Nota
“Quem é M1000?”
Moritz, Lenny e Dan alcançaram seu milhão com apenas uns 17 anos, um grande feito que é consequência de terem se tornado o M1000, o maior traficante do país. Através do MyDrugs, eles agora possuem o sistema perfeito de venda e entrega de drogas, algo que fez o M1000 e o MyDrugs estampar capas de revistas, chamar a atenção dos repórteres e se tornarem o maior desafio da policia. Quando a vida pessoal de cada um deles, segue uma grande imperfeição. Enquanto enriquece sem parar, Moritz é obrigado a equilibrar sua vida pessoal e profissional, tudo isso enquanto evita que sua namorada, Lisa, e seu pai, um policial exemplar, descubram sua identidade secreta. Dan está numa intensa viagem interna, o garanhão da escola agora está percebendo a vida adulta se aproximando e percebe o quanto suas péssimas notas e suas incertezas sobre o futuro podem ser capazes de destruir toda a sua vida. Já Lenny vive numa montanha russa de emoções, conhecendo Kira no Discord, uma mega inteligente hacker que acaba se apaixonando pelo cadeirante gênio e logo se torna sua primeira namorada, algo completamente perigoso já que Kira é uma garota tão complexada que tira a vida de todos ao seu redor dos eixos, e Lenny ainda descobre uma terapia experimental para seu tumor, o que pode aumentar em cerca de 10 anos sua expectativa de vida.
Quando os garotos estão determinados a largar o ramo das drogas enquanto ainda estão por cima, a reunião entre Os Holandeses e Moritz acaba os levando cada vez mais fundo nessa área, vendendo cada vez mais, se profissionalizando no trafico e se emaranhando cada vez mais nesse perigoso e obscuro mundo. Fica claro que nessa segunda temporada o assunto não é mais o império das drogas, mas sim o impacto que ele começa a causar no trio envolvido. Algo que pode destruir tudo e todos que estejam no caminho, algo que pode colocar os garotos na mira da vingativa família de Buba, algo que pode complicar ainda mais a vidas dos adolescentes e criar cada vez mais tensões no grupo administrativo, algo que pode colocar em risco toda a relação que existe entre Moritz e Lisa, e dispensar todo o esforço que o garoto teve para reconquista-la. Todo grande momento começa com um dilema de confiança, e não podia ser diferente num negocio de trafico: até onde você pode confiar na nova namorada do seu melhor amigo? Será que seu namoro pode aguentar a revelação de uma segredo tão obscuro? Até onde amizade deve vir a frente de negócios? Até onde você consegue ser honesto com as pessoas ao seu redor quando as coisas estão prestes a sair da sua zona de conforto?
Com sua segunda temporada chegando à Netflix em 21 de julho de 2020, a série inspirada no caso do Shiny Flakes começa a perder um pouco sua razão de existir e seu grande foco de sucesso. Enquanto no primeiro ano víamos muito humor e quebra da quarta parede, agora esses dois elementos, apesar de ainda estarem presentes, deixam de ser o grande foco do show, deixando muito mais se guiar pelo drama que via, pouco a pouco, corroendo seu enredo. Outro grande problema é o enredo, enquanto tínhamos um primeiro ano bem mais eletrizante, focado na forma como dois jovens de 17 anos foram capazes de construir um império das drogas de dentro de seus quartos, a segundo temporada começa a se afastar da verdadeira história que inspirou a série e começa a ter uma liberdade criativa para desenvolver o psicológico de cada um dos envolvidos, algo que não é exatamente ruim quando faz parte da composição do enredo, mas se torna terrível quando se torna a unica trama da série, os roteiristas acabaram criando uma nova temporada, composta por seis episódios de cerca de 30 minutos, que é praticamente toda composta de episódios fillers, que não desenvolvem quase nada da história do MyDrugs, apresenta apresentados de uma forma extremamente rápida e pratica, e uma amizade completamente inconstante, que termina e ressurge de uma forma tão abrupta quanto às aulas, que parecem mal existir.
Numa jornada bem menos empresarial e bem mais pessoal, a segunda temporada de Como Vender Drogas Online (Rápido) perde muito da magia que a fez chamar atenção em seu primeiro ano. A série parece querer alongar seus louros, e erra no momento em que deixa de ser uma biografia bem humorada para se tornar uma clara releitura do roteiro de A Rede Social, transformando Moritz numa versão muito mais babaca do Zuckeberg. Aos vai ficando claro que os produtores não estão sabendo manter a linha, o que os leva a criar uma série muito mais para render do que para contar uma história, o que leva os roteiristas a criar uma trama tão cansativa que, depois de quase 3 horas de maratona, você só consegue extrair uns 20 minutos de conteúdo proveitoso, deixando a produção a depender de sua comédia. Mas eis o grande ponto da produção, sua comédia, que mesmo escassa consegue sustentar os expectadores na frente da TV com suas geniais sacadas, como usar a lista de ex-namoradas do DiCaprio para falar sobre a relação de sucesso profissional e amoroso, nos fazendo desejar ver o que vem a seguir e entender no que Moritz vai se meter, quando a Lisa vai colocar ele nos eixos, se o Lenny vai conseguir sobreviver e quando as pisadas na bola do Dan vão condenar completamente o negocio.
“Verdade seja dita. Todas as suas ações tem um preço.
O que eu quero saber é: Que preço você tá disposto a pagar?”
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.