Review | Hawkeye [Season 1]

Nota
3

“Eu lamento, Kate. Mas eu não sou um bom exemplo pra ninguém. Eu nunca fui.”

Um ano se passou desde a batalha final contra Thanos, um acontecimento que deixou feridas em muitos heróis, principalmente em Clint Barton, que perdeu sua melhor amiga, se culpando até hoje por isso, e acabou tendo sequelas que lhe deixaram parcialmente surdo. Sua vida se transforma novamente quando, nas vésperas do natal de 2024, seus caminhos se cruzam com o de Kate Bishop ao mesmo tempo que inimigos do passado ressurgem, colocando em risco a vida dele, da garota e dos segredos de seu passado como Ronin. Agora Clint precisa ajudar Kate, encontrar um misterioso rolex desaparecido, lidar com a Gangue do Agasalho de Ginastica e sua líder, Maya, e enfrentar Yelena, a assassina Viúva Negra que está determinar a matar o assassino de sua irmã, Natasha.

Quando foi anunciado pela Disney+ uma série de natal focada no Gavião Arqueiro, esperávamos uma produção falando sobre família, capaz de desenvolver mais essa personagem que sempre ficou como coadjuvante entre os Vingadores e a oportunidade de introduzir Kate no MCU, mas apenas essa última foi realmente cumprida. A série pode ter tido gratas surpresas através da introdução de Kate e Eco, da expansão de Yelena e da apresentação de outros personagens que podem ser bem aproveitados em futuras produções Marvel, mas encontrou um grande problema na tarefa de entregar um roteiro conciso e objetivo. Começando com uma bela proposta de produção natalina, a série parece não ter um roteiro de verdade, se apoiando muito mais na distribuição de referências às HQs, que não são poucas, do que na criação de uma conexão do público com sua história. Como o protagonista titulo, temos Jeremy Renner, que já é um velho conhecido depois de anos como parte dos Vingadores mas ainda tem muitos mistérios não revelados, que teriam na série a oportunidade perfeita para serem desenvolvidos. Para a nossa surpresa, Renner acabou parecendo um coadjuvante na sua própria série, que se tornou uma atração onde as mulheres realmente brilharam, principalmente Hailee SteinfeldFlorence PughAlaqua Cox.

Steinfeld entrega uma Kate iluminada, ela exala a jovialidade que a jovem arqueira precisa entregar no show, ela é justiceira, determinada e insiste em tentar derrubar a muralha que Clint construiu ao seu redor depois da morte de Natasha, ouso até dizer que ela é a real protagonista do show (algo ironicamente provável já que nas HQs ela eventualmente assume o mesmo codinome de Clint). Pugh surge apenas na segunda metade da série, mas adiciona muito mais vigor ao show, ela traz uma Yelena muito mais liberta do que a que conhecemos em Viúva Negra, ela viveu, foi blipada, voltou e cresceu, encontrou um novo rumo na sua vida e agora está novamente na trilha de sua missão, mas isso não a impede de, quando não está em ação, ser uma divertida turista que exala juventude, uma personalidade que atrai todos os holofotes e se encaixa perfeitamente na energia e jovialidade de Hailee. Kate nos cativa, Yelena rouba nosso coração, e as duas juntas formam um time excepcional, com uma química fora do normal. Cox é a que tem menos destaque das três, mas não fica para trás na meta de conquistar o público, a atriz surda tem seu primeiro trabalho na série, e nos entrega uma Maya precisa, ela traz as marcas de uma mulher surda e amputada que cresceu sendo subestimada e precisa se provar o tempo todo, mesmo sendo a líder de uma gangue, com uma pequena citada da cegueira moral por não saber o que realmente levou à morte de seu pai, a deixando numa luta por vingança contra um fantasma que não existe mais. O papel de Cox pode não ter muito destaque na trama, mas é o suficiente para construir a premissa que fará todos os espectadores aguardarem o lançamento de Echo, spin-off anunciado pelo Disney+ e que será focado na personagem.

Apesar de ser uma série leve e rápida de assistir, Hawkeye é fraca em comparação com as outras produções Marvel que o Disney+ entregou em 2021, ela amarra algumas pontas e apresenta alguns novos personagens com um bom potencial para o futuro do MCU, mas entrega muito menos do que o potencial de Clint e Jeremy Renner realmente mereciam. A série se limita a um enredo fraco protagonizado por bons personagens/atores, a um desenrolar que parece não se importar em deixar pistas para uma futura temporada, mas construindo personagens que podem ter uma grande evolução na trama certa. O show surpreende ao mostrar Hailee em sua melhor forma, capaz de demonstrar um crescimento enorme para a Kate Bishop em apenas seis episódios de cerca de 50 minutos, e ao confirmar o quanto Florence é maravilhosa, ele também serve para resgatar personagens das HQs e de produções passadas para os tempos atuais, mas logo depois joga tudo fora ao não se esforçar em seu roteiro principal e, principalmente, nos entregar uma cena pós-credito decepcionante, que parece só querer tirar uma da cara de seus espectadores.

“- Para de me fazer gostar de você!
– Desculpa, eu não posso evitar.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *