“Charlie… você já pensou que, tipo… você e Nick… talvez estejam prontos para dar o próximo passo?”
Nick Nelson e Charlie Spring já passaram por muitas coisas juntos. Eles já se oficializaram como um casal, declararam o amor que sentem um para o outro, enfrentaram uma das maiores barras de seu relacionamento, e Charlie está quase convencendo sua mãe a deixa-lo dormir na casa de Nick. Só que as coisas começaram a ficar mais intensas em seu relacionamento, e novos desejos parecem despertar a cada vez que se beijam…
Enquanto tentam entender se estão realmente prontos para o próximo passo, os garotos precisam pensar no futuro. Charlie recebe dois convites inesperados, que o tiram de sua zona de conforto; tocar em uma banda, em um pequeno festival a céu aberto, e se candidatar a líder estudantil, para que outros estudantes não passem pelo que ele passou. Já Nick começa a encarar seu os desafios da universidade, onde todos parecem esperar que ele decida agora o que o futuro lhe reserva… mesmo que isso seja longe de Charlie. Com a perspectiva de um relacionamento a distância, uma nova insegurança invade o relacionamento que construíram — afinal, será que eles serão capazes de permanecer fortes e unidos enquanto dão os próximos passos em suas vidas?
“Acho que esse é o desafio que você precisa enfrentar. Reencontrar essa confiança. Não só com o Nick – em todos os aspectos de sua vida.
Mas sei que você é capaz, Charlie. Tenho certeza.”
Após quatro volumes, Alice Oseman conseguiu estabelecer uma ligação única do público com sua história, trazendo um enredo delicado que consegue nos tocar tão profundamente que é quase impossível largar a leitura. Mas, como toda boa história, ela precisa chegar ao fim, e a despedida nem sempre é fácil. Heartstopper – Mais Fortes Juntos marca o penúltimo capítulo da história de Nick e Charlie, trazendo um dos maiores crescimentos entre seus personagens. O quinto volume explora, com maestria, as mudanças e inseguranças que o futuro pode trazer, colocando em xeque a força de tudo que foi construído até aqui.
Oseman consegue, com naturalidade, colocar as questões na mesa, trazendo uma evolução condizente com aquilo que conhecemos dos personagens. Toda interação soa precisa e acertada, demostrando o carinho e cuidado que a autora possui com sua obra. Alice explora as diferentes personalidades de seus protagonistas para questionar muitos momentos da trama, trazendo diferentes maneiras para que eles enfrentem seus dilemas. Mas é exatamente quando temos uma nova visão dessas personalidades que a trama se engrandece.
Embora sejam muito fechados entre si, Nick e Charlie conseguem, ao seu próprio modo, se abrirem a aqueles que estão ao seu redor, trazendo novas visões sobre os problemas que encontram ao longo do caminho. São nesses momentos que temos uma nova leitura sobre suas personas, em conversas afiadas que nos fazem refletir sobre as atitudes que ambos tiveram até aqui. Charlie sente sua falta de confiança aflorar, principalmente ao se sentir tão desconfortável com o seu corpo após tudo que sofreu no passado. Embora tenha se passado mais de um ano, todos os dilemas estão presentes, trazendo a tona tudo aquilo que ele procurava esconder. Suas brigas com sua mãe, que ganha novas camadas nesse volume, e o desconforto em usar camisetas são alguns dos pontos de sua jornada, o que torna tudo pior em sua cabeça.
Quando ele começa a se abrir sobre esses problemas, novas visões são colocadas a sua frente, demostrando não só para si, mas para nós leitores, que ele vai muito além de suas inseguranças. É lindo ver o desabrochar de Charlie, principalmente após tantos momentos sombrios ao longo da narrativa, comprovando o quão brilhante Alice pode ser na construção de seus personagens.
Nick, por outro lado, se encontra perdido com a possibilidade de não ter a pessoa em que mais confia longe no próximo ano. Sua insegurança é tanta que ele passa a anular suas próprias vontades, priorizando a proximidade do que seu crescimento pessoal. É exatamente quando ele se abre para Elle e Tara que ele entende o quão prejudicial pode ser limitar suas escolhas em prol dos outros, em umas das conversas mais maduras da HQ.
O volume ainda nos apresenta um desenvolvimento pessoal de Tori, que fala abertamente sobre suas inseguranças ao entrar em um relacionamento enquanto se entende como uma pessoa assexual, trazendo uma continuidade sublime do que foi construído em Um Ano Solitário. Sendo um dos volumes mais maduros da saga, Heartstopper – Mais Fortes Juntos, prepara o terreno para uma das despedidas mais dolorosas das HQs. Não falo no sentido de sofrimento ou angústia, mas na possibilidade de dizer adeus a personagens tão humanamente incríveis que chega a nos causar uma leve tristeza em pensar nessa possibilidade. Por fim, nos resta um último volume e a espera para conhecer, enfim, o final dessa história que tanto amamos acompanhar.
“– Eu tenho medo de ficar longe dele. Não sei quem sou sem ele.
– Talvez seja hora de descobrir.”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...