Nota
“Seria bom poder resetar a realidade”
Arisu, Karube e Chōta são três jovens adultos insatisfeitos com suas vidas. Arisu gasta seu dia inteiro imerso em jogos, o que não agrada em nada a sua família, Karube acaba de ser demitido do bar onde trabalha, começando a entrar no fundo do poço, e Chōta não aguenta mais sua vida, tendo que dar dinheiro à mãe aproveitadora e preso a um trabalho que não gosta. Numa certa tarde, quando os três se reúnem para animar um o dia do outro, eles acabam precisando fugir da policia e se esconder em um banheiro, o que os fazem ir parar em outra dimensão, onde tudo que eles podem fazer é jogar para não morrer.
Lançada pela Netflix em 10 de dezembro de 2020, a série live-action de oito episódios, com cerca de 50 minutos cada, começa bastante diferente do mangá que a inspira. Enquanto no editorial temos três estudantes de ensino médio que desejam fugir de suas vidas durante um festival de fogos e acabam acordando no dia seguinte em Borderland, na série vemos três jovens adultos que acabam sendo puxados para Borderland, uma introdução diferente mas que leva ao mesmo tempo, o trio de amigos indo parar num mundo paralelo pós-apocalíptico onde eles precisam participar de jogos de vida ou morte em troca de ‘vistos’ para sobreviver mais alguns dias.
No segundo episódio, somos introduzidos rapidamente no funcionamento dos gêneros e níveis de jogos, o que ajuda a construir a tensão para os episódios seguintes, esclarecendo que os números determinam a dificuldade do jogo, e os naipes determinam o gênero (Sendo Espadas um jogo de força bruta, Paus um jogo de trabalho em equipe, Ouro um jogo de raciocínio e, o pior deles, Copas um jogo de traição). A trama ainda se fortalece no seu terceiro episódio, quando vemos Arisu, Karube e Chōta indo parar em um jogo de Sete de Copas, o que leva o trio ao maior desafio de suas vidas e a testar sua amizade, construindo um dos enredos mais emocionantes da série. Com um jogo por episódio, a trama segue sempre em alta, não deixando a peteca cair e garantindo sempre uma tensão no ar.
Com o avanço dos episódios, vamos sendo levados mais a fundo na mitologia desse novo mundo. A medida que vamos descobrindo A Praia e todos os seus perigos, somos levados a conhecer a determinação de Shibuki, as motivações de Yuzuha, a frieza de Chishiya, a prepotência de Ann, os demônios de Kuina, os arrependimentos de Last Boss, a brutalidade de Aguni e até a instável liderança do Chapeleiro, o Número 1 dA Praia. Trazendo uma premissa que lembra uma mistura da Franquia Jogos Mortais com o objetivo de jogos Escape Room, Alice in Borderland nos surpreende a cada novo episódio, sem nos dar pistas suficientes para saber o que pode acontecer ou o que devemos esperar a seguir. Cada jogo é cheio de tensão, cada trama é balanceada para nos fisgar e nos fazer querer saber cada vez mais. Com alguns elementos que parecem remeter diretamente a Cubo, o filme dirigido por Shinsuke Sato e roteirizado por Yoshiki Watabe, Yasuko Kuramitsu e o próprio Sato tinha tudo para garantir um novo sucesso nipônico para a Netflix, mas ele se perde depois do quinto episódio, tirando o foco da verdadeira ação do show para se engrenhar num drama excessivo, que, mesmo paralelo à premissa doa produção, vai enfraquecendo o enredo, e só se ergue novamente nos episódios finais, quando todo o quebra-cabeça começa a se encaixar.
“Vive sua vida por mim, não esquece disso.”
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.