Review | Glee [Season 6]

Nota
5

Glee, foi uma série que transformou a vida de muitas pessoas, conscientizou e causou grandes mudanças dentro e fora dos seus bastidores. Tudo em um certo momento precisa ter seu final, seja cedo ou tarde. Após o fracasso de sua série de TV, e de ter perdido tudo que tinha em Nova York, Rachel decide voltar as suas raízes e se reencontrar consigo mesma no McKinley.

A garota acaba se deparando com a extinção do Clube Glee, por conta dos atos de Sue, e se vê na obrigação de bater de frente com sua velha inimiga para ressuscitar a música e as artes na escola. Rachel pede a ajuda de Kurt, que convoca os antigos membros para voltarem e reunir novamente membros para o Glee. A missão conta com a ajuda dos principais membros, que não só ajudam a formar um novo grupo como começam a intervir quando Rachel e Kurt começam a ter algumas desavenças, o que resulta em algumas dificuldades para decidir as atividades da primeira semana.

É nessa temporada em que vemos Santana pedir Britanny em casamento, e Kurt interferindo nessa relação e projetando sobre ela todas as frustrações que viveu com Blaine. Vemos Sam e Sue começando a lidar com a transição sexual de Bestie, que está deixando de ser mulher para se tornar um homem. Temos  a volta de Becky, que surge com um namorado que não tem síndrome de down, o que proporciona a explorar um certo preconceito, já que alguns começam a desconfiar que ele esteja tirando algum tipo proveito dela. A temporada ainda nos apresenta o quarto do terror de Sue, onde a ex-treinadora guarda segredos e revelações sobre os 6 anos do Glee, com direto a fotos de todos os membros e uma sala secreta dedicada a seu amor por Klaine, o que a motiva a trancar Blaine e Kurt em um elevador, onde eles precisam se beijar para sair, uma forma de ela tentar fazer eles se reconciliarem.

Spencer (Marshall Williams), Madison (Laura Dreyfuss), Mason (Billy Lewis Jr.), Jane (Samantha Ware), e Roderick (Noah Guthrie) são os membros responsáveis por compor a terceira geração do coral do McKinley, que agora é liderado por Rachel. Spencer é um gay a frente do seu tempo que quebrou diversas barreiras para conseguir seu espaço e respeito, ele não tinha motivos para estar em um grupo de fracassados no coral, mas decide entrar para mostrar que pode fazer isso e ainda manter sua posição social no McKinley. Madison vive impulsionada por música, a líder de torcida rapidamente se interessa ao assistir Santana, Brittany e Quinn interpretando “Problem” e decide explorar um pouco do coral ao lado de seu irmão, Mason. Jane é uma garota determinada e se viu desafiada quando tentou entrar no Warblers, um coral apenas de homens, e ser recusada, com isso ela acaba indo para o Mckinley, na esperança de ser integrante do Novas Direções. Roderick chama atenção de Rachel logo de cara, a líder escuta sua voz ecoando pelos tubos de ventilação do McKinley e rapidamente o convence a ingressar no coral, o jovem se sente inicialmente assustado com toda aquela empolgação de Rachel, mas acaba se desafiando e aceitando participar, se mostrando posteriormente ser um aluno incrível que não só aprende, mas também aconselha e troca todo seu conhecimento de música com seus líderes.

A sexta temporada focou na reunião do grupo, para concentrar suas dores e frustrações, após o trágico fim de Finn, para impedir Sue de destruir o clube do coral. Foi nessa temporada que pudemos refletir o quanto, nos surpreendendo, a série nos mostrou que numa pequena sala é possível surgir grandes amores, viver momentos inesquecíveis e compartilhar tudo que há de bom, e até de ruim, em nossas vidas. Ryan provou que é possível fazer a diferença através de uma série de TV, e que diferença Glee faz ao ensinar que diferenças existem e precisam ser aceitas de alguma forma na sociedade. A série fez muitos jovens aceitaram seus corpos, suas cores e até mesmo seu sexo graças a pequenos momentos, trouxe um novo entendimento sobre a comunidade LGBTQI+, fez seu público conhecer o desconhecido, desafiando até os tabus que a televisão tanto temia na época. Sonhos puderam ser construídos graças ao bom trabalho do elenco, que se doaram até em pequenas turnês de divulgação, um gesto pequeno que resultou em toda essa inspiração e amor, que conectou público, personagem e atores de diversas formas, mesmo que a produção tivesse alguns problemas.

De certa forma, Glee entendeu os problemas dos jovens espectadores e desenvolveu diversas questões, vimos toda a transição da Beiste, que foi complicada e cheia de preconceitos, e vimos toda a competência do Ryan, que mesmo nos episódios finais de seu grande projeto conseguiu conscientizar sobre a importância da vida de alguém e mostrar que as minorias não estão sozinhas no mundo. É perceptível que, se o Cory Monteith estivesse vivo, os caminhos da série seriam completamente diferentes, e não veríamos Rachel tendo de tomar a frente do coral, papel que Ryan planejava para Finn, mas estaria brilhando na Broadway, voltando a Lima para encontrar seu amado a cada fim de temporada dos seus musicais. O grande acerto no novo é elenco é justamente o fato de vermos que cada um deles possui uma personalidade própria, dispensando o erro passado de trazer novos personagens inspirados nos antigos, mas não teve destaque suficiente pois o objetivo da temporada era apenas fechar os ciclos que foram abertos durante a série. Vimos Kitty ter seu devido destaque ao voltar ao coral, se tornando líder, e presenciamos a união do Novas Direções com os Warblers, o que fez o grupo permanecer forte de alguma forma e garantiu que eles pudessem lutar por um único proposito: vencer.

A trilha sonora desse fechamento foi composta por canções originais e músicas da Broadway, além de sucessos que se destacaram no hot 100 da Billboard. Canções como “Loser Like Me”, “Don’t Stop Believin’” e “I Lived” vão sempre estar marcadas na memoria dos fãs que cresceram acompanhando a série, já que Glee deixou de ser algo comum quando começou a causar mudanças nos seus espectadores, tornando clara a importância que série teve para muitos que as acompanhavam, o que fez com que em sua temporada final, mesmo com baixa audiência, muitos pudessem partilhar da mesma dor, a dor do fim.

A música “I Lived” foi responsável por fechar toda a trajetória do Glee, seus antigos membros puderam encontrar os novos e, juntos, se mostraram uma família forte, independente de toda a diversidade. Glee encera aqui seu ciclo, o ciclo que ajudou diversas pessoas a ganhar confiança e força, a saber que é possível lutar para ter um futuro melhor. Cada lição foi significante, cada momento marcou a vida de quem acompanhou a série. Glee mostrou que ser parte de algo especial te torna especial, e que pode ditar sobre quem você é ou que caminho deve seguir.

 

Formado em Letras, atualmente cursando Pós-graduação em Literatura Infantil, Juvenil e Brasileira. Sentindo o melhor dos medos e vivendo a arte na intensidade máxima. Busco sentir histórias, memórias, escrever detalhes e me manter atento a cada cena no imaginário dos livros ou numa grande tela de cinema.

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