Review | Dark [Season 3]

Nota
4.5

“Eu te prometo.
Eu vou consertar tudo.”

O fim do mundo aconteceu no dia 27 de junho de 2020, e foi nesse dia que Jonas acabou presenciando a morte de Martha para, logo depois, vê-la novamente em sua frente, prometendo leva-lo a outro lugar. Logo Jonas percebe que aquela garota veio de uma dimensão paralela, que foi atingida pelo evento apocalíptico de seu mundo. Agora cabe a Jonas e Martha descobrirem como impedir o fim, não de um mundo, mas de dois.

Tudo está diferente agora, Jonas precisa aprender sua função nesse novo mundo, um mundo onde Mikkel nunca foi parar em 1986, onde ele nunca nasceu, onde Ulrich e Hannah se casaram, onde Franziska é muda, e tantas outras coisas acabaram sendo diferentes. Enquanto isso, Martha segue visitando as diversas épocas do Mundo de Jonas, se unindo ao Jonas adulto, Magnus, Bartosz e Franziska, que se abrigaram em 1888 após o fim do mundo, para tentar encontrar uma forma de parar os eventos apocalípticos. Toda a trama ganha uma nova ramificação com a chegada de EvaO Desconhecido e o Erit Lux, projetando ainda mais os antagonismos nesses mundos: agora vamos além de Vida ou Morte, agora temos Adam ou Eva, Jonas ou Martha, o Mundo de Jonas ou o Mundo de Martha, Presente ou Passado ou Futuro, Sic Mundus ou Erit Lux, Sombras ou Luz, agora é tudo muito mais do que o Certo e o Errado, agora é o momento de encarar o que causou o apocalipse nos dois mundos, entender qual a função de Jonas e Martha no meio de toda essa catástrofe.

Lançada pela Netflix em 27 de Junho de 2020, o dia em que acontece o apocalipse na série, a terceira, e última, temporada da série alemã criada por Baran bo Odar e Jantje Friese chega mostrando a que veio, dispensando completamente as respostas fáceis e fazendo jus ao seu título de ‘dificil de entender’, indo cada vez mais fundo numa mitologia que se expande, quando achávamos que não tinha mais como expandir, e até aumentando as ramificações da árvore genealógica de Winden, surpreendendo muito mais ainda os expectadores ao conectar ainda mais as famílias da cidade e as várias épocas. Indo mais fundo em suas discussões filosóficas e destruindo de vez os velhos conceitos da ficção científica, a série nos aproxima ainda mais da relação entre Jonas e Martha e, por meio de Eva, nos mostra a verdade profunda por trás do apocalipse, provando que o que vimos até agora era apenas a ponta de um iceberg extremamente complicado. A temporada nos leva a rever nossos conceitos de heróis e monstros, incluindo MarekSonjaSiljaHanno Tauber e muitos outros nomes na tão complexa trama, mostrando uma verdadeira ousadia criativa capaz de nos deixar de boca aberta a cada momento que é revelado o quanto os novos eventos, tanto os do Mundo de Jonas quanto os do Mundo de Martha, são determinantes para desencadear os eventos que vimos na primeira e na segunda temporada da série.

O trabalho do show é quase primoroso nessa temporada final, fechando várias brechas enquanto mostra o quanto um universo interfere no outro, o que acaba por valorizar ainda mais cenários, figurinos e até penteados, que servem principalmente para nos ajudar a situar a qual mundo e qual época pertence aquele personagem em tela, e por exaltar ainda mais seu elenco, que ganham uma dinâmica (dando certo destaque àqueles que costumam ficar em segundo plano) e ajudam ativamente na construção da história, que é o ponto principal desse novo ano. Odar e Friese se empenham, e muito, para dar resposta para absolutamente tudo, indo aos mínimos detalhes de certas questões, mesmo que não sejam tão necessárias para a trama principal, mas errando ao deixar de lado algumas outras tramas mais essenciais, sobrando a elas ser resolvidas de forma apressadas e cheia de brechas, como é o caso da importantíssima conversa que Claudia tem com Adam na reta final e que, consequentemente, serve como impulso para a conclusão da trama e da conexão que Adam tem com Eva.

Apesar de não ser perfeita, seguindo sua trama através de uma tortuosa estrada com alguns buracos, a temporada final de Dark nos surpreende com a complexidade de suas soluções, entregando resoluções muito bem pensadas e bem estruturadas, que nos justificam toda a complexidade do enredo da série, inclusive da dor de cabeça que é entender os eventos, as versões dos mesmos personagens e as consequências inevitáveis que cada interação resulta. Dark se encerra de uma maneira exemplar, figurando no pódio das maiores e melhores séries nerds da atualidade e nos levando ao tão esperado fim que, para surpresa de todos, é preenchido por um sentimento enorme de satisfação, bocas abertas e, contraindo todo o desenvolvimento do show, uma certeza de que finalmente tudo está compreensível.

“O fim é o começo.
E o começo é o fim.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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