Nota
“Quando alguém aperta um gatilho, dispara uma bomba, faz um ônibus cheio de turistas cair da ponte, o resultado não são apenas escombros ou cadáveres. Existe outra coisa. Algo mau. Uma consequência. Uma repercussão. Uma reação a todo o ódio, dor e morte.”
Em A Melodia Feroz, vamos conhecer um mundo que sucumbiu à violência. Um cidade dividida entre Norte e Sul, uma forma de solucionar vários anos de lutas, assassinatos e monstros. No livro, conheceremos Kate Harker e August Flynn, que vivem em lados opostos de Veracidade e são filhos dos líderes desses territórios inimigos. A única semelhança entre eles é que ambos querem ser como os seus pais. A Kate quer provar que pode ser tão impiedosa e forte quanto o sr. Harker, que vende a liberdade aos humanos e coleciona os monstros de seu território. Já o August quer mostrar ao seu progenitor que está pronto para fazer parte da Força-Tarefa Flynn (TRT) e defender os inocentes. O único problema é que ele é um monstro que pode tirar a vida de qualquer pessoa usando apenas música e os Flynns estão dispostos a manter a sua identidade em segredo.
Com a ida de Kate para uma escola em Veracidade, August ganha sua primeira missão: ficar de olho na garota. Disfarçado de um garoto normal, ele tenta se aproximar de Kate, mas ela quer provar ao seu pai que não é fraca e ter August (um monstro do lado Sul) como prisioneiro pode ser uma forma de provar isso. Porém, com uma revolução entre os monstros prestes a acontecer, talvez eles tenham que mudar os planos e precisem se manter juntos para sobreviverem.
Podemos dizer que a Victoria Schwab criou um universo, no mínimo, complexo, mas não menos interessante. No livro, somos apresentados a 3 monstros: os que se alimentam de carne e osso, de sangue ou de alma, como o August Flynn. E, sem dúvidas, a explicação para ao aparecimento desses monstros, que são resultados de atos violentos, é o ponto mais forte do livro. Mas, é claro, não podemos esquecer da escrita da autora. Felizmente, ela consegue superar o ponto “fraco” do livro, que é a complexidade do universo, que no início deixa a leitura um pouco lenta. Com perfeição, ela consegue nos apresentar um mundo bastante sombrio, monstros perfeitos (um pouco assustadores, é importante salientar) e descrições quase que sensoriais.
A humanidade presente nos personagens é um fator que salta aos olhos. A Kate, por exemplo, é uma personagem muito bem construída, que perde a mãe cedo, tem um pai ausente e, mesmo assim, quer estar próxima dele, quer provar que merece o seu reconhecimento. Mesmo assim, nós, leitores, podemos perceber o quão forçado isso é. A personagem quer provar algo que ela não é! Já o August, apesar de ser um monstro, de ser resultado de um ato violento, é um ser bom e justo, que não quer sucumbir às trevas; que só quer ser um humano, uma pessoa normal. Mesmo tendo protagonistas de gêneros diferentes, a autora não inseriu um romance na narrativa. E em nenhum momento o leitor sente falta disso. Outro ponto positivo? Sim!
A Melodia Feroz não é um livro único. É uma dualogia, ou um dueto (entenderam a referência?) entre Kate e August. No final do livro, a autora deixa pontas soltas para uma continuação. Apesar de que poderia ser facilmente um livro solo com um final em aberto… Mesmo tendo atos violentos, muito bem narrados por sinal, e sangue, muito sangue, esse não é um livro de terror, mas uma história de dois adolescentes bastante diferentes tentando sobreviver num mundo falido, tomado pela violência, onde a única forma para melhorar a situação é através de notas musicais mortais.
Ficha Técnica |
Livro 1 – Monstros da Violência Nome: A Melodia Feroz Autor: Victoria Schwab Editora: Seguinte |
Skoob |
Jadson Gomes
Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.