Nota
“Meu amor, vai passar rapidinho. São três semaninhas no máximo.
Com o avanço da pandemia e a chegada do lockdown, Dona Isadir, uma humilde senhora do Cachambi, precisa se mudar para a casa de Carlos, seu filho, na Barra da Tijuca, uma mudança temporária que deveria durar apenas as três semanas de lockdown mas acaba se perdurando por mais de setenta semanas. Intrometida e descontraída, Dona Isadir transforma em um caos a vida de todos na casa, principalmente de Alice, sua nora que é uma renomada advogada das celebridades, criando inúmeras situações ao lado de seus netos Jonas e Márcia, um jovem antenado na tecnologia e uma jovem estudante de medicina que só quer saber de pegação, da empregada da casa Marinez, extremamente folgada, de sua melhor amiga Fátima e de seu afilhado César.
Aproveitando uma situação cheia de potencial humorístico que aconteceu durante a pandemia, Rodrigo Sant’Anna comanda a divertida sitcom nacional encomendada pela Netflix, a primeira produção multicâmera brasileira da plataforma. Assumindo o posto de showrunners, roteirista e protagonista, Sant’Anna entrega o humor escrachado que já virou sua marca registrada, e que garantiu o sucesso das séries Os Suburbanos e Tô de Graça, que o projetou na época do surgimento de Valéria Bandida, e que até hoje se mostra extremamente atual e atrativo. Dona Isadir lembra muitos traços dos clichês de sogras, sempre brigando com a nora e sendo um amor com o filho e os netos, e poderia facilmente ser uma parente distante de Dona Graça, é ela quem rouba a cena em todas as suas aparições, brincando com o contraste do estilo de vida que tinha antes de ir morar lá e com as investidas da nora, sempre tentando faze-la voltar para seu apartamento suburbano.
No elenco (cheio de nomes que já figuraram programas globais) ainda temos Rafael Zulu no papel de Carlos, o filho que se vê no meio de uma guerra ao tentar agradar a mãe e a esposa, e Lidi Lisboa no papel de Alice, a rica esposa bilingue que se incomoda com o jeito exagerado da sogra, o elenco principal se fecha com Pedro Ottoni no papel de Jonas, Bárbara Sut vivendo Márcia e Daniela Fontan como a empregada Marinez. Como se não bastasse o elenco de peso, a série ainda conta com inúmeros rostos bastante conhecidos da televisão e da internet no elenco de suporte e nas diversas participações. Além de termos o youtuber de humor Ney Lima interpretando César, a série ainda conta com as aparições de Pepita, Isaías Silva, Vittor Fernando, Danielle Winits, Buchecha, Jojo Maronttinni, e tantos outras personalidades.
Levando para a Netflix um formato que já fez sucesso na TV aberta e na fechada, A Sogra que te Pariu agrada bastante, justificando o fato de a série ter batido a mais recente temporada de Élite e alcançado a primeira posição do ranking top 10 diário em apenas 48 horas. O show pode até parecer incomodo no inicio, mas no decorrer dos seus dez episódios de cerca de 25 minutos vai tomando forma e corrigindo seus cortes bruscos, deixando uma base para garantir que a primeira sitcom brasileira da Netflix possa ser renovada para mais algumas temporadas. Talvez o maior problema da série senha sintonia, Isadir tem uma naturalidade e leveza, como se nem se importasse com o que fala, mas o resto da família parece ter dificuldade de chegar no seu tom, reproduzindo piadas que soam sem graça e apenas cumprindo seus papéis. A direção de Alex Cabral só complementa o trabalho de Sant’Anna, que parece estar bem preparado para preencher a lacuna deixada por Paulo Gustavo no coração de muitos brasileiros mas, claro, nunca substituir.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.
