“Eles mal se casaram e estão aqui
Mais um ordinário casal
Vieram em busca da vida mais banal
Wanda e Visão!”
Depois de se casarem abruptamente, Wanda Maximoff e Visão acabam se mudando para um típico subúrbio americano das comédias de TV dos anos 50, com direito uma casa grande, gramado com arbustos bem cuidados e até uma fotografia em preto e branco. Vivendo um sufoco sem tamanho, onde grandes peças de memória parecem faltar, Wanda precisa lidar com um jantar improvisado que agrade o Sr. Heart, o novo chefe de Visão, e sua esposa, a Sra. Heart, criando situações extremamente engraçadas e desesperadamente tensas, que nos brindam com várias risadas e muita curiosidade.
Tudo isso é decorado com os maravilhosos easter-eggs, como o comercial (de significado obscuro) da novíssima ToastMate 2000 das Industrias Stark (uma referencia à empresa que destruiu o lar de Wanda), e de pequenas peças de quebra-cabeça que precisamos decifrar, como a intrometida vizinha de Wanda, Agnes, que rapidamente vira sua melhor amiga e passa a ser presença constante em sua casa, ou as piscadelas na forma do vinho Maison du Mépris (que traduzido significa “Casa do Desespero”) e da Baby June (que parece ser uma referencia a June Covington, que assume o codinome Feiticeira Escarlate na saga Dark Avengers). Com uma clara inspiração em I Love Lucy, o primeiro episódio do show mostra um casal ‘interracial’ tendo que se adaptar a essa nova realidade, o que é levado um degrau mais acima pela Marvel, apostando o tempo todo na sensação de que há algo de errado em tanta perfeição, como se tudo fosse ligeiramente incomodo para o publico assim como está sendo para seus protagonistas. A série não quer dar respostas mastigadas, até por que nem Wanda e nem Visão entendem o que estão passando, mas ela brinca conosco ao gerar cada vez mais duvidas e, principalmente, ao finalizar seu episódio com uma cena empolgante de uma TV que vai se afastando e nos revela uma série de monitores com a logo do S.W.O.R.D.
Indo para os anos 60, chegamos então ao segundo episódio da série, que se inspira profundamente em The Dick Van Dyke Show e A Feiticeira, com direito até a uma abertura animada igual a esta última onde, para os olhos mais atentos, é possivel ver o capacete de Ceifador, um vilão clássico dos HQs da Marvel, em um dos armários da casa. Vemos agora o casal mais incomum de Westview se preparando para participar do Show de Talentos da cidade, e se integrando na comunidade, com Wanda conhecendo Dottie e Geraldine (que sabemos ser na verdade Monica Rambeau), sendo essa última uma adição extra de humor e mistério na vizinhança. É nesse episódio que a atmosfera de sitcom, que serve como disfarce para a história dos traumas de Wanda, começa a ruir mais claramente, quando a quebra da comédia começa a abrir espaço para cenas muito mais alarmantes, como as estranhas mensagens no rádio, o helicóptero de controle remoto colorido com o símbolo da S.W.O.R.D. e a chegada do misterioso ‘apicultor’ da S.W.O.R.D., um conjunto de eventos que serve como moldura para a transformação da vida do casal, que agora vão ser pais e começam a ver a vida, literalmente, com mais cores. Um episódio que serve perfeitamente para nos dar um gostinho do arco que está sendo apresentado nessa temporada. Além de tudo isso, temos o segundo comercial da série, dessa vez apresentando o luxuoso relógio Strücker, feito na Suíça pela HYDRA, uma clara referencia ao Barão von Strücker, que comandou os experimentos que despertaram os poderes de Wanda e Pietro.
Estreando em 15 de janeiro de 2021 com seus dois primeiros episódios de cerca de 30 minutos, WandaVision começa com o pé direito, nos levando a presenciar uma estreia que quebra completamente o padrão Marvel, onde víamos ação por todo lado e que foi responsável por bilhões de dólares em bilheterias. A série parece pronta para levar as adaptações dos quadrinhos a novos públicos, por trazer um conteúdo muito menos ‘super-heroi’ e muito mais complexo de ser assistido, o que com toda a certeza cria uma grande expectativa sobre o que podemos ver nessa Quarta Fase do Universo Cinematográfico Marvel. Com esse novo passo extremamente ousado, a Marvel Studios tem a grande sorte de contar com o protagonismo de Elizabeth Olsen, que cresceu imersa no mundo das comédias e mostra uma enorme desenvoltura ao equilibrar o conteúdo leve com os cortes, bruscos e magníficos, de choque da psique de sua personagem, e de Paul Bettany, que vai fundo no seu humor físico e brinca com o fato de interpretar um sintozóide, brincando com as situações que se mete por ser não ser humano e com os momentos embaraçosos gerados pelos seus poderes e suas limitações.
A introdução de Kathryn Hahn como Agnes é clara e fluida, alimentando cada vez mais aos espectadores com a curiosidade sobre seu verdadeiro papel dentro da série e do MCU, fica clara a sua importância mas, assim como os motivos que botaram Wanda nesse mundo, segue como um mistério a sua origem e suas motivações. A rápida participação de Teyonah Parris é outro deleite, ficamos o tempo todo curiosos sobre seu envolvimento com a história e o quanto esses eventos podem interferir na sua evolução, que já foi iniciada desde Capitã Marvel.
“Wanda? Quem tá fazendo isso com você?”
Icaro Augusto
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Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.