Review | Harley Quinn [Season 2]

Nota
4.5

“Então, com o coração apertado, eu declaro que a Cidade de Gotham não faz mais parte dos Estados Unidos.”

Depois que Harley destruiu a Torre Coringa e exterminou a Legião do Mal, o Presidente dos Estados Unidos decidiu dar Gotham como perdida e anunciou oficialmente a independecia da cidade, que rapidamente se tornou um polo criminoso e, para a felicidade de Harley, um caos completo. Mas uma cidade sem comando nada mais é do que uma chance para o nascimento de uma nova organização criminosa, e é a partir dai que PinguimBaneCharada, Duas-Caras e Sr Frio se unem para criar a Liga da Injustiça, que começa agindo ao capturar Harley em um cubo de gelo e, nos dois meses que ela passou presa, tomar o controle da Nova Nova Gotham. Agora cabe a Harley e seus amigos destruir a Liga da Injustiça e tomar a liderança de Gotham, algo que ela deveria ter feito desde o começo.

Com uma segunda leva de treze episódios, de cerca de 20 minutos, a série animada de comédia adulta da palhacinha mais emancipada da DC Comics, criada por Justin HalpernPatrick Schumacker e Dean Lorey, chega com tudo, em 3 de abril de 2020, no DC Universe. Agora que o Coringa foi oficialmente colocado fora da equação, é chegado o momento de Harley construir sua própria identidade, tudo isso enquanto Bruce Wayne está em coma e ela precisa colocar Gotham de volta nos trilhos. Harley volta muito mais dona de si, ela pode até ser a utópica de sempre no primeiro episódio, mas os dois meses congelada parecem ter sido suficiente para dar um choque de realidade na vilã a ponto de ela voltar com sangue nos olhos, desejando controlar Gotham e tirar os tiranos do poder, afinal, ela derrotou o maior antagonista de Gotham, por que cinco super-vilões seriam suficientes para atrapalhar seu caminho?

Com a dublagem precisa de Kaley Cuoco, Harley continua incisiva como antes, ela não tem medo de enfrentar ninguém e, apesar de ser ingênua demais em certos momentos, consegue enxergar um lado positivo em cada um dos seus novos problemas. A série continua nos mostrando um lado menos heroico de Jim Gordon, um homem que está preso a sua obsessão pelo Batman, cuja esposa pediu divórcio e cujos policiais viraram as costas para ele, o que o leva a precisar viver com sua filha, Barbara (dublada por Briana Cuoco), que aparece na série para adicionar ainda mais camadas ao homem e à protagonista. Bruce Wayne aparece brevemente, mas acaba passando por uma grande evolução em sua personalidade, o que se conecta diretamente com a ascensão de Batgirl Macaroni, fortalecendo ainda mais as consequências da separação de Gotham do EUA, que abriu terrenos para o nascimento de novos vigilantes e o fortalecimento dos diversos vilões escanteados, algo que pode facilmente ser ilustrado pela presença incomoda do Rei dos Condimentos e pelo território perigoso comandado por Doctop Trap. A trama ainda envolve, brevemente, questões que tocam no desenvolvimento de Damien Wayne, que se sente na obrigação de assumir o manto de seu pai, e de Selina Kyle, que aparece com diversas referencias às Sereias de Gotham para lembra Hera de alguns problemas do passado.

Indo cada vez mais fundo no turbilhão de sentimentos, a série nos presenteia com episódios bastante viscerais, como é o caso de “Thawing Hearts” (2×04), que nos puxa a um poço emocional profundo durante uma bela e significante jornada de redenção; da introdução de “Batman’s Back, Man” (2×05), que mostra uma dupla de críticos nerds conservadores debatendo sobre os diversos problemas da série, dando a série aquele tom de piada autodepreciativa que só tempera o enredo; ou de “All the Best Inmates Have Daddy Issues” (2×06), onde passamos por uma viagem ao passado envolvendo a época em que Harley ainda era uma psicóloga renomada e acabou se envolvendo, de forma decisiva, na vida de Hera, Coringa e Harvey Dent. Como se toda a trama não fosse suficiente, o show ainda se fortalece muito com suas inúmeras piadas ácidas, como as referencias descaradas aos filmes da Marvel, uma pequena piada interna envolvendo um míssil projetado para sair da virilha, as recorrentes piadas ofensivas e atitudes anti-misoginas e a clara zoação aos fãs, suas petições e os críticos do IMDB.

Com uma evolução palpável em seu segundo ano, Harley Quinn volta com a mesma pegada para maiores (banhando os episódios de violência, sangue, ossos quebrados e palavrões) que fez sucesso na temporada anterior, nos conquistando com seus personagens densos e explorando muito mais das versões nunca pensadas de cada um deles, seja aos nos mostrar os problemas que existem na vida dos diversos heróis ou a bondade que habita o coração dos grande vilões, com piadas e surpresas maravilhosas envolvendo Batman e o Coringa, principalmente ao nos dar um novo olhar ao Bane e o Gordon, personagens que acabam sendo vitimados pelo enredo e protagonizam momentos gloriosos de renovação, reflexão e superação. Infelizmente o show perde muito com a forma como insiste na relação de Hera com o Homem-Pipa, mas a condução que vai dando a relação de Hera e Harley, que vai começando a tomar um novo rumo, acaba se tornando o ponto alto da temporada, que parece girar em volta do verdadeiro significado de amor e de companheirismo, mesmo que essa trama especifica tome rumos meio duvidosos em certo ponto.

“Charada, Duas-Caras, Sr Frio, Bane, vou acabar com todos eles.
Quando eu terminar, Gotham será minha.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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