Review | Just Beyond [Season 1]

Nota
3.5

“Eu quero saber como é, voltar a achar que o mundo é um lugar ótimo.”

A adolescência é um época de terror para todo jovem, mas as vezes ela pode ser ainda pior. Como seria se você acabasse indo parar numa escola cheia de segredos? E se você descobrisse que seus pais são alienígenas? Quem sabe se você fosse uma bruxa tentando se adequar ao mundo humano? E se sua nova casa tivesse um monstro de dois metros que passa a espreitar você? Ou se de repente você recebesse um convite para um aplicativo secreto que faz você ficar magicamente estonteante, mas tem consequências? E se de repente você ficasse preso em um teatro reformado, junto com os espíritos dos atores mortos naquele local? E se o valentão da cidade cruzasse o caminho com uma bruxa que o tornasse o garoto vulnerável que não desperta medo em ninguém? O que aconteceria se seu maior desejo fosse realizado, mas não da forma como você imaginava que seria?

Baseado nos contos da franquia Just Beyond, do lendário romancista R.L. Stine, a série antológica criada por Seth Grahame-Smith é um terror cômico (não confundir com terrir) que brinca com os diversos temas sobrenaturais de uma forma leve e familiar, dando um ar de suspense em cada história acompanhada de finais supreendentemente satisfatórios, algo que já é um padrão das tramas de Stine. Lançado pelo Disney + em 13 de outubro de 2021, a série é mais uma das bagagens herdadas pela Disney após a aquisição da Fox, abrindo a porta para a criação de uma nova produção tão marcante quando o nostálgico Clube do Terror e A Hora do Arrepio (este último também adaptado de obras de Stine), o que só é melhorado pelo elenco de peso, que conta com nomes como Mckenna GraceNasim Pedrad, Lauren Lindsey DonzisRiki LindhomeGabriel BatemanHenry ThomasLexi UnderwoodIzabela Vidovic, Christine KoCyrus Arnold, entre outros, além de ter dois de seus episódios dirigidos por Marc Webb.

A série começa com “Leave Them Kids Alone” onde vemos Veronica sendo obrigada a ir para um internato para garotas difíceis, o que a joga no meio de uma atmosfera bizarra de garotas robotizadas e lavagem cerebral, será que ela pode ser capaz de fugir desse destino? Já em “Parents Are From Mars, Kids Are From Venus” somos levados a conhecer JackRonald, dois adolescentes comuns que sofrem com as esquisitices de seus pais, algo que muda completamente quando eles descobrem que seus pais podem ter sido trocados por uma raça alienígena de bruxos e começam a tentar entender como se livrar deles e proteger a terra. “Which Witch” é o episódio protagonizado por Fiona, uma bruxa que vive escondendo suas características e seus costumes por medo da rejeição, mas tudo se torna um caos quando Luna, sua prima que é orgulhosa de ser uma bruxa, vem passar um tempo na sua casa e passa a estudar na mesma escola que ela. A série chega a metade com “My Monster”, onde vemos a vida de Olivia mudar completamente depois que ela se muda, quando ela começa a ouvir barulhos, ver presenças na casa e conhece o Ansimonstro, um demônio que se conecta a ela e passa a persegui-la.

Em “Unfiltered” somos apresentados a Lily, uma nerd rejeitada que acaba recebendo um convite para um novo app secreto, um app que magicamente faz um photoshop na aparência real da garota e a transforma numa das garotas mais bonitas da escola, mas ela esquece das entrelinhas e dos efeitos colaterais. Já em “We’ve Got Spirits, Yes We Do” é a vez do infortúnio de Ella, a garota que acaba dormindo nos bancos de um teatro durante uma excursão escolar e só acorda depois que o teatro fecha, o lugar, que foi destruído após um incêndio, agora é assombrado pelos atores que ali morreram, e encontrar um garota viva desperta neles uma agitação desesperadora. Em “Standing Up For Yourself” somos apresentados a Trevor, o valentão da cidade, filho do homem que manda na cidade e que se aproveita disso para humilhar todos ao seu redor, até o dia que ele é amaldiçoado por uma bruxa e se torna um garotinho frágil e medroso. A temporada acaba com “The Treehouse”, nos apresentando ao dia que Sam acaba sendo transportado para uma realidade alternativa onde seu pai nunca morreu, mas nem tudo é perfeito quando um desejo tão grande é realizado dessa forma.

Divertido com a dose certa de sobrenatural, Just Beyond consegue desenvolver oito histórias diferentes com seus oito episódios de cerca de 30 minutos, histórias que se mantem num nível adequado, sem altos e baixos, e ajudam a produção a ser ainda mais cativante, deixando aquele ar no final de que muitas dessas histórias podiam muito bem ser transformadas em séries com temporadas completa, como a trama de Fiona sendo uma bruxa que tenta se adequar ao mundo humano ou a trama de Jack e Ronald. Focando numa mensagem de independência, empoderamento e fraternidade, a série percebe a oportunidade no sucesso da a trilogia Rua do Medo, da Netflix, e surge como uma chance para a Disney surfar nessa onda, precisando se adequar aos padrões Disney ao abandonar o teor arrepiante na saga em prol de mensagens de desenvolvimento pessoal. Brincando com enorme densidade que compõe a tênue linha que separa o bizarro do normal, o show faz metáforas ao preconceito velado, da duplicidade do mundo real (que supera o clichê do bem e do mal) e da necessidade de enfrentar seus medos e se aceitar.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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