Review | Class [Season 1]

Nota
3.5

“Era tudo perfeito. Reluzente. Tipo um sonho.”

Depois que um curto circuito iniciou um incendio no Colégio Nurpur Khatola, uma série de protestos começou a cobrar uma providencia da Construtora Ahuja e de seu representante, S. K. Chowdary, o que resultou na empresa assumindo a responsabilidade de alocar os alunos do Colégio Nurpur Khatola nas diversas escolas de Nova Deli. Entre eles, Dheeraj Kumar, Saba Manzoor e Balram Patwal, foram escolhidos para estudar no Colégio Hampton Internacional, o colégio mais caro e mais bem avaliado de Nova Deli, mas entre muito bullying, má recepção, amizades e crescimentos, um crime acaba acontecendo, e os estudantes, principalmente os três novatos, se veem no centro de uma problematica rede de problemas que encobre o autor e as motivações do assassinato.

Em Outubro de 2018 a Netflix presenteou seus assinantes com um explosivo guilty pleasure que logo se tornou um sucesso de publica e critica, a primeira temporada de Elite. Quase cinco anos se passaram, e a empresa de streaming decidiu se unir a Kersi Khambatta para levar a trama de Carlos Montero e Darío Madrona para um novo cenário, a Índia. Cla$$ nada mais é do que um remake indiano da primeira temporada da série espanhola, pegando toda a trama da chegada de Samuel, Nadia e Christian ao Las Encinas e o assassinato de Marina, na chegada de Dheeru, Saba e Bali ao Hampton Internacional e a morte de Suhani Ahuja, mas apesar da mesma trama e a frequente homenagem por meio da reencenação de pedaços da série mãe, a trama indiana mostra um claro esforço para se adaptar ao seu contexto, reestruturando a premissa de todos os personagens para se encaixar na cultura indiana, e criar sua própria forma de contar a história que já sabemos o começo e o fim. Talvez até, por conta da adaptação dos personagens, seja divertido passar o primeiro episódio tentando identificar qual personagem de Class é baseado em qual personagemde Elite.

Seguindo o padrão de sua série inspiração, o roteiro do show não é a grande surpresa aqui, mas sim a forma como os dois meses antes do crime são construidos, unindo os fatos chave que já conhecemos a novas informações que tornam a produção hindi mais culturamente aceitavel para seu público. Piyush Khati, no papel de Dheeru, constroi um personagem trabalhador, tímido e complicado que mostra ter camadas, na verdade ele supera o estigma de ser o Samuel hindi e mostra que consegue explorar muito mais camadas, talvez a narrativa e o sistema de castas possa ajudar nisso, mas não podemos deixar de destacar o valor do personagem. Infelizmente o mesmo não pode ser dito da Suhani de Anjali Sivaraman, que apesar de ser diferente de Marina, não consegue se aprofundar na personagem, entregando um resultado inferior ao de María PedrazaCwaayal Singh consegue criar um identidade singular para a versão hindi de Christian, Balli é um microinfluencer que faz tiktoks de dança, e apesar de trilhar um caminho previsivel ao se envolver com Koel (a Carla hindi interpretada por Naina Bhan) e Sharan (o Polo hindi interpretado por Moses Koul), ele consegue construir uma personalidade cativante e, ao final da série, parece ter sido coloca em um local muito mais relevante que o personagem do original. Um dos grandes destaques do original é Nadia, mas Saba, a versão hindi interpretada por Madhyama Segal, nos decepciona ao não se envolver tanto com o curso do roteiro, a garota mais inteligente do Colégio Nurpur Khatola e que sonha em ser diplomata infelizmente não é a personagem que mais se entrega aos eventos de Hampton Internacional. Por outro lado, a história de Dhruv (o Ander hindi vivido por Chayan Chopra) e Faruq (o Omar hindi vivido por Chintan Rachchh) ganha muito mais obstaculos quando inserida na cultura hindi, onde ser gay é muito mais do que um problema de aceitação, é um tabu quase criminoso.

Apesar de não ser muito diferente de ÉliteClass consegue abordar de um novo ponto de vista as questões sociais como diversidade e inclusão, explorando a vida dos jovens hindi de uma forma autentica e realista, indo fundo na busca pela identidade que é comum a essa idade, apesar de tratar isso de forma extremamente superficial. A trilha sonora investe numa ampla variedade de músicas e generos, indo desde o hip-hop até o pop, o que ajuda a guiar o curso da história de forma critativa e torna a produção mais facil de assistir, criando uma curiosidade com a cultura diferente que a trama se insere, mas peca ao não trazer uma história ou personagens que realmente nos prendam a atenção. Sem superar as expectativas em maior parte dos oito episodios de cerca de 50 minutos, a trama se prevalece em destacar as diferenças e deixar as semelhanças passar de forma discreta, perceptivel mas não exaltadas, uma tentativa de conquistar seu próprio publico e garantir uma segunda temporada, que fica sugerida ao final da leva de episodios.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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