Nota
“Porque você, Gwendy Peterson? Entre todas as pessoas neste mundo, por que ele escolheu você? (…) De onde ele veio? Por que estava de olho em você? (As palavras exatas dele! Que diabos é aquela caixa… e o que está fazendo comigo?”
A pequena Gwendy Peterson esta determinada a deixar o passado para trás. Durante boa parte do sexto ano, ela foi motivo de chacota por seu peso na Castle Rock Elementary, mas isso deixaria de ser um problema. Ela se despediu do primário e deixaria o sobrepeso para trás, junto com a antiga escola. É por isso que dia após dia ela sobe correndo a Escadaria Suicida, procurando observar seus sapatos no final da mesma e apagar sua barriga sobressalente. É em uma dessas subidas que ela encontra um misterioso homem vestido totalmente de preto, exceto pela camisa branca desbotada, que se diz chamar Richard Farris e tem um presente para ela.
Receosa, Gwendy evita se aproximar do estranho homem, até ele demonstrar saber mais sobre a própria Gwendy do que ela gostaria de admitir. Farris então lhe apresenta uma pequena caixa de botões, que, segundo ele, esta destinada a pertencer a ela. E o pior é que Gwendy no seu âmago sabe que é a mais pura verdade. A caixa possui duas alavancas, que lhe dão presentes diários e oito botões que, em hipótese nenhuma, devem ser apertados levianamente.
Depois de entregar a caixa e dar conselhos sobre esconder ao máximo e manter segredo sobre a mesma, Farris se afasta e desaparece, deixando Gwendy com um presente magnífico que parece ter saído de um de seus amados livros, mas vai chegar o tempo em que ela terá pesadelos com o chapéu negro de Farris, e com o presente misterioso que ele lhe apresentou aquela manhã.
Castle Rock já nos apresentou histórias horripilantes, que nos acompanham muito depois de fecharmos suas páginas, repletas de estranhos acontecimentos e com demônios saídos dos mais profundos abismos do inferno, mas uma história nunca foi contada… e está na hora de a conhecermos.
Com várias referencias ao conto A Caixa, de Richard Matherson, e com um profundo conhecimento de como desenvolver uma história curta e envolvente, Stephen King nos leva de volta a Castle Rock de uma maneira memorável. A Pequena Caixa de Gwendy, embora curta, consegue ser tão devastador e cheio de questionamentos a ponto de deixa o leitor com um gosto de quero mais ao acabar suas páginas. A escrita detalhista de King é deixada de lado nessa obra, mas isso não diminui a qualidade e a profundidade da obra. Mostrando bem a sedução que permeou tanto tempo na mente do autor, que não conseguia terminar a obra de um jeito satisfatório, é ai que entra a parceria com Richard Chizmar, que engrandeceu e aprimorou esse conto magnífico.
A obra nos apresenta várias referências a obras de King e nos levanta questionamentos sobre as ramificações de nossas escolhas podem trazer consequências em tudo que acontece ao nosso redor. Gwendy é doce e amável, mas por vezes se mostra bastante egoísta e disposta a tudo para defender o seu sombrio segredo. Mas pensamentos sombrios começam a entrar em sua mente: até que ponto ela controla seu destino e o quanto é influência da milagrosa caixa? O quanto foi esforço seu e o quanto foi lhe dado de presente por um poder maior do que ela? Um poder terrível que pode destruir o mundo em questão de segundos.
Temos também o misterioso Richard Farris, que parece se divertir com as dúvidas da menina e prolongar seu tormento o máximo que puder. E Sempre mostrando-se presente de uma maneira assustadora. De uma forma Sedutora, mas sem perder o tom sombrio e tenebroso, Richard lembra muito outro personagem profundamente marcante de King que, inclusive, possui as mesmas iniciais que o homem de preto da nossa história. Estamos de olho, Senhor King!
A primorosa edição da Suma possui um cuidado esplendoroso. Com capa dura e magníficas ilustrações feitas por Ben Baldwin e Keith Minnion, o livro mostra a que veio e nos transporta com todo o zelo por suas páginas. E por falar em páginas, elas são amareladas e possui um arranjo belíssimo, com os nomes dos atores em destaque nas laterais e uma fonte confortável e convidativa, que ajuda o leitor a mergulhar de vez na história.
A Pequena Caixa de Gwendy é um agradável retorno a uma das cidades mais sombrias e icônicas de Stephen King. Os autores nos mostram que não necessita de um calhamaço para prender o leitor e desenvolver uma historia magnífica. Nos fazendo indagar o que faríamos com um poder tão devastador e se estamos mesmo dispostos a ter nossa vida melhorada, mesmo que esse objeto nos consuma de uma maneira devastadora, nos fazendo indagar constantemente do que somos capazes para manter tudo no mais perfeito equilíbrio… antes que se perca a sanidade.
“E, por um tempo, tudo fica bem. Ela acha que a caixa de botões esta dormindo, mas não confia nem um pouco nisso. Porque, mesmo que esteja dormindo, ela dorme com um olho aberto.”
| Ficha Técnica |
Livro Único Nome: A Pequena Caixa de Gwendy Autor: Stephen King e Richard Chizmar Editora: Suma de Letras |
Skoob |
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...
