Resenha | A Longa e Sombria Hora do Chá da Alma

Nota

Com um longo título, Douglas Adams traz de volta o detetive Dirk Gently para uma história repleta de mistérios onde o detetive, com suas técnicas não convencionais, poderá mostrar toda a sua habilidade. Com uma trama genial e hilária, a obra conta a história de Kate Schechter, uma americana que deseja ir a Noruega a todo custo, ignorando todos os sinais que o universo envia, enquanto o nosso detetive segue em uma vida tão monótona a ponto de aceitar um cliente que vira sua vida de cabeça pra baixo, o envolvendo em mistérios e aventuras que ele jamais imaginou.

Dizer que Adams foi sarcástico ou irônico em algum livro é praticamente uma redundância, mas ao invés de ficarmos cansados dessa característica, simplesmente pedimos por mais a cada página virada. Esse é o segundo livro da série do Detetive Dirk Gently, mas se você não leu o primeiro, tudo bem, pois elas são histórias bem independentes. A primeira coisa a falar sobre esse detetive é que a sensação que ele passa é que não está disposto a investigar nada, na verdade, ele evitaria se pudesse, e por causa disso ele entra em diversos conflitos existenciais com o universo, que geralmente terminam com ele xingando e se exaltando, numa vibe bem bipolar.

O destaque na trama é a forma como os personagens encaram as situações mais absurdas, às vezes é como se não fosse nada demais e esse estado de negação não é bizarro, é a coisa mais normal do mundo. Acontece com todos, seja nas histórias ou no mundo real, a negação e a tentativa de continuar vivendo uma realidade ruim no modo automático. O enredo segue com ele tentando desvendar um assassinato e pode-se dizer que termina com ele tentando manter a coesão lógica do universo, e nesse processo temos Kate, que tem as melhores reações aos imprevistos da vida, trazendo mais uma vez psicológicos e personalidades únicas para a história.

As histórias de Douglas são difíceis de explicar, pois geralmente seguem uma linha de ir e voltar em vários pontos, como aquela pedra que você viu no primeiro capitulo podendo ser a chave para o desfecho do último. A Longa e Sombria Hora do Chá da Alma é uma história até menos sombria do que as mais conhecidas do autor, a ponto de até fazer você dar aquela risada constrangedora em diversos momentos ao lembrar de frases aleatórias. Uma mistura que deu certo no primeiro livro e continua dando certo nessa sequência.