Review | A Vida Depois do Tombo [Season 1]

Nota
4

“Por que quando você entra, você entra pra tombar, seja lá o que for. Quem sai hoje é a Karol!”

Não tem quem, hoje em dia, não saiba quem é Karol Conká. Eliminada do BBB21 com 99,17% dos votos, a rapper conseguiu marcar a história ao ter a maior rejeição de todas as edições do programa no mundo e, como era de se esperar, saiu do programa 30 dias após a sua entrada com uma enorme questão midiática para resolver. Como seria possivel uma personalidade tão amada há uns cinco meses atrás agora ser uma das famosas mais odiadas do país? Foi essa pergunta que a série documental A Vida Depois do Tombo resolveu responder.

Lançada pela Globoplay em 29 de abril de 2021, a série dirigida por Patrícia Carvalho e Patricia Cupello é composta por quatro episódios de 35 minutos que reúnem os retalhos do passado e do presente da cantora, indo fundo na vida de Karol antes do BBB, durante o reality e de tudo que ela está vivendo depois do seu tombo histórico. A série roteirizada por Valéria Almeida e Malu Vergueiro destrói completamente a imagem de Karol Conká na tentativa de ajudar a cantora a se reerguer, e é justamente essa destruição que nos dá prazer em assistir a série, por que vemos que Karol Conká precisa ser destruída completamente para ter uma chance de se reerguer das cinzas, vemos que é preciso realmente que a cantora encare seus demônios para ver a luz no fim do túnel, que é preciso que ela seja humilhada pelas imagens da Karol do BBB para ter a chance de despertar a Karoline dos Santos que ainda existe no fundo de sua alma.

Na série, vemos os dias que se seguiram à eliminação de Karol, vemos a cantora andar na rua com medo de ser reconhecida, vemos ela ter vergonha de tudo que fez, vemos ela ter que encarar inúmeras reuniões com sua assessoria de imprensa, mas também vemos ela mostrar, no seu dia-a-dia, que ela é exatamente o que nos mostrou lá dentro. É marcante a cena onde vemos Karol sendo agressiva com seu produtor logo após sair do programa, quando percebe que houve uma estratégia de marketing que preferiu paralisar suas redes sociais para minimizar os hates e unfollows, mas é justamente contra essa personalidade que o show tenta lutar, ele usa os depoimentos de convidados em seu primeiro episódio para começar a mostrar que aquela Karol que vimos no BBB é exatamente a Karol daqui de fora (mesmo que com uma intensidade maior que o normal) para logo depois nos levar a conhecer Karoline, criando uma certa empatia que busca justificar os atos reprobatórios da cantora dentro do reality.

Um dos pontos altos do show é o ‘Encontro com Karol’, onde, em cada um dos quatro episódios, quatro eliminados são convidados a conversar cara a cara com a Karol para confrontar seus erros e lhe dar uma chance de se redimir, um momento que dói até nos espectadores (com uma boa dose de satisfação) quando vemos um a um os convidados serem duros e imparciais com a celebridade, quando vemos o quanto Karol precisa aprender na busca por se humanizar novamente. É extremamente necessário se desligar do resto do mundo para viver essa narrativa com plenitude, mesmo que seja incomodo ver o quanto algumas falas de Karol são extremamente roteirizadas, o que dá ao show um tom forçado que é contrabalanceado pelas falas das pessoas próximas a Karol, que são atenuados pelas cenas do passado de Karol e que são incendiados pelas revelações das brigas do passado de Karol.

A Vida Depois do Tombo rapidamente se tornou uma das produções mais assistidas no Globoplay, superando até as novelas que sempre foram o carro-chefe do streaming, e conseguiu assumir o posto de ser uma das produções mais polêmicas deste ano, começando a humanizar a artista, mesmo que sempre deixe claro que todas as suas ações são completamente injustificáveis, e nos forçando a uma reflexão sobre o peso de um cancelamento. O documentário, que assume claramente que foi feito às pressas, pode não ter narrativa suficiente para nos dar as informações necessárias, mas ele deixa claro seus objetivos e, com a chegada de seu último episódio, até consegue emular uma pequena justificativa para alguns dos atos da ‘vilã’ da edição, mostrando quem realmente é Karoline dos Santos e o que realmente ela passou, buscando no passado da cantora os traumas que podem começar a construir sua narrativa de redenção.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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