Nota
Imagina saber a data de sua morte. Como você viveria com essa informação? Esse é basicamente a premissa que gira em torno de Os Imortalistas, da Chloe Benjamin.No livro, conheceremos 4 irmãos: Simon, Klara, Daniel e Varya. Os irmãos Gold. Após ouvir comentários de que há uma vidente na vizinhança prevendo o futuro das pessoas, eles saem cuidadosamente de sua casa e vão em busca da misteriosa cigana. E ela, de fato, diz as datas. Anos mais tarde, com todos adultos, cada um segue sua vida.
O Simon tornou-se um menino dedicado à sua mãe, mas decidiu tentar a vida em São Francisco junto com sua irmã, a Klara, que sonha em ser ilusionista. Já o Daniel torna-se um renomado médico do exército e precisa lidar com a pressão de generais carrascos. E a Varya torna-se cientista e busca a imortalidade, através de estudos sobre a longevidade. Mesmo após alguns anos, eles precisam lidar com o medo da chegada do tão esperado dia, o dia de suas mortes.
Neste livro, a Chloe Benjamin brinca o tempo inteiro no livro com a ideia de destino e escolha, realidade e ilusão. Isso porque o leitor acaba ficando com a dúvida: será que eles morreram tentando mudar a data dita pela vidente? Ou foi somente o destino, como eles acreditaram no início? E esse jogo é o interessante no livro e o que faz com que continuemos a leitura, mesmo que ela dê uma leve desacelerada em alguns momentos.
Apesar de parecer que haverá algo de ficção fantástica, não será isso que você encontrará. Toda a história se aprofunda na vida desses 4 irmãos, suas relações, seus futuros que sempre parecem estar ligados aos seus passados, principalmente o dia em que encontraram a vidente. Fica claro que este fatídico dia estará sempre sendo retomado ao longo da história e parece que isso molda a personalidade dos personagens, o que pode incomodar um pouco. Aqui, todos os irmãos têm uma personalidade bem definida; por exemplo, a Klara é a mais aventureira, a que busca seus sonhos; o Simon é o que não se permite viver e só faz isso após ouvir de Klara que o seu tempo está acabando; o Daniel é o mais apegado a família, principalmente depois da morte de Simon; e a Varya é a mais difícil de lidar, ela é a mais distante. Mesmo que eles tenham uma boa construção, alguns deles têm uma história mais arrastada, como, por exemplo, a Klara e, principalmente, a Varya.
Um fator bastante positivo no livro é a relação das histórias com o contexto social em que elas estão ambientadas. Por exemplo, a ida de Simon para Las Vegas, junto com a Klara, mostra-nos a epidemia do HIV na década de 80. Essa relação dá um up no livro e, além de entreter, informa e explica ao leitor como tudo isso aconteceu, começou sendo chamado de “câncer” e, somente em 1981, foi chamado de HIV. Esta relação entre ficção e ambientação real traz uma verossimilhança à história. Um ponto bastante positivo.
Apesar da premissa interessante, Os imortalistas não tem tanto êxito na construção da linha tênue entre destino e escolha. É claro que o leitor consegue perceber essa linha, mas nem sempre isso é apresentado de uma maneira, digamos, brilhante. Assim, é muito mais fácil terminarmos a leitura para saber como a história é finalizada e como os personagens chegarão ao seu dia do que pela narrativa. Uma pena. Afinal, uma história com bastante potencial.
Ficha Técnica |
Livro Único Nome: Os Imortalistas Autor: Chloe Benjamin Editora: HarperCollins |
Skoob |
Jadson Gomes
Universitário, revisor. E fotógrafo nas horas vagas.