“Mas nem tudo está perdido. Mesmo nos momentos mais sombrios, os Heróis da Terra se reúnem para lutar pela salvação do planeta.”
Existem momentos no qual um mal profundo ameaça a vida terrena, trazendo uma crise a humanidade, a ponto de heróis e vilões precisarem unir suas forças para o bem maior. Mas, um evento dessa magnitude precisa ser avaliado com cuidado, pois exige seus sacrifícios e cobra um preço mais caro do que é devido… ao menos é o que se conta para o grande público.
Longe dos olhos mundanos, isolados em uma ilha no meio do Pacífico, os supers se reúnem para o evento anual, disfarçado por um grande confronto que promete colocar o mundo em perigo. A grande verdade é que esse é o momento perfeito para eles se conhecerem melhor e aproveitarem ao máximo o tempo disposto pela Vought… se é que você me entende.
Os Sete, a Liga da Revanche e a Tropa Terror são alguns dos nomes presentes no evento e, é claro, que um grupo distinto de cinco pessoas e um cachorro não poderiam ficar de fora, certo? Enquanto os Supers comemoram, nosso grupo de heróis se depara com algo mais sombrio do que imaginavam, trazendo a tona a verdade sobre uma tragédia americana que permanecia escondida até agora.
Crossovers e eventos grandiosos recheiam o mundo dos super-heróis, trazendo encontros maravilhosos que empolgam o público e vendem como água no deserto. Afinal, quem não gosta de uma boa saga lendária contra um magnifico vilão que pode mudar drasticamente as histórias que tanto amamos e conhecemos. Mas, cá entre nós, você já se perguntou o que realmente acontece nesses encontros devastadores?
Tendo essa pergunta em mente, Garth Ennis decide trucidar de vez o universo dos quadrinhos, trazendo uma versão distorcida e perturbada sobre os maiores encontros dos heróis nas HQs. O quinto encadernado de The Boys apresenta, não só o primeiro spin-off da saga, mas o trabalho mais insano dos autores até aqui. Escrita como uma minissérie de seis partes, Herogasm é, com o perdão da palavra, uma verdadeira orgia de ideias.
Ennis extrapola o nonsense de sua obra e nos entrega uma poluição visual sem precedentes, destrinchando, com maestria, a depravação de seus super-humanos e tudo o que eles representam. Como se não bastasse sua ideia inicial, Ennis ainda convida dois grandes artistas para participarem dessa empreitada, dando total liberdade para que eles ultrapassem qualquer limite estabelecido. E, acredite, John McCrea e Keith Burns levam essa ordem a seu extremo.
O primeiro terço da história é cercado por um bacanal sem fim que deixa qualquer hentai no chinelo, trazendo cenas explícitas e inventivas que só super-humanos poderiam fazer. A historia ainda explica as inúmeras baixas que acontecem nesses encontros e como elas são mascaradas para o grande público. Ennis ainda aproveita a oportunidade para dar novas camadas à histórias secundárias, aprofundando as tramas em torno da Vought e seus planos macabros na política americana.
James Stillwell é quem ganha mais espaço aqui, demostrando toda frieza e controle que ele tem sobre as situações na qual está inserido. Todos parecem fazer parte de seu jogo de xadrez, sendo colocados devidamente em suas posições para sua melhor jogada. Stillwell faz o que precisa ser feito sem um pingo de remorso, o que torna sua presença ainda mais intimidador ao longo da história.
Outro personagem que começa a ganhar novas camadas é o Patriota que, aqui, começa a apresentar mais descaradamente seus pensamentos segregatórios e ditatoriais, mas ainda sem expressar completamente o que pensa. O Super mais poderoso sabe onde esta pisando e precisa aprender a dar passos firmes em seu avanço mas, a cada frustração, ele deixa escapar a criança mimada e perturbada que se esconde atrás de sua aparência controlada, que construiu ao longo dos anos.
Elevando sua jornada a outro nível, The Boys – Herogasm extrapola qualquer linha que os quadrinhos construíram até aqui. Picotando e distorcendo tudo aquilo que achávamos conhecer, o spin-off cumpre seu papel ao trazer um dos momentos mais marcantes até aqui além de transformar completamente nossa visão sobre os maravilhosos crossovers que tanto amamos ler. E, acredite, você nunca mais vai enxergar as coisas como eram antes.
“Certo pessoal… vamos trepar!”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...