Review | Caverna do Dragão [Season 1]

Nota
4

“Eu sou o Mestre dos Magos, seu guia no Reino de Dungeons & Dragons.”

Seis jovens se divertiam em um parque quando resolveram embarcar na montanha russa Dungeons & Dragons, um brinquedo que os levou a um portal que os transportou direto para outro mundo, conhecido como Reino. Lá eles acabam conhecendo o Mestre dos Magos, um ser onipresente que os dá funções e algumas Armas de Poder, armas mágicas que os ajuda na jornada, e passa a guia-los em missões que podem leva-los a formas de voltar para casa. Nesse novo contexto, as jornadas passam a depender das habilidades de Hank, um ranger dotado de um arco mágico capaz de criar flechas energéticas; Eric, um cavaleiro dotado de um escudo que o protege contra ataques mágicos ou físicos; Diana, uma acrobata dotada de um bastão que encolhe e estica, usado em saltos e acrobacias; Sheila, uma ladina dotada de uma capa com capuz que lhe dá invisibilidade; Presto, um mago dotado de m chapéu de feiticeiro, do qual podem ser retirados objetos e magias aleatórias; e Bobby, um bárbaro dotado de um tacape, cujo golpe, muito forte, é capaz de quebrar pedras e criar pequenos abalos sísmicos.

Criado por Kevin Paul Coates, Mark Evanier e Dennis Marks, a série foi criada como um projeto da Marvel Productions chamado Swords and Sorcery, mas acabou não sendo aprovado pela NBC, só realmente tendo ganhado o sinal verde depois que os showrunners assinaram um contrato de licença com a TSR para unir a trama com o sistema Dungeons & Dragons, criado por Dave Arneson e Gary Gygax, garantindo seu lançamento em setembro de 1983 na CBS. Com seus treze episódios de cerca de 20 minutos, a primeira temporada da animação nos apresenta de forma acelerada o universo do Reino, nos presenteando com referências diretas aos sistemas de D&D ao mesmo tempo que parece dramatizar uma jornada elaborada de RPG D&D, onde cada episódio é uma sessão e o Mestre é o Mestre dos Magos (sendo inclusive nomeado como Dungeon Master no original, mesmo nome dado aos mestres de RPG em inglês). Brincando com a obra de Gygax, a série mistura os diversos cenários ao construir seu roteiro, trazendo o Mago Kelek, o paladino Strongheart, Tiamat Beholder, personagens de World of Greyhawk e a ideia dos diversos portais para outras dimensões de Planescape.

Talvez o grande motor propulsor da trama, que parece sempre andar em círculos, seja a interação e a evolução de seus personagens, além da expansão da mitologia do mundo e de cada um deles. A liderança que recai sobre Hank começa a se mostrar como um fardo que ele carrega e chega até a interferir na clara afeição que ele sente por Sheila e na culpa que ele sente por ter sido o responsável por chamar os amigos para a montanha-russa. Eric, que vem de uma família rica, é o mais arrogante e egoísta do grupo, ele se importa muito mais em sua integridade e nas chances de voltar para casa do que em ajudar aqueles ao seu redor, o que faz com que coloque o grupo muitas vezes em perigo e se meta em diversas situações que o transformam num alivio cômico. Diana, que já era uma acrobata no mundo real, acabou se adaptando mais facilmente aos poderes de sua arma, ela é filha de uma astrônomo e acaba, por consequência da sua vida na Terra, sendo a mais confiante e centrada do grupo. Sheila é a mais superprotetora do grupo, principalmente pelo fato de seu irmão caçula estar ao seu lado e ter uma certa afeição por Hank, meiga e estrategista, ela se revela posteriormente como capaz de entender a língua das fadas.

Presto, que na verdade se chama Albert, sempre gostou de fazer truques de mágica, sendo o nerd do grupo, tímido e extremamente inseguro, o que faz com que suas tentativas de usar mágica se mostrem como trapalhadas, que se tornam catastróficas ou o fazem ser chacota do grupo. Bobby, o caçula do grupo, e irmão de Sheila, é impetuoso, inconsequente e, muitas vezes, cria problemas para o grupo por sua impulsividade, principalmente pela afeição que criou por Uni, uma filhote fêmea de unicórnio aparentemente órfã, que acaba criando um grande dilema na hora do garoto decidir voltar para casa, deixando-a para trás. Mestre dos Magos, assim como muitos Mestres de RPG, apresenta informações cifradas que ocultam suas reais intenções e fazem os garotos precisarem pensar bastante para solucionar sua missão, usando-os várias vezes para enfrentar as forças ocultas do Reino e restaurar o equilíbrio entre ordem e caos. Vingador, o grande antagonista, é um feiticeiro maléfico que oprime diversos povos e raças, usando seu exercito de Orcs ou seu braço direito, Demônio das Sombras, ele tenta a todo custo atrapalhar o caminho do sexteto, tentando roubar as seis armas do poder para ampliar seus poderes e ser capaz de dominar plenamente o Reino e derrotar seu nêmesis. Tiamat, o nêmesis do Vingador, é uma deusa-dragoa de cinco cabeças, cada qual representando uma das raças de dragões da primeira versão de D&D, ela é a guardiã dos ossos dos antigos dragões e de algumas armas de poder, e é capaz de realizar viagens interdimensionais criando portais.

Dramático e cheio de ação, a primeira temporada de Caverna do Dragão é o pontapé inicial da saga que se tornou um dos maiores clássicos da animação dos anos 80, com uma trama complexa, que brinca com a dualidade dos personagens, ficamos buscando entender os segredos por trás das motivações de Mestre dos Magos, que parece sempre sacanear o grupo, e de Vingador, que mesmo querendo tomar as armas parece seguir um código ético que não o permite prejudicar o sexteto. Com um desenrolar envolvente e mágico, a série pode até se tornar repetitiva a medida que os episódios parecem seguir sempre a mesma estrutura de leva-los até um caminho de volta para casa e gerar uma problemática que os impede de sair, mas no final consegue superar essa pobreza e nos capturar pelo desenvolvimento da trama e a curiosidade sobre os segredos que Vingador e Mestre dos Magos escondem e a dualidade caótica que eles representam. Apesar de curta, a temporada garante seu sucesso de público e logo seguiu com uma nova temporada, deixando claro o tempo todo que há esperanças para que os jovens possam voltar para casa.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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