Resenha | A Zona Morta

Nota
3

“Os pressentimentos nunca lhe causavam sobressaltos, e também não eram muito frequentes. Foi só na noite da feira regional e da máscara, que algo muito assustador aconteceu, antes do segundo acidente.
Mais tarde, ele pensaria nisso com frequência.
A Roda da Fortuna aconteceu antes do segundo acidente.
Era como uma advertência vinda diretamente da sua infância.”

John Smith sofreu um acidente quando criança, que trouxe pequenos lampejos sobre o futuro que o próprio garoto não conseguia entender. Anos depois, já formado e com uma boa carreira de professor, John tem tudo o que deseja. É amado por seus alunos, respeitado em seu trabalho e corteja uma garota sem igual: Sarah Bracknell. E é com ela que ele vive a melhor noite de sua vida, visitando uma feira regional na cidade de Esty.

Mas tudo começa a desandar quando John decide testar sua sorte na Roda da Fortuna, onde acerta cada uma de suas apostas de uma maneira sinistra que deixou a Sarah desconfortável e assustada. Após deixar a garota em casa, ele pega um táxi e sofre um acidente terrível, com consequências devastadoras. Smith desperta do coma quatro anos depois do acidente, mas não é mais o mesmo.

Com apenas um toque, ele é capaz de ver o passado e o futuro de uma pessoa. Capaz de entender o que se passa na mente de cada um, e sugar informações sigilosas e sombrias que ninguém contaria a outra pessoa. John então se vê famoso da noite para o dia, requisitado por muitos que acham o seu dom divino e maravilhoso, coisa que John não se sente nem um pouco. Quatro anos se passaram, sua mãe esta enterrada em suas crenças a ponto de parecer insana, a mulher que ele ama se encontra casada, as pessoas esperam que ele resolva seus problemas com apenas um toque. Seus poderes, tão desejados pelos outros, lhe parecem uma maldição sem precedentes.

Ele não desejou isso, mas também não consegue se livrar das visões. Mas o que fazer quando elas se tornam ainda mais sombrias e só você pode por um fim ao que parece ser o fim dos tempos?

Escrito no final dos anos 70, A Zona Morta é um dos livros mais políticos do Stephen King. Repleto de fatos históricos e tramas envolvidas com o tema, King nos mostra o poder que essa ferramenta tem para a sociedade. Confesso que por ser uma das obras mais aclamadas do autor as minhas expectativas atingiram a estratosfera, mas me encontrei bem decepcionado ao terminar a trama. Não me entenda mal, o livro não é ruim, mas eu esperei mais.

O livro parece seguir três tramas distintas; a do pobre John, que vê sua vida transformada após o acidente, a do Serial Killer na pacata Castle Rock, e a do político Greg Stillson, que não mede esforços para conseguir seus objetivos. O problema é que boa parte do livro se foca na adaptação de John a sua nova realidade e seus dilemas pessoais, que parecem de arrastar e se repetir ao longo da trama, deixando o resto em segundo plano sem o desenvolvimento devido.

O livro cria uma expectativa enorme para o momento de choque dos enredos mas eles se mostram fracos e jogados.
Mas o livro aborda críticas fantásticas ao longo de sua trama, como é o exemplo da personagem Vera Smith, mãe do protagonista, que mostrar ao leitor o perigo do fanatismo religioso e suas consequências pessoais. Um tema não tão raro no currículo do autor, mas que se mostra bem desenvolvido e arrebatador.

Greg Stillson é o típico politico boa praça que vende propostas irreais mas esconde esqueletos no seu armário, disposto a tudo para conseguir crescer e se tornar alguém de destaque. John é simpático e envolvente, o leitor se encanta com o mesmo logo de cara e é doloroso acompanhar o quanto suas visões custam ao rapaz. O Serial Killer, personagem tão importante em outra obra do autor, parece ter sido simplesmente jogado na trama de qualquer maneira, um fato bem decepcionante para o livro que marca a estreia do mesmo no multiverso de King e suas poderosas ligações.

A obra chega ao Brasil pela mãos sombrias da Suma. Com uma capa de tirar o folego ao extremo e cuidado com a tradução e nas artes gráficas, o livro é um excelente aquisição para sua estante. Obrigado por todo o carinho e dedicação que vocês demonstram em cada uma de suas obras. De todo coração.

Repleto de críticas sociais, mas perdido no meio de seu desenvolvimento, A Zona Morta abre portas para questionamentos profundos no leitor e nos faz indagar uma sociedade tão atual que parece ter sido escrito esse ano. A grande duvida que permanece é: ate onde você iria se pudesse matar o bebê Hitler e impedir a Segunda Guerra mundial?

“ A criança na pele do tigre ri, mas também fica rosnando e mordendo, porque o jogo é assim… Acho que Stillson também conhece esse jogo.”

 

Ficha Técnica
 

Livro Único

Nome: A Zona Morta

Autor: Stephen King

Editora: Suma de Letras

Skoob

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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