Review | Blood of Zeus [Season 1]

Nota
4

“Um exército do Leste desce sobre nós,
mas esse inimigo é diferente de tudo que já vimos antes.
São uma seita de monstros que as pessoas nem se atrevem a pensar.”

Há milhares de anos, uma guerra entre deuses e gigantes, conhecida como Gigantomaquia, quase dizimou o mundo. Depois de um grande acordo entre Zeus e dois dos gigantes, a guerra acabou sendo finalizada, com os corpos dos gigantes derrotados sendo escondidos no fundo do oceano e suas almas aprisionados numa poderosa urna, que passou a ser guardado num lugar desconhecido pelo gigante autômato Talos. Com o passar dos anos, o corpo de um dos gigantes acabou sendo carregado pelo mar para a costa de uma praia, onde um humano acabou o encontrando e, junto com outros humanos, foi tomado pelo poder do abismo que exalava daquele corpo e criou uma seita, uma seita que adorava os gigantes e que passou a comer a carne daquele corpo, o que os fez mudar, ganhar poderes e serem conhecidos como Demônios.

Próximo a uma das polis gregas, vive o jovem Heron e sua mãe, Electra (antiga Rainha de Coríntios e ex-esposa do Rei Periandro, o tirano de Corínto). A mulher acabou sendo seduzida, quando ainda era rainha, por um deus, Zeus, o que a levou a engravidar de dois filhos, um filho legitimo do Rei e um filho bastardo de Zeus (Heron), uma traição que acabou fazendo com que a jovem Electra precisasse fugir de Corínto com seu filho. Para proteger a jovem mulher e seu filho, Zeus acabou colocando uma nuvem densa permanente na cidade de Polis, onde Electra foi se abrigar, para impedir que sua esposa, Hera, visse aos dois, o que fez com que a cidade a hostilizasse e a tratasse com ódio, marginalizando ela e seu filho. Com a chegada dos demônios a Polis, tudo ficou ainda mais perigoso aos dois, principalmente quando a população começou a culpar a mulher pelos acontecimentos e depois que Heron chamou a atenção de Alexia, uma amazona caçadora de demônios que acaba sendo ajudada por Heron numa luta contra dois demônios, e que passa a desejar o jovem semideus em seu exercito. Agora está nas mãos de Heron lutar contra os monstros que ameaçam a cidade que o rejeita, proteger sua amada mãe dos perigos que o rodeiam, e encarar diversas descobertas sobre sua origem e sua família, tanto a divina quanto a mortal.

Blood of Zeus veio no formato de uma grande incógnita por sua procedência. A série une dois fatores técnicos que jogam suas expectativas para lugares opostos. De um lado, temos os criadores da série, Vlas ParlapanidesCharley Parlapanides, os mesmos roteiristas por trás dos decepcionantes ImortaisDeath Note, e do outro a produção da Powerhouse Animation Studios, que já deram um show visual em OK K.O. e Castlevania, nos deixando prontos para ter um show animação e um roteiro um tanto quanto duvidoso, e nos surpreendendo ao perceber que, mesmo com as diversas licenças poéticas da série, tivemos um resultado elogiável dessa parceria. Parece que a Netflix acaba de garantir um novo sucesso para durar alguns anos, nos levando direto a uma trama livremente inspirada na mitologia grega: brincando com a gigantomaquia e, de certa forma, alterando um pouco a base histórica de seus personagens. Até agora ainda está dificil engolir a pirocinese de Apollo e a telecinese de Hera, mas no final tudo isso é compensado com uma trama original, empolgante, emocionante e completamente viciante.

A construção de Hera é revoltante, é impossível não odiar a vilã, mesmo quando vemos os motivos por trás da deusa, ela é construída para ser uma vilã perfeita, inconsequente e completamente assoberbada. A sua vilania é compartilhada com Serafim, que é um clássico exemplar de monstro grego: ele teve um passado monstruoso, manipulado pelos deuses e machucado cada vez mais pelas interferências divinas. Quando Serafim é colocado frente a frente com um dos gigantes, ele acaba sendo manipulado mais uma vez, ele é transformado por sua raiva, demonizado por suas crenças, sem saber que é apenas uma vítima das intrigas do Olimpo. Sua história é construída habilmente, seus segredos são revelados num timing perfeito, mudando completamente os rumos da trama nos momentos certos, mas ainda assim não deixando espaço para termos pena ou empatia pelo vilão, o que foi suficientemente bem planejado para nos levar até o grande momento final da trama, quando uma evolução inesperada atinge o homem e seu rival, Heron, nos deixando a beira de uma bela redenção. Heron passa por uma grande evolução desde o momento em que o conhecemos até sua grande ascensão no season finale, deixando uma grande potencial para uma segunda temporada e um grande protagonista para carregar essa trama por um bom tempo. No Olimpo, os deuses tem um destaque menor, mas ainda assim se tornam essencial para a trama.

Apollo é traduzido perfeitamente na série, ele tem toda aquela pompa e magnitude que conhecemos na mitologia, mas ainda assim tem um certo ar de frescura, que nos deixa um pouco de antipatia ao mesmo tempo que nos faz ama-lo. Ares é outro dos deuses que é bem traduzido, mas que causa uma enorme antipatia, Ares é um filhinho da mamãe que fica o tempo todo defendendo Hera, até no momento em que ela comete os maiores erros e se vira contra seu pai. Hermes surge com um maravilhoso bom senso, ele é um filho bastardo de Zeus e entende a situação de Heron, sendo a maior consciência dentro do Olimpo, ficando sempre em defesa assumida ao seu pai, ao contrario de Hefeso, que ajuda bastante seu pai mas não assume abertamente tal apoio. Zeus é um grande coadjuvante na trama, estando sempre presente em cada evento e vivendo tramas própria bastante gratificante, Zeus erra e acerta o tempo todo, mas passa por uma redenção tão gratificante que não tem como não elogiar. Outro grande ponto na série é a sua abertura, que sempre começa com o título SANGUE DE ZEUS, mas em cada um dos oito episódios traz o título estilizado de maneira diferente, como se fosse uma breve referencia ao que será contato naquele capitulo.

“Não olhe para trás, Heron. Olhe para a frente. Você é o filho de Zeus.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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