“Eu fiz uma promessa aos meus pais… que iria livrar a cidade do mal que tomou suas vidas.”
Carmine “Romano” Falcone e Salvatore Maroni são dois chefes de famílias italianas que comandam a máfia de Gotham. Intocáveis perante a lei, os dois vivem uma guerra fria até que, na noite de Halloween, o sobrinho de Falcone é assassinado em sua banheira, enquanto seu assassino deixa para trás apenas uma arma de calibre .22, um bico de bebe e um pequeno lembrete do feriado.
O curioso assassinato desperta a curiosidade do Batman, que tentava encontrar uma maneira de encerrar os trabalhos da família Falcone. Junto com Jim Gordon e o promotor público, Harvey Dent, o morcego tenta descobrir a identidade do assassino e parar de vez com sua onda de crimes, enquanto uma serie de homicídios relacionados à família acontecem em diferentes feriados do ano.
Colocando em jogo toda a fé e integridade do trio, Feriado promete virar a cidade de ponta cabeça e desafiar até mesmo as capacidades do Cavaleiro das Trevas. Mas seria isso o suficiente para escapar ileso ou apenas o início de sua ruína?
No verão de 1996, após mais um trabalho bem sucedido, Archie Goodwin soltou uma ideia atraente, que juntaria mais uma vez a dupla Jeph Loeb e Tim Sale à marcante jornada do morcegão. Utilizando a máfia citada na brilhante Ano Um, e expandido esse universo, eles voltariam às raízes do detetive e explorariam uma verdadeira trama, investigada em uma minissérie tão chamativa quanto seu nome.
Eis que surge Batman: O Longo Dia das Bruxas (nome dado por Archie), uma serie lançada em treze capítulos que mostra um vigilante ainda em seus primeiros passos, tentando expurgar Gotham de sua maldade latente. Construindo uma narrativa sólida e madura, Loeb nos apresenta um estudo único sobre a mente do protagonista, executando com maestria seus temores e fragilidades enquanto aprimora novos aspectos que engrandecem ainda mais a obra.
As cores marcantes, que trazem a tona toda a aparência austera e ameaçadora da cidade, constroem bem o impacto visual das cenas. Os assassinatos perdem a cor, deixando tudo mais impactante nas cenas e destacando com maestria os presentes deixados pelo assassino, demostrando toda brutalidade opressora dos atos. Tim Sale constrói cenários grandiosos, que combinam com a trama noir escrita por Loeb, utilizando bem seus espaço, onde até uma sombra tem uma sombra e o perigo se mostra constante.
No âmbito principal temos a decadência moral de Dent, que entra em uma espiral obsessiva que o leva ao limiar que separa atos heroicos de vilanias. Quanto mais ele se aproxima do caso, mais tênue esse linha se torna, trazendo um alto peso não só em sua vida conjugal mas em sua saúde mental.
Selina Kyle é outra personagem que ganha destaque aqui. A ladra aparece tanto em sua aparência civil quanto em seu alter-ego criminoso, mostrando sempre uma nova alternativa para o morcego. Seja qual for sua persona, a gata mostra suas garras de forma ambígua, nos fazendo questionar de que lado ela realmente está.
A série ainda apresenta vilões icônicos do Cavaleiro das Trevas, que aparecem de forma fluida e como catalisadores da trama principal. Coringa, Espantalho, Charada, Hera, Chapeleiro Louco, Solomon Grunt e Homem–Calendário aparecem em pontos específicos da trama, sem nunca desviar a atenção do arco principal. Eles reforçam o peso dos assassinatos e demostram as consequências de cada um deles.
Batman: O Longo Dia das Bruxas traz um conto investigativo que surpreende a cada nova jogada. Repleto de uma beleza trágica, a minissérie traz ótimas referências aos filmes de máfia, enquanto demostra que até mesmo algo tão dramático e violento pode ser contado com humanidade. Repleto de uma ambiguidade impecável, a minissérie anda por caminhos cinzentos, dando novas camadas à sua história e nos fazendo questionar cada novo passo dado. Uma obra indispensável para os amantes dos quadrinhos.
“Quando um assassino não mata?”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...