Nota
“Sei que tínhamos prometido não falar disso outra vez, mas acho que, como família, temos que enfrentar nossos medos.”
O projeto da série Eu Vi é um duro dilema, depois de passar por duas temporadas bem controversas e cheia de criticas mistas, foi lançado um spin-off, no dia 31 de março de 2021, com a mesma tarefa de trazer cinco relatos de cerca de 30 minutos, com pessoas ou grupos em uma sala, sentados em circulo junto com seus familiares e/ou amigos, explanando relatos de suas macabras experiências do passado, tudo isso acompanhado de uma morna dramatização de cada pesadelo, mas dessas vez focada só em relatos que aconteceram na América Latina.
A temporada começa com “The House of the Damned”, o relato de Brisa Ramírez sobre sua casa em Apodaca, México. Brisa era uma mulher recém-divorciada, em 2003, quando comprou aquela casa e foi morar com seus dois filhos lá, uma casa que parecia uma excelente chance de recomeço, mas que logo revelou ser a prisão de três entidades, dois homens muito maus e uma criança assustada, um trio que, aos poucos, começa a perturbar as noites dos filhos de Brisa e a colocar a vida da mulher em risco, a machucando e a possuindo.
O segundo episódio, ‘The Cursed Doll”, é comandado pelo relato de Zully Daza, uma mulher de Bogotá, Colômbia, que, em seu aniversario de quinze anos, ganhou uma boneca encantadora de seu pai, uma boneca que teve uma forte conexão com Zully e acabou se tornando o receptáculo para um espirito muito perigoso. O relato vai fundo na história de Zully através dos anos, até o momento que ela fica adulta, se torna mãe, e passa a ser assombrada, assim como suas filhas, pelo poderoso espirito de um homem idoso que criou uma enorme fixação na mulher.
A série chega a sua metade com “The Woman from El Molino”, o terceiro episódio da leva, que nos leva a El Molino, México, até o relato de Rodrigo Casas e sua experiência de ter sua vida salva por fantasmas. A primeira experiência de Rodrigo foi quando ele tinha 15 anos, época que ele viu a primeira mulher fantasma surgir na sua frente durante uma corrida ao ar livre, um encontro que o assustou, o paralisou e o salvou de um atropelamento, desde então o homem, que acabou se tornando policial e estudante de criminologia, passou a ver mulheres fantasmas em vários momentos de sua vida, principalmente em ação, e começou a ouvir vozes femininas lhe dando orientações, lhe dando conselhos capazes de salvar a vida dele.
O penúltimo episódio, intitulado “Something’s Knocking at the Door”, é o relato de Diego Ruiz, da Cidade do México, México, um homem que vem sendo assombrado desde sua infância por uma presença maligna e incorpórea, que transformou sua vida em um pesadelo. Tudo começou por volta de 1999, quando um vizinho, pai de um amigo de Diego, acabou falecendo, alguns meses depois, o pai de Diego comprou o apartamento desse homem e uma entidade poderosa começou a se fazer presente na vida do garoto, sempre surgindo as 3hs da manhã para ficar batendo na sua porta, sempre o perturbando, as vezes sumindo, mas voltando anos depois, um pesadelo que dura até os dias atuais, quando ele está morando com seu pai, que precisa de companhia por estar com uma doença terminal, e sua noiva, que já está traumatizada com as atividades que assombram a casa.
A temporada se finaliza com “The Devil Dances before Easter”, onde temos o relato de Emmanuel Cifuentes, um que, quando criança, morou com a sua avó em Santander de Quilichao, Colômbia, onde acabou desobedecendo sua avó e saindo de casa na Semana Santa, o que o fez viver o pior pesadelo da sua vida. A avó de Emmanuel tinha uma descendência romani, o que a fazia manter seus hábitos ciganos vivos lado a lado com seu respeito às tradições católicas, e foi justamente por isso que ela alertou ao neto para não sair de casa no domingo de páscoa, a recomendação que o garoto não seguiu e que, por conta disso, o levou a conhecer um tenebroso cachorro, um monstro gigante que vagava na noite do domingo de páscoa, a manifestação do próprio demônio no plano carnal.
Eu Vi: América Latina, que é dirigido por Adrián García Bogliano, segue o padrão da sua série mãe e traz, em suas dramatizações, uma construção tão gráfica e realista que cada um de seus episódio para ser um filme de terror curto, mas, ao contrário da titular, não temos mais uma pessoa contando o que aconteceu à sua família, e sim um grupo de pessoas contando suas versões dos fatos, um completando a experiência do outro e, dessa forma, nos dando uma visão mais ampla da situação. Com um apurado de cinco histórias cheias do tempero latino, que deixa o terror ainda melhor, talvez a franquia Eu Vi tenha achado seu novo mote, trazendo histórias em seu spin-off que tornam a série muito melhor do que a titular e dando à produção a chance de se transformar em uma viagem muito mais precisa, tendo a chance de sair do clichê americano e explorar mais a fundo os relatos asiáticos e latinos, que nos deixam muito mais arrepiados.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.