Review | Locke & Key [Season 2]

Nota
3.5

“A gente acha que sabe de tudo só por que aprendeu a usar algumas chaves, mas ainda tem muita coisa que a gente não sabe.”

Os irmãos Locke seguem suas vidas normalmente agora que acreditam ter exterminado Dodge completamente, eles tentam param de buscar entender melhor as chaves e começam a se acomodar aos seus poderes, menos Bode. O caçula do trio segue sua investigação, mesmo sendo desencorajado e menosprezado pelos irmãos, o que o leva a descobrir a Chave de Hércules e mais pistas sobre o passado da casa e da família. Ao mesmo tempo, Tyler precisa enfrentar um novo inimigo: o tempo, o Locke mais começa a perder que as memórias sobre magia e as chaves começam a sumir na sua namorada, Jackie, poucas semanas antes do seu aniversario de 18 anos, o que significa que dentro de alguns meses o mesmo vai acontecer com ele, e ele precisa achar uma forma de impedir que isso possa acontecer. Kinsey por outro lado enfrenta problemas menores, ela volta a ficar em dúvida entre Gabe e Scott, quem ela realmente ama? Tudo isso entra em turbilhão ao mesmo tempo que Gabe, que já sabemos ser a nova identidade de Dodge, está avançando no seu plano de tirar as chaves do Locke, sempre contando com a ajuda da incontrolável Eden, que há poucos meses foi possuída por um dos ‘demônios’ da dimensão por trás da Porta Preta.

Quase dois anos se passaram desde o fim da primeira temporada de Locke & Key, o que fez com que a expectativa estivesse a mil. Baseado na franquia de quadrinhos de Joe Hill, a série tinha um grande problema ao escolher pular muitas partes da história e adaptar Alpha & Omega ainda em sua primeira temporada, chegando aos eventos finais e deixando pouquíssimo material para uma segunda temporada, mas eis que a série criada por Carlton Cuse, Meredith Averill e Aron Eli Coleite nos surpreende e consegue desenvolver um enredo rico para seu segundo ano usando apenas as brechas deixadas em seu primeiro ano e no material ignorado. Se a primeira temporada deixou os protagonistas prestes a derrotar Dodge, a segunda temporada aproveita que Dodge não foi derrota e volta diretamente para os eventos de Keys to the Kingdom, colocando Gabe para seguir uma trilha livremente inspirada no comportamento de Zach, expandindo ainda mais as possibilidades da série, a temporada se aproveita do universo criado por Hill nas HQs e cria tramas originais que se baseiam nas consequências dos eventos das HQs extras.

Se a série tinha um problema nas mãos quando acelerou sua adaptação, o segundo ano teve uma excelente sacada quando resolveu criar um enredo completamente original baseado nos eventos em aberto do primeiro ano e usa-los como muleta para expandir a trama através das pendencias adaptativas, deixando até brechas que permitem uma futura série spin-off explorando a saga Golden Age, das HQs. Apesar de enfrentar um pouco de problema quando introduz Brian Rogan, o namorado de Duncan Locke, depois de ter pulado todo o arco que nos mostra a descoberta da sexualidade de Duncan, a série consegue entrar nos eixos e ainda introduzir novos personagens originais que engrandecem a trama, andando em paralelo com arcos importantes que ganham uma nova roupagem para se encaixar na linha temporal da série. Os protagonistas Jackson Robert ScottConnor Jessup Emilia Jones voltam num ritmo um pouco mais lento, deixando todo o brilho que Scott teve na primeira temporada de lado e desenvolvendo dilemas que não evoluem muito bem os personagens de Jessup e Jones, por outro lado o foco em Griffin Gluck aumenta, o que acaba deixando Laysla de Oliveira com muito menos tempo de tela e desperdiça mais um dos destaques do ano anterior por motivos desconhecidos. A trama introduzida por Josh Bennett, personagem vivido por Brendan Hines, ajuda ainda mais a nos levar diretamente para o passado de Lovecraft, nos mostrando sobre a origem das chaves, sobre Benjamin Locke, sobre a origem da Chave Ômega, sobre o Ferro Susurrante e vários outros eventos que envolveram a cidade após 1775.

Mais madura e dramática, a segunda temporada de Locke & Key se parece muito mais uma busca pelo alinhamento da trama adaptado do que realmente como uma continuação da série. Os enredos e personagens acabam não evoluindo muito, mas em contraponto a riqueza por trás dos dez episódios de cerca de 50 minutos é a informação, a série começa a se aprofundar nos detalhes essenciais para a conclusão do seu arco e vai, vagarosamente, pintando a tela com os eventos necessários para criar sua season finale, que acerta no tom épico e emana uma energia que nos conecta ainda mais com a trama. O problema da temporada, infelizmente, surge na fome por mais, quando os roteiros se empenham em criar um desenrolar completamente original só para justificar uma terceira temporada que, em meio a tanta riqueza mitológica dos quadrinhos de Hill, soa completamente dispensável. O show encontra sua maior fraqueza em sua falta de urgência e na falta de peso dos acontecimentos, esquecendo muitos detalhes importantes da mitologia que poderiam abrir portas, enriquecer o roteiro e deixar uma expectativa muito mais forte para criar uma terceira temporada com maior potencial.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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