Resenha | A Incendiária

Nota
4

“A vida é curta e a dor é longa, e fomos postos na terra para ajudar uns aos outros.”

Andrew McGee e Victoria Tomlinson eram dois universitários procurando uma grana extra quando se voluntariam para um experimento cientifico realizado na Universidade, comandado por uma organização secreta do governo denominada A Oficina. Mas o grupo de universitários mal podia imaginar as consequências catastróficas que essa experiência trariam para suas vidas e seu futuro.

Anos depois Charlie, a filha do casal, apresenta um poder claro e  devastador. Desde pequena a menina apresenta o dom da Pirocinética, capaz de criar chamas com a mente e controla-las com seus sentimentos. Andy então percebe que ele precisa conter o poder da filha antes que ela saia do controle, tornando o ato de fazer fogo a Coisa Ruim, que Charlie deve evitar a todo custo.

Os poderes da garota despertam o interesse do governo, que pretende usar seus dons como uma arma militar, e não vão parar por nada nesse mundo. Acuados, Charlie e Andy precisam fugir se quiserem ficar juntos, mas a cada passo o caminho parece mais perigoso e destrutivo. Desnorteados e entrando em desespero, parece que pai é filha terão que aprender a usar a Coisa Ruim a seu favor, se quiserem sobreviver e escapar do seu destino cruel.

Deixando um pouco o terror de lado, A Incendiária se aproxima mais da ficção científica do que qualquer outra obra do mestre Stephen King. Enquanto Carrie, O Iluminado e a Zona Morta usam o sobrenatural para explicar os dons de seus personagens e como isso desencadeia uma serie de acontecimentos devastadores, A Incendiária tem sua base extremamente científica, com ambições mais reais do que os anteriores.

Com um enredo magnífico, King vai traçando um trama espetacular com personagens bem construídos e cheios de camada. O livro é narrado em terceira pessoa e da uma dimensão mais ampla para os pontos de vista dos McGee quanto dos seis perseguidores da Oficina. Charlie é uma menina doce e encantadora, que já sofreu traumas profundos devido aos seus poderes. É devastador ver uma criança lidando com as consequências de seus atos de uma forma tão nua e crua, trazendo uma personalidade forte para alguém tão novo. John Rainbird é outro personagem extremamente interessante, assassino de elite que usa seus dons de persuasão para se aproximar da garota.

É desconcertante o teor sexual da obra, trazendo varias metáforas para o despertar da sexualidade de Charlie, que deixa o leitor incomodado em vários pontos da narrativa e coloca o dedo na ferida. Por falar em colocar o dedo na ferida, King utiliza bem o tempo em que o livro foi escrito para fazer varias criticas sociais sobre o governo, a Guerra Fria e traumas causados pelos pais a uma criança no sentido de educar a mesma.

A Incendiária é o quarto volume do selo Biblioteca Stephen King. O trabalho gráfico da Suma de Letras com as obras desse selo são magníficos. Relançando obras consagradas do autor, que por muito tempo estiveram longe das prateleiras, a Suma toma todo o cuidado com suas novas obras. Com uma nova revisão, paginas amareladas em um papel de qualidade, além de uma capa dura em alto revelo, a suma trás uma arte impressionante, remetendo a perda da inocência e ao caos que o fogo pode trazer. O livro ainda apresenta uma arte chamuscada ao inicio de cada capitulo, como se o próprio livro tivesse sobrevivido ao incêndio devastador.

A Incendiária nos mostra outra faceta do mestre do horror, nos trazendo monstros humanos e o quão devastador podem ser os traumas que vivemos, se não soubermos controlar as chamas e aprendermos a viver com elas em vez de teme-las.

“Se eu pretendo dar a entender alguma coisa, é apenas o fato de que o mundo, embora iluminado por lâmpadas fluorescentes, incandescentes e néon, ainda está cheio de cantos e esconderijos e buracos escuros e sombrios”

 

Ficha Técnica
 

Livro Único

Nome: A Incendiária

Autor: Stephen King

Editora: Suma de Letras

Skoob

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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