Nota
“Nós temos que achar a Sylvie!”
Enquanto tenta entender o que está acontecendo com a Autoridade de Variância Temporal (AVT), Loki percebe que está deslizando através do tempo e tenta, a todo custo, conseguir encontrar Mobius no presente para contar o que aconteceu na Cidadela no Fim do Tempo e resolver o caos que deixado por Sylvie no multiverso. Com a ajuda de Ouroboros, ou O.B., um dos agentes mais inteligentes e antigos da AVT, e da Caçadora B-15, Loki precisa correr contra o tempo para reencontrar Sylvie, impedir o Tear Temporal de explodir e destruir a AVT e impedir os planos de Ravonna Renslayer e Senhorita Minutos, tudo isso enquanto precisam entender os efeitos da morte de Aquele Que Permanece e precisam lidar com as novas verdades descobertas sobre o passado da AVT e de seus agentes.
Quando foi lançada, em meados de 2021, a primeira temporada de Loki fez parte das primeiras tramas da Fase Quatro do Universo Cinematográfico Marvel, começando com o pé direito ao lado de WandaVision aquela que seria uma das fases mais problématicas do Universo. Introduzindo oficialmente o Multiverso que foi insinuado na série da Feiticeira Escarlate e que passaria a ser a temática das próximas fases do UCM, a série abriu portas e prometeu deixar para sua segunda temporada uma missão extremamente séria: a de introduzir oficialmente as variantes de Kang e dar a base para o próximo filme dos Vingadores. Depois do roteiro surpreendente que Michael Waldron entregou no primeiro ano da série, a nova temporada roteirizada por Eric Martin encontra uma expectativa dúbia (expectativa alta de manter a qualidade entregue por Waldron e baixa por ser mais um dos roteiros fracassaveis da Fase Quatro) e mostra a que veio com um roteiro genial. Apesar de muitos momentos do desenrolar da trama se tornarem massantes pela repetição e pela demora em engatar, Martin sabe levar o enredo de forma a provar que suas escolhas foram necessárias para fortalecer os rumos que a série poderia levar, aproveitando a esses momento, que podem ser considerados fillers, para fortalecer personagens e expandir a mitologia de forma objetiva, para que esse desdobramento seja usado mais a frente para interferencias importantes na trama.
Tom Hiddleston assume completamente o protagonismo da temporada, deixando até a Sylvie de Sophia Di Martino em segundo plano (Ainda assim a personagem ganha um pós-credito no primeiro episódio que é extremamente doce e tocante). Seu Loki acaba trazendo muito da crise de identidade e busca por novas motivações, espirito comum à Fase Quatro do MCU, mesmo sendo parte da Fase Cinco, o que causa um certo incômodo em parte da série, apesar de ser algo essencial para a construção que o personagem precisa passar durante esse arco, que se mostra inesperadamente satisfatório. Owen Wilson consegue desenvolver melhor algumas camadas novas em seu Mobius, agora mais exposto e tentando achar uma nova razão para existir, ele passa por uma jornada discreta e pessoal quando precisa lutar contra o medo que possui de conhecer sua história, o arco protagonizado pelo Caçador X-5 (que descobre que na linha do tempo era Brad Wolfe/Zaniac) mostra o quanto as pessoas podem ter perdido ao serem retirados da linha do tempo, e esse arco reflete diretamente em Morbius, que precisa decidir se realmente quer saber quem era antes da AVT e teme que isso possa mudar quem ele é atualmente. Ke Huy Quan é uma das melhores adições da temporada, o ator que venceu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo dá um show em cena ao interpretar O.B., ele rouba a atenção e cativa o público com seu jeito doce e inteligente, criando uma dinâmica incrivel ao lado de Loki e Morbius, fazendo com que o trio seja suficiente para sustentar o show. Jonathan Majors começa um novo papel no show, agora vivendo a variante Victor Timely, um inventor do início de 1900 que nos foi apresentado rapidamente na cena pós-creditos de Quantumania, mas que infelizmente parece ser mais promessa do que realmente ter uma importancia significante para o show.
Complexa e inesperada, a segunda temporada de Loki vai fundo no cerne do Multiverso para entregar algo realmente bom. Com seis episódios de cerca de 50 minutos, a série dirigida por Justin Benson e Aaron Moorhead acrescenta ao MCU uma narrativa imponente e impressionante que, apesar de começar um pouco densa e massante, consegue usar seus dois últimos episódios para gerar um impacto grandioso para o futuro do Universo. Loki nos foi apresentado Thor, e sempre foi capaz de mostrar que ele tinha vontade de ser alguem, de ser importante, de ser notado, doze anos se passaram e muitas tramas e subtramas foram vividas pelo personagem, tramas que foram lhe forjando no fogo e lapidando até ganhar seu propósito glorioso com o desfecho dessa segunda temporada, olhando em retrospecto, é interessante enxergar a evolução e a construção que o personagem passou, ver o quanto ele parece ter nascido para chegar a esse ponto e o quanto os tantos roteiristas conseguiram deixar interferencias capazes de guia-lo a esse caminho. Como disse o produtor executivo Kevin Wright, “Loki foi concebido para ter dois capítulos do mesmo livro”, a segunda temporada está terminando esse livro e fechando o ciclo da jornada de Loki, mas ao mesmo tempo está abrindo possibilidades para o inicio da grande guerra multiversal que esperamos ver em Vingadores: Guerras Secretas, possibilitando finalmente termos a conexão entre os universos e até um soft reboot do MCU para incluir certos detalhes que possibilitaram a inclusão de certos personagens no Universo.
“É você. Você é o problema. Sempre que encontramos um Loki. […] Por que é isso que você faz, você perde. É um perdedor. Para de tentar ser um héroi, cara, você é um vilão, e você é bom nisso.”
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.