Resenha | Dentes de Dragão

Nota
5

“‘A caça aos ossos’, escreveu Johnson, ‘exerce um singular fascínio sobre os caçadores: eles nunca sabem o que vão encontrar, mas a possibilidade de encontrar é combustível suficiente para que continuem procurando.'”

Em 1876 o Oeste americano presenciou a guerra dos ossos, um período de intensa especulação e descoberta de fósseis durante a Idade Dourada na história dos Estados Unidos, protagonizado pelos famosos paleontólogos e arquirrivais Edward Drinker Cope, da Academy of Natural Sciences da Filadélfia, e Othniel Charles Marsh, do Museu Peabody de História Natural na Universidade de Yale. A dupla vive por viajar o território à caça de fósseis de dinossauros, enquanto vigiam, enganam e sabotam um ao outro, e no meio dessa disputa surge o arrogante estudante de Yale, William Johnson.

Johnson pretende vencer uma aposta, e para isso se junta à expedição de Marsh, o problema é que o professor tem uma enorme desconfiança das intenções do estudante, e vai alimentando isso até o momento que, num êxtase paranoico, o paleontólogo se convence de que o jovem é um espião a serviço do inimigo e o abandona numa perigosa cidade, o que faz o garoto se unir ao grupo de Cope e se deparar com uma descoberta de proporções históricas: um conjunto de dentes de dragão.

“- Este achado sozinho, já seria suficiente para justificar todo tempo que passamos no Oeste – declarou Cope. – Estes dentes foram uma descoberta de proporções épicas. São os dentes de um dragão!”

O livro é dividido em 3 partes, na primeira delas, “A Expedição para o Oeste”, vemos toda a história de como Johnson se meteu nessa aposta e como conseguiu entrar no grupo de Marsh, vemos sua saída em excursão e todo o infortúnio que o fez se juntar a Cope. Logo em seguida chegamos em “O Mundo Perdido”, que se inicia no momento em que a equipe de Cope monta o acampamento e começa as escavações e narra toda a trama que levou à descoberto do maior dinossauro já conhecido para a época. A terceira, e ultima parte, “Dentes de Dragão”, acontece após William Johnson se separar de seu grupo, contanto toda a sua aventura na busca por finalizar sua missão, levar os ossos perdidos até Cope. Confesso que a melhor parte do livro é a terceira.

Michael Crichton é um herói para a pré-historia cinematográfica, ele nada mais é do que o autor da obra que deu origem ao lendário filme Jurassic Park, e ele volta a suas origens com um livro que toca no tema dos dinossauros, mostrando uma mistura de ficção e biografia onde vemos que não é só em Jurassic Park que escavar o passado se torna perigoso. Michael cria um jovem chamado William Johnson para protagonizar a trama, e através dele ensinar quem foram os famosos Cope e Marsh, com varias pitadas de personagens reais, um pouco de ficção para temperar a trama, e algumas licenças poéticas para diminuir a historia, é possivel ver anos de rivalidade resumidos a um verão tão intenso e perigoso que nos faz devorar essas páginas.

“‘De modo geral, o professor Cope se revela uma pessoa muito mais generosa e humana que seu antagonista, que não passa de um fanático, um desesperado que inferniza a própria vida tanto quanto atormenta a dos que estão sob seu comando. Cope, por sua vez é um sujeito comedido, equilibrado, além de muito simpático. ‘ Não demoraria muito para que Johnson tivesse uma visão bem diferente de Cope.”

O livro ainda conta com um grande toque na ferida ao contar uma versão controversa dos fatos, para todos os estudiosos, está claro que o Brontossauro (dono dos dentes que nomeia o livro) foi uma descoberta de Marsh, sendo exposto em Yale por conta disso, mas Crichton conta nos livros a historia de acordo com a versão de Charles Hazelius Stenberg, que escreveu o livro The Life of a Fossil Hunter, em 1909, e conta sua biografia e como, enquanto braço direito de Cope, presenciou a descoberta do dinossauro, logo vemos um livro onde Cope descobre e nomeia o Brontossauro, um atitude corajosa que nos ajuda a ver o outro lado da historia. O livro inteiro se baseia em diários e biografias, dessa forma Michael une os relatos de pessoas reais para tecer a sua ficção e a tornar tão emocionante e tão palpável, ao mesmo tempo que é tão instrutiva.

Um autor tão ilustre dificilmente deixaria de produzir um livro que não o fizesse jus, mas no final das contas é o trabalha editorial da Editora Arqueiro que torna ele tão atrativo visualmente, seu nome junto com a imagem da capa desperta logo de cara uma curiosidade gigantesca, sua diagramação e paginas amarelas, torna a leitura fluida e confortável, e sua lombada vermelha dá um destaque especial para figurar qualquer estante. O livro merece toda a atenção e leitura, pois seu ritmo perfeito e enredo brilhante vão lhe fisgar instantaneamente, e aos que querem ir além, teremos uma futura adaptação em formato de minissérie pelo canal National Geographic com a Amblin Television e a Sony Pictures.

 

“Revendo os fatos com um distanciamento de mais de cem anos, é razoável dizer que o Oeste descrito nestas páginas, assim como o mundo dos dinossauros, não tardaria a evaporar do mundo.”

 

Ficha Técnica
 

Livro Único

Nome: Dentes de Dragão

Autor: Michael Crichton

Editora: Arqueiro

Skoob

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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