“Há anos eu ouço falar. Li a respeito. Vi as reportagens. É uma coisa com a qual sonhei. Varias vezes.”
E se de repente a Arlequina resolvesse visitar o principal evento da cultura pop mundial, a San Diego Comic-Con? Foi isso que Jimmy Palmiotti e Amanda Conner tentaram imaginar ao escrever um one-shot focado nesse evento. A palhacinha viaja para San Diego com a ajuda de seus amigos Queenie e Big Tony, que estão indo montar um stand no evento e acabam compartilhando com ela a viagem e o hotel, ajudando a personagem a realizar o seu grande sonho. Mas, como todos bem sabem, colocar Harley em um lugar cheio de gente, nunca poderia dar um bom resultado, principalmente se esse espaço está cheio de cosplayers que a confundem, deixando a em duvida se está encontrando velhos conhecidos ou apenas pessoas se passando por eles.
Apesar de apresentar traços rapidos, que deixam certas duvidas sobre os detalhes de algumas cenas, a edição sabe contar de forma acelerada uma história de seis dias, brincando a cada página com as loucuras que a personagem poderia cometer ao ir de encontro com tantas situações excentricas. É divertido ver sua visita a um Restaurante Raivoso, conceito que vem chamando a atenção em alguns restaurantes americanos onde os garçons tratam os clientes de forma rude como parte da experiencia tematica, ou quando ela tenta apresentar sua HQ, que narra a história da Garota Vômito, a Bob Harras e acaba dando de cara com o editor da DC conversando com um cosplay de Batman, que ela pensa ser o próprio homem-morcego. Tudo parece ganhar ainda mais graça sob a ótica da vilã, até quando ela dá de cara com uma reunião de cosplays do Coringa e precisa (da forma mais adulta possivel) testar se algum deles é o verdadeiro Pudinzinho.
“- O que você tá fazendo? Eles são policiais.
– Não são, não. São caras vestidos de policiais. Não existem policiais gatos assim. Olha pra bundinha deles.”
Com um trabalho minucioso, temos até o cuidado de ver uma troca de roupa da vilã a cada dia, proporcionando uma pequena variação entre as roupas que ela usa nos Novos 52, e ainda somos agraciados, através de cosplayers, com as versões mais antigas e variantes da Harley, o que só nos envolve ainda mais, cooperando ativamente com o desenrolar do enredo e do evento. Como se não bastasse trazer personagens do universo da personagem e a participação de Bob Harras, o editorial ainda traz um cameo de Katie Kubert, editora da HQ; dos editores da DC, Dan DiDio, Geoff Johns e Jim Lee; dos criadores da Arlequina, Bruce Timm e Paul Dini; de Stephen Amell, ator que interpretou Oliver Queen em Arrow, da CW; e do Batmóvel; uma sucessão de fanservices que só faz a trama se fortalecer ainda mais e compensa facilmente seu tamanho reduzido.
Curto e frenetico, Harley Quinn Invades Comic-Con International: San Diego preenche suas 44 páginas com o puro suco do caos comum da Harley, criando um produto que nasceu para brilhar e que facilmente vai prender todos os leitores a imergir profundamente nessa colisão de mundos. Lançado nos Estados Unidos em setembro de 2014, a edição chegou até a ganhar uma edição no Brasil em dezembro de 2014, onde algumas frases foram editadas para que a passagem passasse a ser em São Paulo, para a CCXP, mas no final fica clara que precisava de muito mais alterações para a HQ realmente ficar fiel ao evento brasileiro, coisa que demandaria uma descaracterização extensa e burocratica da arte e do roteiro original. Seja qual for a versão lida, claramente a experiencia final é a mesma, a de sentir que viveu um enlouquecedor passeio pelos corredores de um sublime evento da cultura pop ao lado da palhacinha mais desregulada que existe.
“Esse ano viemos todas de Arlequina! É uma das nossas vilãs favoritas.”
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.