Numa realidade alternativa, Peter Parker estava numa agressiva batalha contra Cadaverous, o que fez Mary Jane surgir preocupada e ser atacada pelo vilão, morrendo violentamente, deixando para traz um marido e um filho, Ben Parker. O tempo passa, doze anos depois vemos Ben sendo criado por Tia May, depois que Peter se afundou em trabalhos, para lidar com a perda, e abandonou o manto do Homem-Aranha, mas muitas coisas começam a acontecer, principalmente quando Ben descobre estar despertando uma força sobre-humana e habilidade de andar pelas paredes.
Em Setembro de 2019 foi lançada oficialmente a primeira parte da minissérie Homem-Aranha, uma trama de cinco edições escrita por J.J. Abrams e seu filho, Henry Abrams, que traz arte de Sara Pichelli e colorização de Dave Stewart, e que busca explorar mais a fundo o impacto que o ‘trabalho’ como Homem-Aranha pode ter sob a vida de Peter e sua esposa, Mary Jane, uma proposta que é acentuada pela incógnita do antagonista da série, um ser original criado exclusivamente para esta realidade pela dupla Abrams, e do qual não sabemos o potencial, nem a historia pregressa e muito menos as motivações e objetivos. Quando chegamos a ler a primeira edição da saga, vemos que a trama chega além, já que percebemos que não estamos exatamente explorando o trabalho de Peter Parker ou a vida de Mary Jane, os autores nos chocam logo cara e depois nos jogam num salto temporal que nos mostra o desastre que se tornou a família Parker. A relação entre pai e filho de Peter e Ben é bem incomoda, vemos o quanto o pai parece sentir a culpa pela morte da amada e o quanto essa dor se projeta na relação com seu filho, ficando claro que a dedicada carreira internacional do homem surgiu como fuga dessa culpa.
O que mais nos chama a atenção nessa HQ é justamente a forma como ela parece querer fugir do foco principal do herói titulo, nos já exploramos tantos homens-aranhas nos universos da Marvel. Tivemos o próprio Peter Parker, Miguel O’Hara, Miles Morales, Otto Ocatvius, além dos diversos membros do Spiderverso, mas já imaginou se o novo Homem-Aranha fosse o filho do Peter Parker? Um herdeiro direto do manto, que pôde aprender com os erros do próprio pai e se tornar uma nova cara para o herói ao mesmo tempo que possui as mesmas motivações que Peter? Ou melhor, sendo a pessoa que possui como motivação para se tornar herói o mesmo acontecimento que fez Peter abandonar o manto? A trama parece trazer um grande potencial, mas ao mesmo tempo pisa num terreno perigoso, já que usa premissas perigosas em sua construção.
É claro perceber que Cadaverous planeja algo, que possui um objetivo que parece não ter sido finalizado na sua visita anterior e que está se preparando para voltar, e o despertar dos poderes de Ben surge coincidentemente nesse momento, então a trama de J.J. e Henry fica clara, eles querem trazer um novo ataque de Cadaverous como ignição para a metamorfose final, para fazer Ben Parker se tornar o novo Homem-Aranha. Resta nos agora esperar e ver se um homem tão brilhante como J.J. Abrams é realmente capaz de transformar uma trama que parece perigosa em uma arco surpreendente ou uma mancha em sua carreira e no universo da Marvel.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.