Nota
“Dizem que casas são assombradas e não pessoas… Mas isso não é a verdade.”
Lançado pela em 19 de outubro de 2018, o show traz seis relatos de cerca de 30 minutos, onde vemos uma pessoa ou um grupo em uma sala, sentado em circulo junto com seus familiares e/ou amigos, nos expondo seus relatos, suas macabras experiencias, ao mesmo tempo que vamos vendo as dramatizações de cada pesadelo, feitos de uma forma tão gráfica e realista que cada antologia se assemelha a um filme de terror, as vezes até lembrando da trama de alguns longa-metragens que habitam a mentalidade popular americana do período de produção do show.
A série começa com “The Woman in White” , onde vemos o relato de Jason Hawkins, um jovem garoto que precisou se mudar com sua família com pouco mais de 8 anos, para a casa onde nasceu seu pesadelo, uma casa onde as portas de seu armário abriam, onde sussurros surgiam a noite, e a experiencia de um menino assombrado que era negligenciado por seus pais e avacalhado por seus amigos, um pesadelo sem fim que só piorou depois que ele passou a ver uma mulher de branco enforcada dentro de seu armário e quando ela resolveu sair de lá. A série segue com “The Slaughterhouse” , onde vemos o relato de Terrilyn, uma criança que viveu ao lado de sua irmã, Sadie, com seus sádicos pais, um casal de serial killers que matavam ‘vagabundos’, e agora precisa colocar pra fora a sofrida infância, o sombrio segredo de se viver no ‘matadouro’ e lutar para sair sã. Os relatos se fundem com as visões sobrenaturais das irmãs e de Jacob, o jovem neto dos assassinos, o novo morador da casa dos pesadelos.
Chegando a sua metade, somos apresentados a “Demon in the Dark”, onde Erin McGarry nos conta o que viveu quando sua mãe adoeceu e elas tiveram que morar na casa da avó da garota, passando a dormir no antigo quarto do tio Robert, que foi um alcoólatra, drogado e participante de uma seita, e que fez vários rituais de invocação naquele quarto, deixando para trás um ser maligno pronto para aterrorizar a vida daquela criança, nos fazendo sentir que estamos revendo um remake de retalhos da franquia Atividade Paranormal. O episódio seguinte é “Children of the Well”, onde Harvey Althaus conta como os espíritos de três crianças, ligadas a um poço no porão, assombraram sua infância, que revelaram seus dons, que o protegeram, que o salvaram da religiosidade violenta de sua mãe, que lhe deram um novo rumo na vida.
A série segue com “Alien Infection”, trazendo o relato de Lindsey Higgins sobre sua interação com seres acinzentados e magros, seres de outro planeta, quando teve que lidar com o câncer de sua mãe ao mesmo tempo que lutava para compreender o que estava acontecendo com ela, ela precisava saber quem eram aquelas três sombras que apareceram para ela e o que realmente aconteceu naquela noite que o quarto dela se iluminou e ela sentiu como se tivesse sido levada para um lugar que até hoje ela não consegue explicar. O último episódio é “Stolen Gravestone”, com a narrativa de Haiden sobre o demônio que habita dentro de seu corpo, que ela apelidou de Clarence e que surgiu após seu namorado (na época) lhe dar de presente uma lápide roubada de um cemitério, um presente perturbador mas que mudou sua vida, trazendo uma proteção sobrenatural e violenta contra todos que tentassem se opor aos desejos da garota, um anjo da guarda às avessas.
Eu Vi (Haunted no original) nos embala muito por suas dramatizações, tão tenebrosas, assim como suas conclusões. O final emocionante do primeiro episodio é completamente tocante, a forma como o segundo episódio nos joga num debate sobre como por um ponto final num mal tão profundo, o desfecho angustiante do terceiro episódio, a revelação final do quarto episódio, a construção perturbadora e realista do quinto episódio, o alerta tenebroso por trás do relato do sexto episódio, todos com uma carga surreal, com pouquíssimos jumpscary, e nos lembrando tantos documentários sobrenaturais que fizeram sucesso no Syfy e Discovery Channel na década passada. A série seria perfeita se não fossem suas inúmeras falhas, seu desenvolvimento fraco e suas ‘interpretações’ deploráveis.
Com certeza o primeiro episódio é o melhor por sua escolha de apelar para o nosso lado emocional, mas no fim das contas, a série peca por trazer relatos tão difíceis de acreditar, onde as vítimas não parecem tão traumatizadas como deveriam, onde suas cenas dramáticas são tudo menos empáticas, não parece que eles viveram aquela história. No final temos tudo para que o documentário desenvolvido pela Propagate se preenchesse com sua controvérsia, por conter histórias tão semelhantes a filmes que nos parecem ser inventadas, e que ficou ainda mais difícil de acreditar a medida que os mais ávidos buscaram conhecer as histórias por trás dos relatos, dando de cara com assassinatos que nunca foram registrados pela policia, mortes que nunca foram noticiadas, casas nunca encontradas e tantas inconsistências que parecia corroborar para comprovar a irrealidade dos relatos ‘baseados em fatos reais’.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.