Nota
“Sempre me perguntei se aquilo ainda está lá.”
Depois de toda controvérsia envolvendo sua primeira temporada, Eu Vi ganhou uma segunda leva de relatos em 11 de Outubro de 2019, repetindo a tarefa de trazer seis relatos de cerca de 30 minutos, onde vemos uma pessoa ou um grupo em uma sala, sentado em circulo junto com seus familiares e/ou amigos, nos expondo seus relatos, suas macabras experiências, ao mesmo tempo que vamos vendo as dramatizações de cada pesadelo, feitos de uma forma tão gráfica e realista que cada antologia se assemelha a um filme de terror, as vezes até lembrando da trama de alguns longa-metragens que habitam a mentalidade popular americana do período de produção do show.
A nova temporada se inicia com “The Mimic”, onde vemos a narrativa de Rebecca, que passou a morar em Clifton, Cleveland, dividindo uma casa com seus colegas de universidade, onde conheceu seu amor na forma de Jared e passou seu maior pesadelo ao conhecer O Mímico, um ser obscuro capaz de assumir a forma de qualquer morador e que passou a perturbar cada um deles por toda a estádia deles naquela casa. Em seguida somos apresentados a “Ward of Evil”, onde Daune Matthews conta sobre quando teve que confrontar o mal cara a cara, quando passou a trabalhar em uma asilo, como cuidadora de idosos, e acabou ficando responsável por uma mulher que não tinha apenas problemas mentais, e isso se refletia em seu comportamento e nas coisas inexplicáveis que aconteciam em seu quarto.
Em “Cult of Torture” conhecemos a história de James Swift, um garoto que teve sua vida mudada no momento em que seus pais se uniram à Igreja Mundial de Deus, um culto restritivo que transformou a infância do garoto, mudando hábitos, e criando um enorme temor de possessão a ponto de leva-lo a viver restrições surreais, fazendo até o garoto passar por um exorcismo de um ‘demônio gay’, um ritual violento que surgiu quando o garoto pareceu ter trejeitos femininos, mesmo sem que ele soubesse o que é gay e sem sentir atração por homens, iniciando o maior pesadelo de sua vida. A série segue com “Spirits from Below”, onde Elle nos conta sobre a angustiante experiência de viver numa casa assombrada quando se é de uma família filipina, que vem de uma cultura que acredita que falar sobre espíritos o torna mais forte, e impede que as experiências na casa sejam comparadas, e tornam cada luta uma batalha solitária.
A série segue para “Demon of War”, nos mostrando Rick, um fuzileiro americano que foi a guerra do Afeganistão e encontrou um inimigo inesperado, um demônio enorme de olhos vermelhos e pele putrefata, um inimigo tão implacável que se alimentava do sangue derramado na guerra e estava pronto para tirar a vida daquele soldado, uma experiencia tão surreal quando traumática. E somos arremessados em “Born Cursed”, a história de Oscar Mendonza, o homem mexicano que nasceu amaldiçoado com a capacidade de enxergar um ser maligno, que surgiu na forma daquele que o garoto chamou de Enforcado e passou a perturbar seus dias, surgir em novas formas, se tornando aparições até para seu irmão, Juan, e seu primo, Armando, mas sempre tendo um único alvo de tortura.
Mais uma vez somos envolvidos por muitos sentimentos por meio de cada história, temos a curiosidade velada ao fim do relato do primeiro episódio, temos a extrema angustia de saber o destino final do quarto maldito no segundo episódio, temos o melhor episodio da temporada ao ver as atrocidades da cura gay vividas no relato do terceiro episodio, vamos para o turbilhão infernal que habita a casa do quarto episódio, chegamos ao desastroso e inacreditável quinto episódio (o pior episodio da temporada que parece distorcer o sentido de Estresse Pós-Traumático), e finalizamos com as perguntas vitais do sexto episódio. Um apanhado de episódios que chegam para confirmar que ninguém precisa de mais dos episódios de Eu Vi, mas que tem um grande potencial por trás da ideia desse projeto.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.