Resenha | A Bagaceira

Nota
5

Considerado o marco inicial da segunda fase do Modernismo brasileiro, A bagaceira inaugura o ciclo do ‘romance nordestino’ dos anos 1930. A história se passa entre 1898 e 1915, os dois períodos de seca. O enredo gira em torno do triângulo amoroso entre Soledade, Lúcio e Dagoberto.

“Lúcio sabia da pureza do sertão; por isso andando com Soledade, nos descampados, respeitava-a, ‘com a ideia fixa da honra sertaneja’. E, um dia percebendo-lhe certas malícias inquietou-se: ‘- Já teria o pudor deteriorado pela contaminação da bagaceira?'”

A Bagaceira é um romance ficcional e mesmo assim real, o autor escreveu esta obra baseada nas mazelas reais existentes na época e embora esses personagens não tenham existido de fato, suas histórias e características refletem a vida de muitos nordestinos que passaram por situações semelhantes às descritas na trama.

Não é por acaso que o romance de José Américo de Almeida se passa no período entre 1898 e 1915, nessa edição é dito claramente que um dos principais objetivos do autor ao descrever a rotina de brejeiros e sertanejos da época, era denunciar a questão social do nordeste, dessa forma me deparei com uma narrativa extremamente realista e tocante.

A Bagaceira é uma crítica válida e importante que me comoveu e indignou ao mesmo tempo que abriu meus olhos para o que estamos vivendo. Não é de hoje que o povo é oprimido pelos detentores do poder (eu sei que quem tem o poder é o povo, mas povo parece não saber disso), ler esse livro me mostrou que a mendicância não começou com a crise ou a dívida externa ou qualquer outro fator de que eu possa me recordar, o autoritarismo e a servidão estão ai a mais tempo do que se pode lembrar ou falar, a diferença é que agora quem segura o chicote está disfarçado de “governo”, enquanto os vassalos seguem como “servidores”.

Como já disse antes, absorvi a ideia principal, devido a linguagem clássica, cheia de lirismo tive dificuldade considerável para compreender alguns pontos da narrativa que considero quase poética, além disso o texto possui inúmeras palavras pouco usuais e em sua maioria pertencentes ao vocabulário nordestino da época, mas apesar de difícil, a tarefa de entender a mensagem se torna mais prática quando se visita o glossário disponível no livro (uma mão na roda). Sendo assim super recomendo essa obra que trata-se de uma leitura importante e cheia de qualidades embora não seja simples.

 


HOST LENDO O BRASIL
Paraíba
Ficha Técnica
 

Livro Único

Nome: A Bagaceira

Autor: José Américo de Almeida

Editora: Grupo Editorial Record

Skoob

Nasci em 2001, pernambucana de muitos sonhos e amores que faz dos livros o portal para o conto de fadas que deseja viver.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *