Review | Bridgerton [Season 1]

Nota
5

Daphne Bridgerton (Phoebe Dynevor) precisa conseguir um bom casamento, mas também espera encontrar o verdadeiro amor. Em Londres, no Período Regencial, esse sonho parece impossível, ainda mais quando o irmão de Daphne começa a descartar todos os pretendentes, e a misteriosa Lady Whistledown espalha fofocas sobre ela na alta sociedade.

É aí que entra o rebelde Duque de Hastings (Regé-Jean Page), solteiro convicto e cobiçado por todas. Apesar de dizer que não querem nada um com o outro, surge uma forte atração entre os dois, que precisam lidar com essa relação cheia de joguinhos psicológicos e com as expectativas da sociedade para o futuro deles. A primeira temporada é baseada no livro “O Duque e Eu“, que faz parte do box de livros homônimo a série, e se propõe a trazer romance e mistério, além de revelar os segredos da alta sociedade da Londres do início do século 19.

A trama traz a tona vários questionamentos e temas importantes, a começar pelo fato de vários atores negros tendo papéis importantes como membros da alta sociedade, incluindo a rainha. Outro ponto importante é que as mulheres são o centro da trama, guiando seu próprio caminho e quebrando paradigmas, principalmente se levarmos em conta a época em que se passa, onde vemos em algumas cenas a mulher ser tratada como um animal a ser comercializado. De fato a produção não poderia estar em melhores mãos, Shonda Rhimes e sua produtora fizeram um trabalho impecável durante a adaptação, tomando o cuidado de, mesmo caminhando por linhas tortas, seguir os acontecimentos do livro, além disso, a Netflix conseguiu impor seu nome em meio a este caos de plataformas de streaming em que vivemos, apenas para reforçar sua consolidação neste mercado tão competitivo.

A fotografia também é linda, vemos uma cidade totalmente diferente de como geralmente é retratada, cores vibrantes, céu limpo e muitas flores. A trilha sonora foi trabalhada de maneira muito inteligente, no século 19 os bailes eram regidos por música clássica, então por que não transformar músicas atuais em clássicas? Assim temos bailes ao som de Billie Eilish, Ariana Grande e Shawn Mendes. A caracterização dos personagens também é um ponto de destaque, principalmente ao se falar de uma série de época, é notável que as roupas passam muito da personalidade dos personagens, muitas vezes reforçando o trabalho dos atores.

Daphne Bridgerton é a estrela da temporada de casamentos de Londres, a rainha a considerou perfeita e isto está atraindo muitos pretendentes. Tudo muda quando seu irmão, Anthony, começa a espantar seus pretendentes com sua superproteção, ao conhecer o Duque, no entanto, sua sorte parece mudar novamente, assim eles selam um acordo que beneficiará os dois, mas será que esta amizade poderia se desenvolver em algo mais? A personagem passa por diferentes fases de desenvolvimento e, de forma inesperada, o espectador se vê torcendo pelo seu sucesso.

Simon, também conhecido como Duque de Hastings, é um personagem misterioso, que esconde grandes traumas de seu passado. Ao selar o acordo com Daphne, acaba descobrindo coisas sobre si mesmo, o levando a uma jornada de descoberta, mas nem sempre de aceitação. Também é o melhor amigo de Anthony, o que causa certo atrito na relação, já que ambos possuem a fama de libertinos, isto somado ao fato da superproteção do irmão mais velho de sua consorte.

Claudia Jessie definitivamente roubou a cena ao dar vida à Eloise Bridgerton, uma garota prestes a se tornar mulher, mas que anseia mais pelo estudo que pelo casamento. É grande admiradora de Lady Whistledown, afinal é uma mulher que conquistou seu sucesso sem depender de homem algum. Ela também é responsável por conduzir o mistério da identidade da escritora.

Ruby Barker fez um trabalho magnífico ao dar vida à Marina, uma jovem do interior que veio a casa de seu tio para participar da temporada de casamentos. Esconde um grande segredo e se vê sendo manipulada por sua tia para manter este segredo. A atriz dá um show de atuação e nos permite ver nas entrelinhas do personagem, gerando grande empatia no espectador, que torce pela sua libertação.

No geral, a primeira temporada de Bridgerton é bastante densa, o roteiro segue de forma assertiva ao mudar o foco na hora exata em que começa a ficar entediante, tornando a trama mais atrativa e envolvente. O elenco também reforça isto, com atores muito bons e que certamente retrataram aquilo que esperamos de cada personagem. Mesmo com a história fechada, foram deixadas pontas soltas e reviravoltas surpreendentes para serem trabalhadas futuramente, garantindo a continuidade da saga.

 

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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