“Bruce, eu te perdoo por não me salvar. Mas por que, em nome de Deus, ele continua vivo?”
Após uma séria desilusão com sua equipe, Bruce Wayne decide se tornar ainda mais recluso e confiar na única pessoa em que ele pode depender: ele mesmo. Vestido como o homem morcego, o vigilante tenta reajustar as ruas de Gotham, que agora estão sobre o controle do Máscara Negra, o que desperta um novo reino de terror na cidade. Mas, aparentemente, ele não é o único que está se intrometendo no caminho do gangster.
Um novo vigilante chegou a cidade. Um ser que tem como único propósito limpar cada um dos becos fedidos da região a sua maneira… custe o que custar. Com a eficiência semelhante à do Batman, mas sem nenhum escrúpulo para seus atos, o novo mascarado segue sua própria bússola moral, demonstrando que, para ele, matar sempre é uma opção.
Auto denominado como Capuz Vermelho, o rapaz começa a dominar cada um dos Chefões do Crime que cruza seu caminho, despertando a ira do único remanescente enquanto alerta o Cavaleiro das Trevas. O único problema é que o Capuz parece ser alguém muito bem treinado, a ponto de antecipar cada ato do morcego em suas batalhas, despertando assim uma dúvida sobre sua real identidade.
Enquanto tenta juntar as peças e deter essa nova ameaça, Batman precisa enfrentar velhos fantasmas que insistem em lhe assombrar, trazendo um dos confrontos mais difíceis de sua carreira, com um demônio interno que nunca conseguiu exorcizar. Mas, seria ele capaz de lidar com essa dor iminente ou sucumbiria de vez a alguém tão talentoso quanto ele?
Depois de um arco magnifico e aterrador construído em Silêncio, Batman entrava em uma nova fase, preparando seu terreno para uma nova aventura que mudaria de vez os rumos de sua HQ. Tendo em mente um dos momentos mais icônicos da história do Morcegão, Judd Winick decide trabalhar os tramas psicológicos de seu protagonista enquanto remexe em seu passado, trazendo a tona uma história exemplar que remodela tudo aquilo que conhecemos.
Roteirizado por Winick e desenhado por Doug Mahnke, Batman – Under the Hood traz de volta algumas vertentes exploradas anteriormente, aprofundando assim pontas soltas no passado do morcego. O novo arco bebe diretamente do poderoso Morte em Família, respeitando as vertentes causadas em seus personagens enquanto introduz novos conceitos que fluem de maneira coesa com o que nos foi contado durante esses anos que separam as sagas.
A história coloca em cheque o dilema ético que sempre perseguiu nosso herói, trazendo profundidade a seus atos e questionamentos que perpetuam na cabeça dos fãs. Afinal, não seria mais fácil matar os vilões ao invés de tranca-los em lugares onde eles constantemente fogem? O que faz com que Batman não cruze a linha quando já perdeu tanto nas mãos de seus inimigos?
Esses questionamentos se amplificam quando avaliamos o último arco do morcego, dando assim um sentido maior para a reclusão profunda que o personagem vem construindo nas últimas HQs. Batman não quer depender de ninguém, muito menos utilizar coisas que estão fora de seu alcance, mas, com o golpe sofrido nas Indústrias Wayne e a nova ameaça iminente que desperta seus piores pesadelos, o vigilante precisa recalcular seus passos enquanto encara uma versão reversa daquilo que sempre pregou nas ruas de Gotham.
E é exatamente nesse contraponto que a HQ constrói seu novo personagem, trazendo a tona alguém que não mede esforços para limpar a cidade. O misterioso Capuz Vermelho desperta conceitos complexos que bate de frente com toda índole construída no herói. Cada peça mostrada e cada novo detalhe do mistério que o cerca trazem uma boa dinâmica a narrativa, colocando novas camadas aos dilemas já levantados.
Capuz não tem medo de sujar suas mãos, mostrando-se como um dos inimigos mais perigosos que o morcego já enfrentou. Ele conhece cada um dos seus pensamentos e os usa a seu favor, sempre se colocando um passo a frente do rival e trazendo a tona uma crueldade impecável, que torna sua persona ainda mais interessante. Sua evolução dentro da narrativa é sublime, nos deixando ainda mais instigados sobre o que ele fará a seguir, além, é claro, de tentarmos adivinhar quem estar por baixo do capuz colorido e o real motivo de seus atos.
Com uma arte esplêndida que condiz com o tom sombrio da narrativa, a HQ nos presenteia com momentos maravilhosos e batalhas esplêndidas. Toda construção visual é de tirar nosso fôlego, trazendo quadros que são verdadeiras obras de arte a cada nova virada de página.
Embora não seja tão difícil deduzir os segredos escondidos na jornada, Batman – Under the Hood é uma ótima adição ao universo do Cavaleiro das Trevas. Seja por nos reapresentar a um personagem não tão querido assim, ou por simplesmente aprofundar cada história que decide tocar, a HQ traz tudo aquilo que precisávamos para seguir em frente, construindo os dilemas necessários para tornar seu conteúdo um clássico instantâneo, que repercutiria amplamente nos anos vindouros. E, acredite, cada segundo gasto aqui vale muito a pena.
“Sempre me perguntei… sempre… teria ele tido medo ao fim? Teria rezado para que eu viesse salvá-lo?
E nos momentos finais, sabendo que eu iria fazê-lo… teria ele me odiado por isso?”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...