Nota
“Nem toda beleza será capturada”
Perto de uma mansão existe um maravilhoso jardim. Isolado do mundo por uma grossa redoma, o jardim acolhe flores exuberantes, arvores magnificas… e uma coleção de preciosas Borboletas. Jovens mulheres que foram sequestradas e mantidas em seu belo cativeiro por um psicopata obsessivo que se denomina O Jardineiro.
Cada uma delas foi tatuada com uma espécie de borboleta, uma tatuagem enorme com um complexo desenho que cobria toda sua costa. Cada uma recebeu um novo nome e cada uma deitou com o Jardineiro após ele ter terminado seu trabalho. Maya foi uma dessas meninas e ela tem muito o que contar.
Após a descoberta do Jardim, os agentes Victor Hanoverian e Brandon Eddison tentam juntar as peças do mais chocante e perturbador caso de suas vidas. Maya é a única que pode iluminar o caminho dos agentes, mas não parece muito disposta a dar os detalhes sórdidos de sua experiência traumatizante. Em meio a traumas passados, velhas e novas feridas e um relatos sobre um homem fanático pela beleza finita, Maya esclarecer vai tecendo uma complexa teia que se torna agonizante a cada nova frase, mas que parece esconder muito mais do que é contado.
Sabe aqueles livros que você nem consegue começar a descrever? Então, é em um desses dilemas que eu me encontro nesse momento. Eu não sei bem como começar essa resenha, e só duas palavras me vem a mente neste momento; Belo e Repugnante. O Jardim das Borboletas da inicio a uma trilogia denominada The Collector brilhantemente escrita por Dot Hutchion. O livro se divide em três partes, uma para cada dia de depoimento de Maya e troca sua narração entre primeira e terceira pessoa.
Todos os abusos e crueldades cometidos no Jardim são narrados pela perspectivas e memorias de Maya, que não esta muito dispostas a relatar os fatos. A garota possui uma personalidade forte e desafiadora, cheia de comentários ácidos e certeiros que tende a tirar o Agente Brandon do serio. Mas conforme vamos conhecendo melhor a personagem conseguimos entender seu comportamento e criar uma empatia pela mesma, embora a desconfiança cerque o leitor como uma áurea sombria e pulsante.
Dot é uma escritora fria e descritiva, que não poupa palavras para descrever o horror que cerca o Jardim e a crueldade humana. É fascinante como algo tão belo possa se tornar tão asqueroso nas mãos hábeis da autora, nos provocando sentimentos fortes de repulsa e raiva enquanto somos carregados de tanta beleza em contraponto.
O livro chega em uma nova versão pela Editora Planeta, que teve um trabalho primoroso com a edição. A capa dura é magnifica assim como todo o trabalho gráfico do livro. As paginas amareladas e a fonte escolhida são um conforto para os olhos, e o desenhos impactantes que separaram as partes do livro são um deleite.
O Jardim das Borboletas é um trillher cruel e impactante, que choca o leitor e nos faz indagar ate onde a crueldade humana é capaz de ir. Dot consegue prender a atenção do leitor e nos faz devorar o livro sem nenhum pudor, nos mostrando que ate mesmo o belo pode ser cruel e que nem toda beleza será capturada.
“Coisas bonitas têm vida curta, ele havia me falado na primeira vez que nos encontramos. Ele se encarregava de que fosse assim e depois empenhava em dar a suas Borboletas um tipo estranho de imortalidade.”
Ficha Técnica |
Livro 1 – The Collector Nome: O Jardim das Borboletas Autor: Dot Hutchison Editora: Planeta |
Skoob |
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...