Nota
“Estamos presos um ao outro, goste ou não, então tenho o direito de saber qual é o seu lance antes que me pegue de surpresa.”
Quando sua mãe foi eleita Presidente dos Estados Unidos, Alex Claremont-Diaz se tornou o novo queridinho da mídia norte-americana. Dono de um carisma sem igual, de uma beleza estonteante e com uma personalidade forte e decidida, o rapaz pretende seguir os passos de seus pais e construir uma carreira politica, se tornando um prodígio como sempre soube que estava destinado a ser. Mas, quando sua família é convidada para o casamento real do príncipe Philip, da coroa Britânica, Alex precisa encarar o seu maior desafio diplomático: Henry, o irmão mais novo de Philip, o príncipe mais adorado e engomado do mundo, com quem constantemente Alex é comparado – e a qual ele detesta com todas as forças do seu corpo.
O encontro entre os dois sai pior do que o esperado, a ponto de, no dia seguinte, todos os jornais do mundo estamparem em suas capas, fotos de Alex e Henry caídos em cima do bolo real, insinuando uma briga entre eles. Buscando evitar um desastre diplomático, a dupla passa um fim de semana fingindo serem melhores amigos, convivendo vinte quatro horas por dia em vista de todos os paparazzis mundiais. Mas, essa aproximação forçada começa a evoluir para algo que nenhum dos dois poderia imaginar – e que não tem a menor chance de dar certo. Ou será que tem?
“História, hein? Aposto que poderíamos fazer história.”
Em meio à nova onda de obras contemporâneas, Casey McQuiston se tornou um nome de destaque, demostrando uma desenvoltura envolvente que conquistou uma verdadeira onda de fãs no tiktok mundial. Elu ganhou destaque em sua obra de estreia, que construía um mix divertido entre uma trama política internacional e um romance enemies to lovers, tão conhecido no meio literário. Pois bem, Vermelho, Branco e Sangue Azul traz uma narrativa dinâmica e envolvente, mas que causa certo estranhamento a primeira vista. A obra possui uma linguagem semelhante às famosas fanfics, que se torna agradável ao longo da narrativa, mas nos distancia no primeiro contato. Porem, se a escrita pode demostrar algum desconforto no início, os personagens nos conquistam logo de cara.
McQuiston consegue construir com maestria personagens complexos e multifacetados, que trazem mais em sua narrativa do que esperávamos. Alex é vivaz e energético, e sabe bem o quanto custou a sua mãe chegar no lugar que chegou. Tendo enfrentado o preconceito desde que se entende por gente, o rapaz sempre desejou ser o melhor que podia ser, tentando se provar para si mesmo e para os que estão ao seu redor. Sua jornada envolve um caminho de auto-descoberta, tanto sobre sua sexualidade quanto em suas expectativas sobre o futuro. O peso de ser um dos membros do Golden Trio da Casa Branca cobram um alto preço, principalmente quando o próprio Alex se coloca em um caminho já traçado, onde não existe espaço para falhas. Henry, por outro lado, cresceu em uma família rígida, que não permite que exista espaços para que ele seja minimamente como deseja ser. Sendo tratado como uma ferramenta pela própria família, o príncipe assume um ar formal e polido, que se torna uma incógnita para o leitor e entra em contraste com a despreocupação jovial do queridinho da América, sendo a receita perfeita do clichê romântico que tanto amamos acompanhar.
E é exatamente quando os personagens se despem dessas ideologias que a trama brilha. O convívio entre eles e a troca crescente sobre as intimidades que possuem trazem uma construção impecável, principalmente quando eles passam a entender suas semelhanças e diferenças. A evolução do romance se mostra gradual e assertiva, nos trazendo ótimos momentos que encantam a cada nova virada do relacionamento de seus protagonistas. Mas, o grande acerto de McQuiston está em sua trama política. O enredo que envolve Rafael Luna é um dos mais interessantes da obra, trazendo reviravoltas complexas que nos instigam a cada nova aparição do personagem. Quando passamos a entender seu drama e a amplitude de suas escolhas, a obra ganha novas camadas, principalmente nos sacrifícios políticos e pessoais que o personagem exige a cada nova vertente apresentada.
A tradução feita pela Seguinte traz um regionalismo exemplar, com termos adaptados que constroem momentos divertidos a obra. Cada escolha foi pensada para aproximar o leitor brasileiro, trazendo uma ligação imediata que desperta nosso mais sincero sorriso. Parabéns pelo cuidado Seguinte, foi um baita acerto. Com uma trama repleta de um clichê açucarado, Vermelho, Branco e Sangue Azul sabe como conversar com o seu público. O livro consegue trazer um ar de conforto que abraça o leitor que não se via representado, demostrando um cuidado oportuno que pode, e deve, ser reconhecido pelos seus méritos. Afinal, as vezes precisamos de momentos assim para fazermos história, e não existe nada de ruim em aproveitarmos um bom romance divertido.
“Não importa de onde você venha ou quem seja sua família; você sempre pode ser incrível se for verdadeiro consigo mesmo.”
Ficha Técnica |
Livro Único
Nome: Vermelho, Branco e Sangue Azul Autor: Casey McQuiston Editora: Seguinte |
Skoob |
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...