Review | Agatha All Along [Season 1]

Nota
5

Após ser devastada pela magia de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), Westview segue se recuperando do trauma que foi deixado pela Feiticeira Escarlate. Mas enquanto todos seguem com suas vidas, Agatha Harkness (Kathryn Hahn) continua num transe após perder todos os seus poderes. Ainda vivendo sob a magia que prendia todos de Westview em uma série de TV, Agatha acredita ser uma policial investigadora criminal, típica de uma série de polícia como CSI: Crime Scene Investigation, e que investiga o assassinato misterioso de uma jovem na cidade. Quando um adolescente invade a sua casa, ela acredita ter encontrado uma pista do caso, mas, quando finalmente ela consegue capturá-lo e interrogá-lo, ele lança um feitiço que a faz sair do seu transe e relembrar quem ela é. Embora relembrar de si mesma não vai ajudá-la a curar seu desânimo e desmotivação, mas conversando com esse misterioso Teen (Joe Locke), ela acaba convencida a procurar a lendária Witches Road, uma rota perigosíssima para desafiar e testar as habilidades de bruxaria e que pode fazer com que Agatha recupere os seus poderes. Mesmo odiada e com uma péssima reputação entre as bruxas, Agatha vai tentar convencer outras bruxas com diferentes habilidades, como a clarividente Lillia Calderu (Patti LuPone), a especialista em poções Jennifer Kale (Sasheer Zamata) e a bruxa de proteção Alice Wu (Ali Ahn)

Após o sucesso que foi WandaVision em 2021, os diretores Jac Schaeffer, Gandja Monteiro, Rachel Goldberg tiveram a difícil tarefa de continuar a história com uma das personagens mais carismáticas da série, Agatha Harkness, e de continuar o sucesso em meio a diversas críticas a série mesmo antes dela começar. Mas mesmo com as críticas, de acordo com o The Wrap, Agatha Desde Sempre registrou com sucesso grande audiência, mais 9,3 milhões de visualizações na primeira semana no Disney+. Assim como em WandaVision, a série segue com a ideia constante de trazer suas referências em cultura pop como um foco principal em seu roteiro, com a série se iniciando com uma sátira ao gênero de séries de investigação criminal, recriando os estereótipos que são replicados nas mais diversas temporadas de diversas franquias do gênero, representando a Agatha como uma policial misteriosa. As referências seguem a todo vapor ao longo da temporada, contando com referências a O Exorcista (1973), o musical Wicked, O Mágico de Oz (1939), entre diversos outras obras que servem não só como alívio cômico, mas também, algumas vezes como uma forma de ilustrar a progressão da história, visto que a própria MCU (Marvel Cinematic Universe) é referenciada ao longo da temporada inteira. 

Apesar de se tratarem de bruxas ficcionais, Agatha Desde Sempre também traz diversas referências a história da bruxaria real, assim como alusões a rituais de bruxaria reais. Está bastante enraizado no imaginário de histórias infantis que receitas de poções de bruxas são repletas de asas de morcego ou cauda de lagartixas, que na verdade serviam como códigos para as ervas e raízes, para que outras pessoas não pudessem decifrar do que se tratavam de fato as receitas, e isso é explicado pela personagem Jennifer Kale e que é reforçado por autores de livros de bruxaria como Raymond Buckland e Scott Cunningham. Outro fator que é muito bem trabalhado na série é o uso de tarot pela personagem Lillia Calderu, já que no imaginário popular, o tarot serve para adivinhar o futuro, o que não é verdade, já que o tarot serve para ajudar a avaliar qual rumo seguir, como diz a autora Patti Wigington. O tarot, que tem uma função narrativa muito forte para a trama, é utilizado de diversas formas muito criativas durante a temporada, seja estética, onde algumas cenas são representações fiéis de algumas cartas, ou seja por seus significados, visto que cada carta dos decks de tarot possuem um significado próprio e a série respeita isso muito bem e se utiliza de seus significados para representar as rotas que os personagens estão vivenciando. 

Um fator que se manteve impecável do começo ao fim da temporada sem dúvida foi a direção de arte da série, que foi super atenta aos detalhes. Desde o figurino dos atores, que com diversas trocas de roupa houveram diversas referências históricas de figurino, retratando e separando com maestria cada época vivida pelos personagens, assim como a mescla de referências contemporâneas e referências mais antigas feitas na medida certa. Atrelado ao figurino, não é novidade para ninguém a preferência da MCU, assim como do Disney+, de caracterizar seus personagens de obras recentes com bastante computação gráfica, o que acabou sendo uma enorme surpresa o uso de maquiagem de efeitos especiais em diversas cenas que precisou-se envelhecer ou desfigurar personagens, deixando os momentos mais realistas, além de trazer uma melhor composição das cenas em meio a tantos cenários em CGI. Alguns cenários também foram muito bem calculados com sua direção de arte, onde há a presença de diversos elementos que representam muito bem a ambientação que a série quer nos apresentar, mas assim como dos ambientes que descrevem bem seus personagens e suas respectivas realidades, vemos isso bastante nos cenários representativos dos personagens interpretados por Patti Lupone e Joe Locke, onde seus ambientes não só os representam, como trazem referências de situações futuras da série.

Agatha Desde Sempre também parece trazer novos ares para a Marvel com relação a representatividade de seus personagens. Apesar da inclusão de diversos novos personagens, nas diversas franquias da MCU, que representam alguns grupos minoritários, alguns personagens, como a própria Wanda Maximoff, sofre diversas críticas até hoje pela escolha do seu casting, visto que a atriz Elizabeth Olsen é branca enquanto a personagem é da etnia Romani, tendo inclusive uma aparência bem diferente nos quadrinhos de sua versão em Live-action. Enquanto isso em Agatha Desde Sempre temos a adição de um novo personagem ligado a Wanda, que nos quadrinhos é etnicamente judeu e é de fato representado assim na série, embora o ator que o interpreta não seja, que faz com que algumas críticas a Marvel continuem por alguns fãs, embora muitos fãs que discutiram sobre os episódios online se sintam bem representados com a adição de um personagem canonicamente judeu. 

Agatha Desde Sempre foi uma ótima surpresa da MCU esse ano, agradando inclusive muitos que a criticaram antes de seu lançamento. A série, que finalizou sua temporada no dia 31 de outubro, traz diversas referências a si mesma e as outras obras da MCU, assim como a diversas outras obras da cultura pop, mas dessa vez de uma forma muito bem pensada sem recair em clichês fáceis e preguiçosos. Resgatando personagens pouco referenciados dos quadrinhos da Feiticeira Escarlate, a temporada da maliciosa bruxa Agatha Harkness, reinventa sua série antecessora, reimaginando WandaVision como se não fosse um spin-off de um grande acerto da Marvel em 2021. Com uma excelente produção, atuação e roteiro, a série que fez diversos fãs teorizarem bastante durante o mês de outubro termina com um gancho enorme para futuros filmes ou temporadas do seu novo núcleo criado pela série que arrecadou diversos fãs.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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