Review | Dead Set [Season 1]

Nota
4

“O Big Brother não está nos assistindo!”

É a noite de eliminação no Big Brother, um paredão triplo está acontecendo entre MarkyPippa Grayson e, como sempre, Davina McCall está no palco para anunciar o eliminado e recebe-lo num bate-papo polêmico, mas nem tudo sai conforme o planejado. Ao mesmo tempo em que a eliminação está acontecendo, uma invasão zumbi começa na cidade, se aproximando cada vez mais dos estúdios do Big Brother até que adentra seus limites. Agora, Kelly que corre pelos bastidores do reality tentando se manter viva, precisa contar com a ajuda de Joplin, Marky, Grayson, AngelSpaceVerônica, os participantes que seguem confinados, para se manter viva e combater esses monstros que cercaram o estúdio.

Em algum ponto distante da cidade, Riq, um grande amigo de Kel, está vivo mas ainda desinformado sobre os acontecimentos, o que o leva a cair de cabeça no apocalipse zumbi e, por sorte, encontrar Alex, uma sobrevivente selvagem e raiz, seguindo de forma nômade pela cidade em busca de um abrigo e matando todos os zumbis que encontra pelo caminho, um contraste perfeito para Kel e ao mesmo tempo duas grandes e poderosas mulheres mostrando quem manda no apocalipse. Enquanto Kel parece mostrar uma força mais defensiva, matando os zumbis que a ameaçam e agindo racionalmente para se proteger, Alex surge com uma força ativa, com sua arma impiedosa atirando em todos os zumbis que encontra antes que eles tenham a chance de ataca-las, nos mostrando que existem mais de uma maneira de ser uma sobrevivente num apocalipse zumbi, e que ambas as formas são capazes de formas humanos extremamente poderosos emocional e mentalmente.

Idealizado por Charlie Brooker, o seriado de terror britânico distribuída pela Endemol nos coloca num belo dilema: O que aconteceria dentro de um Big Brother se um apocalipse zumbi atingisse o mundo em meio ao confinamento? Com seus cinco episódios de cerca de 25 minutos, o show vai nos levando a conhecer vagarosamente cada um dos sobreviventes, nos apegando a eles e odiando alguns deles, como é o caso de Patrick, o inescrupuloso diretor do programa que acaba ficando vivo ao lado de Pippa, compartilhando seu isolamento com ela e mostrando seu pior lado durante as horas de fuga que os dois precisam compartilhar. Mas o prêmio de roubada de cena fica para a morte de Davina, que é dramática e engraçada na medida certa, que colabora com toda a pegada trash, que a série agarra com unhas e dentes.

Com um baixo orçamento tão limitativo, é surpreendente ver o que Brooker foi capaz de fazer. Fica claro o teor trash do show, mas ele agarra essa característica de uma forma que é envolvente e nos coloca para questionar a humanidade em seus pequenos atos. Brooker foi capaz de enfrentar filmagens quase impossíveis para criar um clima apocalíptico, evitando efeitos de impacto para focar no minimalismo dos acidentes e ataques zumbis, o que o fez dar um show de maquiagem para compensar a falta de efeitos especiais e pouquíssimos efeitos práticos. O showrunner ainda foi além, enfrentando a limitação orçamentária para comprar lentes suficientes, compensando com desfoques de lente e distrações de foco, botando um zumbi de frente pra câmera em primeiro plano e diversos outros com os olhos escondidos criando um fundo convincente, e compensando a falta de figurantes com o trabalho de voluntários, que foram recrutados através do Facebook do próprio Charlie sem receber nada além da possibilidade de participar do show.

Dead Set é uma grata surpresa, ao mostrar que não é preciso um orçamento gigantesco para fazer uma minissérie como estas, tão bem trabalhada e tão realista ao mesmo tempo que é profunda o suficiente para nos divertir e nos fazer refletir, o que o levou a ser indicado ao BAFTA como “Melhor série dramática”.

“Eles estão vindo te pegar, Bárbara.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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