando no escritório, ela também conta que viu uma luz azul que atravessou o quarto e seu marido e que ja pensou ter visto uma névoa na casa. O casal acabou processando a Warner em 2015, pedindo indenização por danos morais e materiais depois que o lançamento do filme inspirou invasões constantes de espectadores, no processo consta que o casal passou a sofrer com “ameaças de violência e diferentes perigos, noites sem dormir e temor que um dia um invasor cometerá um ato mais drástico”. Em junho de 2019 a fazenda foi vendida para o casal Cory e Jennifer Heinzen, uma dupla de investigadores paranormais que decidiu conviver com as assombrações da casa para produzir conteúdo, chegando a presenciar, como Cory contou ao jornal Sun, “portas abrindo, passos e batidas […] Tivemos alguns momentos aqui que nos fizeram pular um pouco […] Tivemos portas abertas por conta própria, passos, vozes sem corpo, fenômenos de voz eletrônica e algumas sessões impressionantes de caixas espirituais”. A dupla posteriormente decidiu que trabalharia na reparação e preservação da casa para a filmagem do documentário Ghost Adventures: Curse of the Harrisville Farmhouse, lançado no mesmo ano, para contar a história assustadora, e futuramente a abertura de passeios turísticos para pessoas interessadas no paranormal.

Em 2020, o portal The Dark Zone Network anunciou uma live entre os dias 9 e 16 de maio, uma semana acompanhando diversas câmeras que documentaram os dias da família Heinzens, com a dupla fazendo investigações paranormais, sessões de Ouija e outras formas de contato com os espíritos que podem habitar o local. Em 2022 a casa foi vendida novamente, Jaqueline Nuñez, a nova proprietária, pagou aproximadamente um US$ 1,5 milhão para comprar a proriedade, ela contou que, quando foi visitar o local, saiba que precisava comprá-la. Os Heinzens contaram que receberam muitas ofertas pela propriedade, muitos deles de pessoas querendo demolir o local, para “arrancar o mal de dentro”, ou de compradores secretos, que não revelavam suas intenções, mas que sempre tinham na mente que só venderiam a casa para alguém que pudesse cuidar dela. Jennifer Heinzen tem uma tatuagem em homenagem à casa, e contou que, ao vender a casa a Jaqueline, ela e seu marido deixaram determinado que a mulher não poderá morar nela o ano todo, um condição que visa proteger a nova proprietária da energia do local, que é muito pesada. Andrea Perron uma vez contou que não culpa Bathsheba pelos acontecimentos, que acredita que os espíritos que habitam a casa estão presos à ela, e que lá existe uma entidade maligna poderosa que é quem causa os maiores distúrbios. Em 2021 foi lançado o documentário Bathsheba: Search for Evil, que ainda não foi lançado no Brasil, um documentário com a participação de Andrea e que, segundo ela, “é literalmente o único documentário já feito sobre esse assunto. Ele não apenas vai direto ao cerne da questão sobre Bathsheba Sherman, mas também conta nossa história com integridade, honestidade e autenticidade”.

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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