Review | Gossip Girl (2021) [Season 1 – Parte B]

Nota
4

“Eu adoraria não ter nada para expor […] Mas a gente sabe que isso nunca vai acontecer.”

A vida dos adolescentes do Upper East Side está cada vez mais turbulenta. O relacionamento de Obie (Elie Brown) e Zoya (Whitney Peak) parece estar prestes a entrar em crise, mas tudo se torna ainda mais complexo depois que, ao fugir de um protesto que se tornou violento, Obie dormiu com Julien (Jordan Alexander), sua ex-namorada e meia-irmã de Zoya. Max (Thomas Doherty) e Rafa (Jason Gotay) se encontram cada vez mais em atrito, principalmente depois que Max rejeitou o professor e enviou uma sex-tape dos dois para a Gossip Girl, sem saber que Rafa tem acesso ao perfil e que esse vídeo colocaria Kate (Tavi Gevinson) e Jordan (Adam Chanler-Berat) em uma situação desesperadora. Audrey (Emily Alyn Lind) está uma pilha de nervos desde que sua mãe, Kiki, foi hospitalizada, levando o caos ao hospital e a todos que a circundam. Já Aki (Evan Mock) está tentando lidar com o fogo que surgiu após o menáge com Max e Audrey ao mesmo tempo que dá apoio à sua namorado, e ao mesmo tempo que precisa lidar com as consequências de seu pai ter o tirado forçosamente do ármario em rede nacional para tentar desviar das perguntas de um repórter. Mas será que todo esse drama pode ser suficiente para abalar a elite de Manhattan, ou ainda há mais segredos para serem revelados pela confusa equipe que forma a nova Gossip Girl?

Que evento melhor para marcar a volta da primeira temporada de Gossip Girl do que o Dia da Ação de Graças? Um dos eventos mais tradicionais e marcantes das temporadas da série classica é uma escolha perfeita para conectar as duas metades da temporada e marcar uma renovação narrativa para a trama. A parte A da primeira temporada teve a grande função de edificar o surgimento da Gossip Girl e marcar sua supremacia, mas também serviu para tirar o conforto que existia no Upper East Side e dar ignição numa série de problemas que implodem cada uma das familias e conexões ali existentes. Agora que conhecemos todos os desdobramentos e segredos desses adolescentes e um pouco da personalidade de seus pais, talvez seja o momento de as armações começarem a ganhar força e as traições se tornarem cada vez mais constantes, agora todos estão sendo provados e todos os segredos estão vulneraveis, só resta decidir quem vai ser o exposto da vez e como a exposição vai impactar em sua vida, principalmente agora que uma guerra surgiu para definir o controle da Garota do Blog e os pais começam a ser cada vez mais presentes nas exposições do perfil do Instagram.

Apesar de tomar novos rumos, a trama de Julien e Zoya continua um tanto quanto morna, as coisas se agitam um pouco quando temos a revelação sobre as mulheres que foram abusadas por Davis Calloway, pai de Julian, uma trama que mexe nos caminhos que a influencer segue no decorrer dos episodios, e interfere diretamente na sua tentativa de redenção, mas o roteiro não tem força suficiente para abordar uma questão tão polêmica, fazendo-a ficar em segundo plano e explorando muito mais o quanto isso mancha a reputação de Julien do que realmente nos desdobramentos morais do ocorrido. Zoya e Obie ficam sendo jogados para um lado e para o outro do roteiro, ofuscados pela trama de Julien e pelo triangulo amoroso que formam enquanto se mostram incapazes de desenvolver verdadeiramente seus dramas pessoais, mesmo que cada um tenha alguns dramas que surgem de vez em quando, nada ganha relevancia em tela. Luna Monet são completamente esquecidas no enredo, ficam orbitando ao redor das tentativas e falhas de Zoya e Julien e perdem a chance de se fortalecerem na trama e ganhar o devido destaque.

Quem acaba caindo no foco dessa leva é Audrey, Max e Aki. Enquanto Audrey começa a se afastar dos problemas de Julien, ela amadurece ao precisar ser um apoio para sua mãe e enxergar os rumos que seu relacionamento está tomando agora que Max que se tornou um elemento essencial. Aki precisa sentir o peso da revelação da sua sexualidade e de como isso pode impactar diretamente no seu namoro, ao mesmo tempo que tentar explorar suas descobertas sem desistir da cumplicidade que existe há anos com Audrey. Max é quem passa pela maior evolução, encontrando o conflito em sua vida a lá Chuck Bass panssexual e amadurecendo, principalmente agora que se vê no meio da crise no casamento de seus pais e que um sentimento por Aki e Audrey começa a surgir. Outra trama bem explorada é a de Jordan e Kate, que começam a ver outras pessoas interferindo nas ações da Garota do Blog e o quanto o perfil começa a sair do controle, se tornando mais perigoso e perdendo as motivações que tinha quando foi criado, o que os coloca numa caçada para reavar o controle e a liderança do experimento. Numa tentativa para fortalecer as tramas, a temporada arrisca ao se renovar e gerar fanservices, repetindo o efeito da aparição de Milo Sparks ao trazer novas participações de personagens da série clássica, e ao investir na introdução de uma nova personagem na equação, a rebelde Shan Barnes, uma garota que se aproxima de Zoya e começa a incentivar que a garota dê um novo rumo na sua vida, mas nem sempre um novo rumo é um bom rumo.

Mudando a abordagem discretamente, a segunda metade da primeira temporada de Gossip Girl testa mexer no tempo de tela do elenco e repetir os elementos que chamaram a atenção do público, e apesar de ainda não estar completamente ajustado, demonstra uma melhora. Fica claro a todo momento que a fórmula da série clara não funciona nessa modernização, talvez esse seja um dos grandes desafios encontrados pelos showrunners: encontrar sua própria formula para desenvolver todos os personagens de forma eficiente e para fazer a série funcionar sem se tornar agressiva demais, a Garota do Blog pode ameçar o status quo do Upper East Side, mas ela possui novas camadas que permite que vejamos ela de uma forma menos divina, e certos limites que permitem que ela não ultrapasse vorazmente a linha da legalidade. Talvez o ínicio da season finale seja a melhor forma de mostrar o poder da Garota do Blog, mesmo que o roteiro explore um artificio que já foi usado na série clássica, o episódio mostra como a mesma ação gera consequências diferentes quando colocados em épocas e contextos diferentes, e esse é o grande espirito da série, uma proposta que deu certo e precisa entender sua melhor roupagem para funcionar numa época e contexto completamente diferente.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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