Host Indica | Rasteje Para Mim

“Olha quem tá aqui… Se não é o pequeno Ryan Shelby. Cê sempre foi o meu favorito, cê sabe.”

Ryan Shelby é um homem aparentemente normal, ele foi à casa nova, dias antes de sua esposa e sua filha, para esperar sua mudança chegar, mas eis que seu cachorro, Max, fica alarmado quando os carros da policia surgem em direção a casa de seu vizinho, Edgar, uma situação que inicia o pior pesadelo de sua vida. Edgar é acusado de pedofilia e tentativa de sequestro, durante a batida da policia, o homem saca sua arma e mata quase todos eles, morrendo no processo, mas não antes de confrontar Ryan, mostrando seu cinto e despertando lembranças traumatizantes em Ryan, o preferido de Edgar.

Desde o primeiro momento que vemos Edgar, sabemos que ele é um monstro, ele é um pesadelo em pessoa, e não precisamos ver seus crimes para entender isso, mas o efeito que sua presença desencadeia em Ryan é ainda mais assustador. Ryan revive um trauma gigantesco, fica claro que Ryan é uma das vítimas de Edgar, mas como é possivel o homem reencontrar seu carrasco num momento tão bonito de sua vida. A trama se confunde, e nos confunde, ficamos sem saber o que é real e o que é parte da ilusão da mente de Ryan, os esqueletos no porão, o sangue pelas paredes, os cadáveres, tudo nos deixa confuso, e essa é a intenção da trama. Quando vemos Jess, a esposa de Ryan, chegar com Grace, a filha do casal, ficamos pensando o quanto ela pode estar em perigo ou pode ajudar o rapaz, mas eis que é revelado que até Jess tem uma ligação com Edgar, outra das vítimas do monstro, outra das traumatizadas, outra pessoa a enlouquecer na casa, o que pode acontecer com essa dupla que está tendo o pior pesadelo da vida deles? Que fim terá Grace nas mãos instáveis da dupla?

A trama faz questão de brincar com a nossa mente, ele nos joga em toda a loucura e confusão que está a mente do casal, ficamos sem entender o que realmente está acontecendo, ficamos sem entender o que é real, e é angustiante ver o que pode acontecer a pessoas que sofreram traumas tão fortes, ao perceber o quanto o nome de Edgar pode desencadear uma série de cenas tenebrosas e o quanto aquele cinto de palhaço pode explodir um subconsciente tão ferido. A trama é tão angustiante e crua que nos agarra, nos leva a afundar fundo nessa poça de sangue, nos leva a sentir empatia por cada um dos dois e nos faz sentir que estamos sendo afogados em toda essa crueldade.

O final da trama é sem igual, com um plot twist devastador vemos a realidade por trás das mentes perturbadas e vemos o que nunca esperávamos ver, a realidade fétida, crua e exposta. Sentimos pena da dupla, entendemos tudo que aconteceu, e ficamos desorientados com a intensidade da trama, é desconcertante viver essa experiencia e dá vontade de aplaudir de pé o desenrolar, não é por menos que ele se tornou um dos títulos de terror mais aclamados pela crítica em 2011 e foi eleito “Melhor Mini-Série do Ano” pelos fãs no ComicMonsters.com. O roteiro de Alan Robert, baixista da banda Life of Agony, é indescritivelmente maravilhoso, e seu trabalho vai além ao trazer uma arte suja, tão cruel e tão real, que reflete bem a trama da história, usando bem as sombras e os tons de vermelho para tornar a experiencia ainda mais aterrorizante e empática.

“Rasteje para mim, Ryan
Isso… Continue
Rasteje para mim
Um pouco mais perto…”

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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