Nota
Charlie (Joe Locke) está vivendo seu sonho adolescente com seu novo namorado, após anos conturbados de bullying no Colégio Truham só para meninos. ainda mais agora que o colégio está planejando uma viagem de campo para Paris, o que vai fazer com que Charlie e seu namorado, Nick (Kit Connor), se aproximem ainda mais e se conheçam ainda melhor. Essa também é uma oportunidade para Nick assumir seu relacionamento com amigos próximos, já que as coisas ocorreram de uma forma super tranquila com sua mãe na temporada passada, mas também é uma oportunidade para o garoto apresentar seu namorado para seu pai, que mora em Paris. Além disso, Tao Xu (William Gao) percebeu que gosta da sua melhor amiga, Elle Argent (Yasmin Finney), e finalmente tem a coragem de assumir seus sentimentos para ela, mas as coisas não saem exatamente como ele estava planejando. Seria esse o fim de uma amizade de anos? Mas essa viagem para Paris não vai ser apenas diversão, já que Charlie está cada vez mais com problemas alimentares, e isso pode afetar sua relação com seus amigos. Heartstopper, a série adolescente que se tornou um sucesso, sendo a mais vista de língua inglesa com apenas dois dias após seu lançamento, volta com sua segunda temporada, só que dessa vez com temas mais densos e profundos que a primeira, mas sem deixar de lado o seu romance leve que conquistou tantos fãs ao redor do mundo.
Baseado na série em quadrinhos da autora Alice Oseman, a segunda temporada de Heartstopper dessa vez adapta o volume 3 dos quadrinhos, que ficaram famosos pelo site Tapas. A série ainda se mantém fiel aos quadrinhos, com algumas adições que acrescentam ainda mais na história. A primeira temporada inclusive recebeu algumas críticas por não aprofundar em temas densos, trazendo apenas um romance leve entre os protagonistas, mas que agora em sua segunda temporada começa de fato a adentrar em temas sensíveis, mas importantes de serem falados. Alice Oseman tem um cuidado enorme para tocar em tópicos sensíveis mesmo nos quadrinhos, onde nos primeiros volumes cenas com bullying sempre vinham com um alerta de gatilho para leitores sensíveis, além, é claro, da forma lúdica que a autora retrata as situações vividas por Charlie, sem violências desnecessárias como outras obras costumam contar. O mesmo acontece na série, que agora começa a tratar sobre os transtornos alimentares de Charlie de uma forma de conscientização para jovens e pais que vivem com transtornos parecidos. A mudança de tema mostra também o amadurecimento da série, que se propõe a contar uma história além do lindo romance entre os jovens Charlie e Nick.
Além disso, a série continua com a tendência de focar bastante nos seus personagens secundários, o que é uma grande melhoria dos quadrinhos. Elle por exemplo tem todo o seu arco com Tao, que não chega nem perto do que foi retratado no volume 3, adicionando pontos importantes para os dois personagens. Além disso vemos o desenvolvimento também dos personagens criados exclusivamente para a adaptação da Netflix, com Isaac (Tobie Donovan) aparentemente podendo ter um foco maior nas próximas temporadas sobre sua identidade. O personagem Isaac também foi alvo de críticas por ter um desenvolvimento minúsculo na primeira temporada, sendo reduzido ao personagem de suporte com pouquíssimas falas, e reproduzindo alguns estereótipos para pessoas gordas, mas que agora com seu novo desenvolvimento, sua obsessão com os livros não é apenas o seu único traço de personalidade. Outra personagem que promete surpreender nas próximas temporadas é Imogen (Rhea Norwood), que irritou muitos fãs com sua personalidade irritante e pegajosa, mas que agora não só é uma amiga do grupo como também uma aliada LGBT+, fica apenas o questionamento se a série irá desenvolver um arco de desenvolvimento para a personagem e quem sabe um futuro par romântico.
Um dos personagens mais aguardados da segunda temporada de Heartstopper é o professor Farok (Nima Taleghani), que tem um papel importantíssimo na viagem do grupo, mas que também terá uma interação interessante com o personagem do professor Ajayi (Fisayo Akinade), que na primeira temporada, assim como nos primeiros volumes dos quadrinhos, aparentava ser apenas um professor aliado de Charlie que servia para lhe dar conselhos mas que não teria desenvolvimento algum, o que também recai em estereótipos raciais recorrentes na história do cinema, onde personagens negros servem apenas para aconselhar os protagonistas brancos, mas não é isso que acontece, visto que, embora fique subentendido na primeira temporada que o professor Ajayi é gay, agora temos também um certo desenvolvimento do seu personagem, longe da figura apenas de conselheiro do Charlie, visto que agora, Charlie não precisa mais de conselhos amorosos e nem de conselhos sobre como lidar com seus bullies.
A segunda temporada de Heartstopper segue com tudo que deu certo na primeira, só que ainda melhor. O desenvolvimento dos personagens é o ponto altíssimo da série, onde agora com mais tempo, até os personagens secundários ganham tempo importante de tela. Com o casal principal, Nick e Charlie, as temáticas vão ganhando pautas mais densas, como a conscientização da saúde mental para pessoas com distúrbios alimentares e sobre como lidar com as diversas saídas de armário para os familiares. Dos personagens secundários, a Elle continua tendo um ótimo foco na história, muito mais que os quadrinhos, onde ela e o Tao tem um bom desenvolvimento também, enquanto nos quadrinhos as menções para o relacionamento dos dois era muito corrido e repentino, na série as coisas fluem bem apesar do jeito torto do Tao de resolver suas situações. Além disso, algumas críticas que foram feitas para a primeira temporada envolvendo alguns personagens secundários, foram também melhoradas, com a segunda temporada adaptando apenas um volume dos quadrinhos, ao contrário dos três que foram adaptados anteriormente.