Review | Love, Death & Robots [Season 1]

Nota
5

Love, Death & Robots é uma série antológica com a mesma pegada de Black Mirror, a única diferença é que esta é animada, mas ambas são da Netflix. A série traz uma primeira temporada com 18 (maravilhosos) episódios e foi liberada, para nosso deleite, em 15 de março de 2019. Produzida por Joshua Donen, David Fincher, Jennifer Miller e Tim Miller, a novidade do catálogo é tão eletrizante que, não duvido nada, pode acabar deixando Black Mirror no chinelo.

A série começa com o pé direito com Sonnie’s Edge, com uma cena inicial que nos deixa em dúvida se estamos vendo atores ou computação gráfica, e, mesmo depois de entendermos ser computação, ficamos de boca aberta com os maravilhosos gráficos. Quando olhamos para o enredo do episódio, é outra maravilha; nós temos Sonnie, uma garota que foi vítima de um estupro coletivo e resolveu concentrar toda a sua raiva e sede de vingança em um esporte: a luta. Ela é a única mulher nesta modalidade de esporte, além de ser uma grande vencedora. E o ódio que ela sente por homens pode até parecer que é a vantagem, mas espere até o fim do episódio para ver um gigantesco plot-twist que mostra qual a verdadeira vantagem de Sonnie. O máximo que eu posso dizer sobre esse episódio é que o hype foi sentindo, ou melhor, as definições de hype foram brutalmente atualizadas.

Logo depois temos Three Robots, que chega para acalmar nosso nervos após o desproporcional primeiro episódio. O capítulo vem cheio de piadas e proporciona gostosas risadas. Aqui,  vemos 3 robôs no futuro fazendo um tour pela ruína da humanidade e explanando o que essa civilização do passado entendia através dos restos pós-apocalípticos de sua existência. É interessante ver uma visão tão externa de atitudes como jogar videogame, comer ou até gostar de gatos. E o grande fato é que 10 minutos é pouco para esse trio, acho bem justo a Netflix fazer um spin-off ou até um filme focado neles.

E depois desse intervalo digno, voltamos a explodir cabeças com The Witness, um episódio completamente intenso e capaz de nos fazer ferver em adrenalina com a fuga de uma testemunha que está sendo seguida pelo assassino, e concretiza a viagem mais louca e inexplicável possível. Com uma animação que nos recorda um pouco do estilo de Aranhaverso, o episódio traz uma trama que deve ser curtida a cada segundo, mas que, com toda a certeza, não é feita para ser entendida. No final do episódio, você vai ter certeza que não sabe o que acabou de presenciar, mas que foi uma experiência fascinante.

O quarto episódio é Suits, que tem uma pegada muito próxima a Black Mirror e uma trama que nos lembra o ataque dos sentinelas de Matrix, mas com um visual muito mais voltado para animação e todo um ar de ação. A trama gira em torno de um grupo de fazendeiros lutando contra alienígenas, uma coisa linda, sentimental, bem coreografada e que facilmente poderia virar uma série ou um jogo.

Sucker of Souls vem todo em 2D e com um clima mais sombrio, pegando um pouco de suspense e terror ao nos mostrar a batalha entre um arqueólogo e um mercenário contra o empalador, vulgarmente conhecido por nós como Drácula, um monstro que teme apenas gatos, seres cujo o sangue corroí sua pele. Seguido de When The Yogurt Took Over, que relata sobre o dia em que os cientistas criaram um Yogurt com vida e inteligencia, tão inteligente que ele tomou o poder e assumiu a presidência dos EUA, que se transformou no país do mundo mais bem sucedido e sem problemas. Mas até onde a humanidade, tão falha, vai poder ser aceita por um ser tão poderoso?

Logo vamos para Beyond the Aquila Rift, onde os gráficos extremamente realistas voltam e toda aquela pegada de plot-twist. Estamos numa viagem espacial, onde a tripulação se perde da rota e vai parar na estação Samulak, onde o comandante Tom acaba reencontrando seu velho amor, a Greta, mas nem tudo é o que parece nessa estação espacial. Logo depois voltamos ao 2D com Good Hunting, uma linda história da relação do filho de um caçador com uma Huli Jing, numa China Steampunk, uma luta pela valorização das mulheres em um mundo onde a magia está cada vez mais rara e mais fraca.

Em The Dump, é mostrado o quanto é necessário confiar na palavra de certos velhos malucos que vivem reclusos dentro de lixões, pois eles podem salvar sua vida ou te matar a hora que quiser. Este é um episódio que flui rápido e nos surpreende assim como o sexto capítulo da temporada. Vamos para Shape-Shifters que narra um dia de luta do exército americano contra o talibã, mas o exército possui um upgrade: os marginalizados soldados lobisomens com dons naturais capazes de tornar qualquer exercito indestrutível, uma arma que acaba de ser adquirida também pelos terroristas.

Já seguimos logo para o agonizante Helping Hand, que mostra o desespero pela autosobrevivência de uma astronauta solitária no espaço que, durante uma manutenção, sofre um acidente que a deixa a deriva e prestes a morrer, mostrando a todos nós os extremos que a sobrevivência é capaz de nos fazer atingir. O episódio seguinte é o psicodélico Fish Night, que é animado em 2D e acompanha uma dupla que acabou de ficar presos no meio de um deserto com o carro quebrado. E se pessoas voltam para assombrar as casas onde moravam, será que animais não voltam à noite para assombrar o deserto que antigamente era o mar onde moravam? A resposta dessa pergunta proporciona uma noite cheia de maravilhas e perigos.

O décimo terceiro episódio da temporada é Lucky 13, que narra as desventuras da tripulação de novatos a bordo da nave 13-02313, uma nave que traz o numero 13 duas vezes, cuja soma dos números dá 13 e que já sobreviveu a dois acidentes, onde toda a tripulação foi morta. E se de repente a sorte virasse? E se o túmulo com asas virasse a melhor nave? Renomeada como Sortuda 13? E até quando essa sorte pode durar? Assista para saber. Logo depois assista Zima Blue, um episódio com um 2D caricato extremamente confortável, que nos lembra as artes de HQs e animação de heróis, narrando a história de Zima, sua maravilhosa arte e sua coleção de azuis, quadros épicos usando detalhes ou cenários completamente azuis e toda a revolução que ele alcança com essa arte com um plot-twist final digno de uma trama a la Ricky and Morty.

Blindspot vem logo em seguida, continuando a trazer uma pegada 2D da série. Dessa vez, estamos acompanhando quatro robôs assaltantes numa operação para roubar um chip de um trem em movimento, mas o trem traz uma defesa inesperada que vai botar essa equipe em maus lençóis, numa luta contra o tempo para cumprir a missão e salvar suas vidas durante uma sequência de ação que nos faz lembrar a todo momento da franquia Velozes e Furiosos.  O episódio seguinte é Ice Age, o primeiro a trazer atores para a série (Mary Elizabeth Winstead e Topher Grace), onde vemos o casal que acaba de se mudar para um novo apartamento e encontra uma geladeira extremamente antiga, com um congelador que abriga uma civilização pré-medieval, o tempo porém passa milhares de vezes mais rápido nesse mundo em miniatura, o que proporciona muitas surpresas.

O penúltimo episódio da temporada é Alternate Histories, onde conhecemos o Multiversidade, um aplicativo capaz de permitir ao usuário mudar um fato marcante na história mundial e, consequentemente, ver as consequências dessa alteração. O episódio mostra um exemplo do uso desse aplicativo, nos divertindo com 6 linhas alternativas geradas a partir da morte de Adolf Hitler antes de iniciar o nazismo. Aqui, vamos a mistura 2D e 3D, também tem um humor incrível ao mostrar a morte de Hitler e, da melhor forma possível, consegue enxergar todas as possibilidades de impacto em nossa história baseada nesta morte precoce, mostrando o quanto a existência de Hitler é essencial para qualquer destino da história do mundo, tudo isso com bastante humor.

E o episódio final, The Secret War, recorre ao passado, na época da Guerra Civil Russa, onde o Exército Vermelho resolveu alcançar uma arma extremamente efetiva para exterminar o Exército Branco: o ocultismo. Numa missão extremamente perigosa, o Exército Vermelho enviou um Major para fazer um ritual de invocação, trazer criaturas do submundo para lutar ao lado deles na guerra, mas essa missão acabou num desastre e as criaturas que foram libertadas do inferno agora estão causando um grande problema aos russos. O episódio foca num dos destacamentos responsabilizados de sair seguindo o rastro dessas criaturas e exterminá-los, um episódio com a volta dos gráficos divinamente perfeitos, que fecha a temporada com chave de ouro.

Love, Death & Robots é uma série completa. Nós temos vampiros, lobisomens, robôs, criaturas mágicas, demônios, máquinas, temos magia, temos passado, presente e futuro, sexo, nudez, sangue, censura 18 anos, vingança, violência, humor, terror, aventura, temos tudo, e, além disso,  ainda temos gráficos maravilhosos. O que mais poderíamos querer? Sim, nós queremos mais, não só mais episódios, mas também queremos ver mais sobre algumas das tramas, transformar certos episódios em um show completo seria um deleite aos nossos olhos, fazer um filme original de certos personagens seria uma garantia de hype instantâneo. Um bônus da série e olhar os três ícones que aparecem antes do título, que sempre são um resumo codificado do episódio. É interessante olhá-los no começo e tentar prever ou voltar para eles após o episódio e finalmente entender as referências.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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