“Agora, com a mais poderosa de todas as chaves em suas mãos – a Chave Ômega –
nada resta para impedir Dodge de trazer o resto de sua espécie.”
A vida da família Locke está cada vez mais arriscada, mesmo que eles não saibam disso. Dodge se apossou do corpo de Bode, o caçula dos Locke, e está com a Chave Omega, capaz de abrir a Porta Preta e iniciar um evento cataclísmico, e só Rufus Whedon sabe desse acontecimento, mas o garoto acabou sendo aprisionado numa instituição psiquiátrica depois que sua mãe foi brutalmente assassinada por Zack Wells (a antiga identidade de Dodge), a mesma instituição onde Erin Voss está aprisionada. Mas, a medida que o baile de formatura vai chegando, e vai ficando mais próximo do ataque final de Dodge, a tensão no ar fica maior, nos deixando cada vez mais curiosos com o desenrolar desse gigantesco embate entre bem e mal.
Depois de 30 edições de muito desenvolvimento na trama em volta da Keyhouse, é chegado o momento em que a verdadeira batalha está prestes a começar. Já conhecemos as chaves, já conhecemos os antepassados dos Locke e já conhecemos a atual geração dos Locke e dos guardiões da chave, agora estamos prontos para ver Dodge colocar para fora suas garras e agir com toda a sua brutalidade para uma versão ainda mais macabra da trama, que nos leva a ver Joe Hill beber bastante de seu sangue King e criar uma atmosfera tão sombria quanto sanguinária. As sombras negras que surgem para servir Dodge, o liquido rubro que se espalha pelo cenário onde jovens são sacrificados, e o doentio amarelo que toma conta dos olhos de Bode e outros companheiros dos Locke são algumas das cores marcantes que saltam das páginas e nos puxam para dentro da trama, nos deixando entusiasmados com o trabalho de colorização de Jay Fotos, que dão uma carnalidade aos desenhos de Gabriel Rodriguez e provam o quanto esses últimos volumes são tão essenciais para a trama, mostrando uma finalização tão gratificante para o longo caminho que o roteiro de Hill nos fez trilhar.
Com Alpha & Omega sendo a derradeira finalização do Terceiro, e Último, Ato de Locke & Key, sendo Omega divido em cinco edições e Alpha divididos em duas, fica claro o quanto tudo está iminente a explodir, o quanto essa história pode ser densa (pelo fato de fugir do padrão dos volumes anteriores, que são divididos em seis edições), e quanto estamos num momento chave para o enredo das Chaves. Essa proximidade do fim fica clara já na primeira edição de Omega, que traz em sua capa estampada a frase “em 6 edições, acabou!” para nos lembrar que estamos vendo os capítulos finais, mas a mesma sensação só nos envolve novamente na quinta edição de Omega, quando o ponto final aparece na nossa frente e ficamos ávidos para entender como esse momento tão inimaginável pode ser a faísca capaz de virar o jogo. Alpha então começa com uma clareza única, deixando evidente o quanto estamos num momento sem solução, e praticamente nos pedindo para confiar em Hill, colocando os leitores numa encruzilhada clássica de julgamento: ou Hill vai deixar a peteca cair e acabar a trama de uma forma deplorável e conveniente, ou ele vai mostrar que é um gênio e criar um final arrebatador capaz de fazer o leitor concordar que Joe realmente é um King.
O capitulo final da série publicada pela IDW Publishing não chegou ainda no Brasil, porém Alpha & Omega surge como maior prova que isso é extremamente necessário, principalmente depois que Locke & Key garantiu para Hill um Prémio Eisner em 2011 e duas indicações ao British Fantasy Award, em 2008 e 2012, na categoria Melhor Comic. Com um enredo repleto de cenas devastadoras, inquietantes e cheias de ritmo, o sexto volume da franquia apresenta uma conclusão sólida e emotiva que combina perfeitamente com o fantástico e bizarro percurso feito pelo passar das edições, oferecendo um fechar de portas bem coerente, sem rebarbas e nem enrolações, somos levados diretamente para a festa, com poucas evoluções acontecendo (apesar de ser necessária uma evolução final para Nina Locke) e nos levando diretamente para um épico monologo de Dodge, que nos leva mais fundo em sua mente para conhecer suas motivações e suas crenças, algo surreal e cativante, apesar de claramente maléfico. Tudo se culmina com uma finalização digna, que dá um desenrolar para histórias perdidas pelo percurso e nos leva a ver, satisfeitos, uma verdadeira redenção até para um dos grandes vilões da trama.
“A cortina sobe.
O jogo de sombras final começa.”
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.