Resenha | Contra Todas as Probabilidades de Amor

Nota
5

“E aqui estamos nós, sentadas ao redor do Círculo da Esperança: uma bulímica, uma garota que se automutila, uma adolescente que sofre de depressão, uma calamidade anoréxica, bipolar e maníaco-depressiva (autodiagnosticada) que às vezes sente que é um garoto vivendo em um corpo de menina, Madison e eu.”

Zander Osborn (Z) poderia ser uma garota normal, mas ela não é, Z é especial, e não da boa forma, e por isso é matriculada por seus pais no Acampamento Pádua, um retiro para pessoas mental e emocionalmente perturbadas, um lugar onde Z descobre o que realmente é viver. No acampamento, Z acaba conhecendo pessoas com todos os tipos de disfunção, temos Cassandra Dakota (Cassie), uma aberração anoréxica, bipolar e maníaco-depressiva, Grover Cleveland, o filho pré-louco de um esquizofrênico que vive o tempo todo se preparando para o dia que vai perder sua sanidade, Dori, que após a separação dos pais está passando por uma intensa depressão, Hannah, que vaga pelo acampamento com mangas longas para esconder seus braços cobertos de cortes, Katie, que não se aceita e tem os dedos completamente feridos por tanto forçar vomito, e Alex Trebek, um divertido e cativante mentiroso compulsivo.

É preciso avisar que este livro é incrivelmente envolvente e pode mexer com sua cabeça de múltiplas formas, se você acha que é capaz de enfrentar qualquer sick-lit, é por que você ainda não conheceu Contra Todas as Probabilidades de Amor. Logo de cara somos levados a conhecer a visão de Z sobre as coisas, somos apresentados ao acampamento e a todas as disfunções de seu campistas mas, acima de tudo, somos poupados dos motivos que levaram a jovem Zander para aquele local, e temos um claro motivo pra isso: a autora não queria que soubéssemos a verdade antes do momento perfeito e o momento perfeito é justamente quando estamos tão envolvidos com a Zander que a revelação desse segredo nos fere tanto que ficamos em choque com a situação, que sentimos pena pela garota e percebemos o quão tóxico é o ambiente que ela cresceu, o quanto sentimos o mesmo que ela e o quanto estamos sujeitos a tomar as mesmas decisões infelizes. Como se a vida de Zander não bastasse para abalar nosso psicológico. O livro se fortalece ainda mais com as cartas, escritas pelos personagens, que vão surgindo a cada inicio de capitulo e nos ajudam a ver o que cada um deles está sentindo em seu intimo, além de ter um pouco de interação externa e pequenas piadas.

“- Por que você sempre tem que me tocar?
– Por que isso me faz lembrar que você é real. E constatar isso me deixa feliz.”

 Rebekah Crane faz questão de criar Cassie, a pior pessoa que existe na face da terra, com toda a sua personalidade ácida e repelente, e nos faz ficarmos apegados a ela, ela nos faz amar a ‘Magrela’ para que a dor seja ainda maior quando conhecemos a verdade por trás de torna a personalidade e para nos levar às lagrimas por essa ‘vilãzinha’. Se isso já for suficiente, saiba que Rebekah foi além ao criar Grover, que merece toda a nossa pena e atenção, um garoto fofo o suficiente para ser capaz de ver o melhor em Zander e Cassie, um garoto que nos faz desejar pega-lo no colo e dizer que vai ficar tudo bem quando vemos todo o seu sofrimento, toda a espera e a tortura de saber que sua esquizofrenia pode se manisfestar a qualquer momento e o hoje pode ser o último dia para aproveitar a sanidade. O livro trata o tempo todo sobre sanidade, e ele explora isso até quando expõe os segredos de Madison, uma das monitoras do acampamento, e de Kerry, o dono do acampamento, nos mostrando que até as pessoas mais ‘perfeitas’ carregam um trauma, todos tem uma mancha mental ou emocional e todos são capazes de surtar, e está tudo bem.

Apesar de originalmente se chamar “The Odds of Loving Grover Cleveland“, e de ter uma temática de amor em seu título, a trama não focada no romance entre Z e Grover, a relação pode ocupar boa parte da história, mas não é sua protagonista, a trama é sobre se encontrar, sobre ter amigos em quem confiar, sobre ter um porto seguro, sobre ter coragem de mudar, sobre se reerguer e sobre ver o lado bom da vida. O livro nos mostra que o que realmente importa é não se deixar derrubar pelos maus momentos, é achar uma motivação para viver e saber que no final você é importante, você pode ser quem você quiser, você pode ser amado e você pode encontrar uma saída. Além de tudo, essa não é uma história triste, ela é apenas real, mostrando o quanto a vida é dificil, mas Rebekah faz questão de mostrar que há felicidade nos momentos ruins, fazendo o livro possuir uma trama encantadoramente doce e divertida, que nos faz sorrir e chorar durante a leitura, fazendo com que a gente se apaixone por seus personagens ao mesmo tempo que ela aborda vários temas importantíssimos para nossa realidade de uma forma extremamente leve e fluida.

“Enquanto nos distanciamos, eu olho para trás e flagro Grover erguendo o braço e agitando o punho no ar num gesto de vitória.”

 

Ficha Técnica
 

Livro Único

Nome: Contra Todas as Probabilidades de Amor

Autor: Rebekah Crane

Editora: Faro Editorial

Skoob

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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