Review | Mr Mercedes [Season 1]

Nota
4

Bill Hodges (Brendan Gleeson) é um ex detetive que não soube lidar bem com sua aposentadoria antecipada. Acostumado ao cotidiano com seus companheiros de equipe, Hodges se vê preso a uma vida monótona e sem graça em frente a tevê enquanto relembra um dos crimes mais hediondos que deixou em aberto. Durante um feira de empregos, um maníaco atropelou dezenas de pessoas que esperavam durante a madrugada a oportunidade de um novo emprego e mudar de vez suas vidas. O assassino foi um dos únicos a escapar da mente perspicaz do velho detetive e ficou conhecido pela mídia como Mr. Mercedes.

Brady Hartsfield (Harry Treadaway) é um jovem educado e inteligente, que passaria despercebido na multidão e é extremamente orgulhoso disso. Mas, por trás dessa fachada, um monstro sanguinolento e cruel esconde suas garras. Foram poucas as vezes que Brady se sentiu realmente vivo e, uma dessas vezes, foi quando atropelou todas aquelas pessoas durante a feira de emprego. Cansado do comodismo de sua vida e querendo sentir aquela emoção outra vez, Brady invade o computador do detetive e deixa um mensagem para instigar o seu nêmeses (ou, ao menos, avivar seus pensamentos suicidas).

Agora, um jogo de gato e rato se reinicia despertando o melhor é o pior de seus participantes. Um jogo que parece esta correndo contra o tempo e que pode terminar de uma forma desastrosa e sem precedentes, finalizando um assunto inacabado e trazendo a tona algo que parecia perdido a muito tempo.

Mr. Mercedes é uma das novas apostas de suspense do canal Audience e se baseia na trilogia Bill Hodges brilhantemente escrita pelo mestre Stephen King. Dirigida por Jack Bender e com dez episódios muito bem escritos, a serie mostra ao que veio em seus primeiros minutos nos transportando claramente para o universo maravilhosamente frio e descritivo criado por King. Tudo na serie parece ter sido minimamente pensado para transportar os sentimentos do mesmo e trazer seus fãs para uma adaptação sublime.

A serie não faz suspense sobre seu antagonista e nos apresenta logo de cara quem é o psicopata por trás do ataque. Deixando o publico a par do dia-a-dia de seus protagonista, mas, quando a interação acontece é de forma sublime e crescente. Saímos do monótono para um engajamento maravilhoso de ambos. Isso é mostrado de uma forma sutil mas constante (seja pelo ritual diário do ex detetive que aos poucos vai se alterando e causa uma leve euforia no espectador, seja pelas pequenas alterações nos sentimentos e rivalidades que ambos apresentam conforme o cerco se fecha) trazendo um desenvolvimento digno do mestre King (que, inclusive, faz uma pequena participação durante a trama além de participar do roteiro, então fiquem ligados).

Nos primeiros episódios, a trama tenta vender seus protagonistas como duas forças opostas e poderosas, mas conforme avançamos no enredo descobrimos semelhanças entre ambos. A carga de drama familiar que ambos carregam, além de interesses em comum (mesmo sendo de gerações totalmente diferentes) trazem uma química incomparável entre os personagens que prende o espectador na poltrona ansiosos para saber o que farão a seguir. Um é obcecado pelo outro e um desperta o outro para o que está por vir.

Hodges é sarcástico e ranzinza. Atormentado pelo massacre, o detetive tenta de tudo para reparar seus erros demostrando uma atuação sublime de Brendan. Vemos a dificuldade do mesmo em pedir ajuda é em confiar em outras pessoas, mesmo quando suas capacidades sobre questões tecnológicas são limitadas. O desenvolvimento do personagem é exemplar e cativa o público. Já Harry Treadaway consegue apresentar todas as camadas e profundidade que seu personagem exige. Mesmo quando esta fingindo normalidade, podemos notar que existe algo errado em seus olhos e passamos bons momentos de tensão conforme a trama avança apenas pelos trejeitos que o ator injeta no mesmo.

Com um tempo maior para desenvolver seus personagens, a trama usa e abusa disso e nos trás subtramas magníficas, como a de Deborah Hartsfield (Kelly Lynch) que ganha um background maravilhoso para uma personagem que quase não tem importância na trama original. Nos importamos e tememos por ela, trazendo um episodio magnífico e bastante sentimental com uma atuação sublime. Ida Silver (Holland Taylor) é a vizinha de Hodges e por muitas vezes serve como fonte de desabafo e consolação do mesmo, mas não apresenta uma real importância na trama.

Se no livro eu me encantei por Holly Gibney, agora eu estou perdidamente apaixonado. Justine Lupe entregas uma personagem fiel e profunda, despertando nossa simpatia e carinho logo em sua primeira cena fazendo uma crescente memorável conforme a série avança e nos deixam encantados com sua presença marcante e, inicialmente, tímida. Jharrel Jerome entrega um Jerome Robinson charmoso e cativante e Breeda Wool rouba a cena com sua Lou Linklatter, uma das imundas pessoas que conseguem enxergar um pouco de humanidade em Brady.

Empolgante em seu início mas desgovernada em seu final, a primeira temporada de Mr Mercedes agrada o telespectador e por mais que peque em alguns quesitos entrega uma adaptação digna que alimenta uma conta de enorme para a segunda temporada. Mostrando que as piores coisas podem acontecer embaixo de um guarda chuva azul…

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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